Jefferson Bernardes: À base de determinação

Aficionado por tecnologia, o fotógrafo aliou agilidade, beleza plástica e conteúdo informativo em seus registros

Um cara alto-astral, mas extremamente disciplinado e que, assim como o pai, não hesitou em largar uma carreira promissora para tentar a sorte no mundo da fotografia. A aposta deu certo e hoje, prestes a completar 35 anos, Jefferson Bottin Bernardes é referência em foto digital no Brasil. Proprietário da Preview Banco de Imagens e atual coordenador de Fotografia do Palácio Piratini, o jornalista une agilidade, tecnologia, beleza plástica e conteúdo informativo em seus registros. "Sem fazer foto burocrática", avisa. Seja viajando pelo Brasil e pelo mundo, acompanhando a governadora gaúcha Yeda Crusius ou cobrindo futebol, ele não desgruda do seu aparato tecnológico. Se a imagem é boa, depois de capturá-la, a descarrega em seu notebook, a edita em seu palmtop e envia quase que instantaneamente para a imprensa, em 'primeira mão'.
Formado em Jornalismo há nove anos pela Ulbra, chegou a cursar sete dos dez semestres de Física Médica. Porém, a paixão pela fotografia fez com que reencontrasse sua essência. Antes de trocar de faculdade, estava empregado no Hospital São Lucas e fotografar era apenas um hobby. As influências para esta área remontam a infância: em certo momento, o pai trocou a trajetória de engenheiro agrônomo pela de fotógrafo. O patriarca passou, então, a percorrer o interior do Estado produzindo fotos de época de famílias e, ao retornar à Capital, sempre pedia ajuda ao filho para plastificar os pôsteres.
Sempre foi muito independente dos pais, embora seja de uma família de classe média. Jefferson, que nasceu em Porto Alegre no dia 4 de junho de 1974, lembra que começou a trabalhar aos 16 anos porque queria um tênis e a mãe avisou que não iria comprar. Então, resolveu entregar livros depois da aula para a distribuidora do seu tio e com o primeiro salário adquiriu o tênis. "Quando isso aconteceu, vi que podia conseguir qualquer coisa, basta ter determinação."
Viver pela fotografia
Para pagar a faculdade de Física Médica, foi auxiliar o tio em um estúdio de fotos 3×4, no centro de Porto Alegre. "A fotografia já está dentro da família há algum tempo, mas não em fotojornalismo", explica. Na época, nas horas vagas, lia sobre fotografia de imprensa e, neste momento, a paixão se aflorou. Foi quando decidiu trocar de curso. A mãe, que hoje é professora aposentada e dona de uma livraria, apenas aconselhava o filho dizendo: "seja feliz, mas tenha um curso superior!"
Logo que começou a estudar Jornalismo, procurou a assessoria de imprensa da Ulbra para oferecer seus serviços de fotógrafo. Foi contratado e ainda conseguiu uma bolsa de estudos na instituição.  "Desde o momento em que eu escolhi a fotografia, eu vivo a fotografia." Criativo e empreendedor, em 2002, montou a Preview Banco de Imagens, uma agência de fotografia que atende a assessorias de imprensa e, também, veículos de comunicação. Entre os principais clientes da empresa, estão: Agência Estado, Couromoda, Época, Exame, Folha de S.Paulo, France Presse, Getty Images e VIPCOMM.
O Sport Club Internacional é outra de suas paixões. Como a VIPCOMM atende à Reebok, que é patrocinadora do time, o fotógrafo acredita que talvez seja o único fotógrafo a estar presente em todas as conquistas recentes do Inter. Um dos trabalhos que proporcionou maior prazer para o torcedor colorado foi fotografar o clube do coração em Yokohama, no Japão, durante a conquista do título mundial.
Na época da faculdade, queria trabalhar em redações ou ser correspondente e já no primeiro semestre conquistou um prêmio de fotografia, o Prêmio Nacional de Assessoria de Imprensa. "Queria ser correspondente internacional e hoje eu me dou conta de que sou um correspondente internacional. Porém, atuo aqui no Brasil para os caras lá de fora!" Neste meio, Jefferson cita dois profissionais que considera seus mestres: Maurecy Santos, o Santinho, já falecido, "uma lenda da fotografia no Rio Grande do Sul", que o ensinou a respeitar a fotografia; e Paulo Dias, que o ensinou que não se faz nada sozinho e o profissional que foi homenageado recentemente como nome da sala de fotografia do Piratini.
Na vida, considera seu pai como um grande exemplo de caráter. Foi com ele também que aprendeu a olhar para o mundo de uma forma mais ampla. Uma das lições mais importantes que recebeu e que pretende transmitir aos seus herdeiros é a de que "uma educação forte gera um caráter forte". Sempre agradeceu à mãe pelo amor e dedicação à família e ao pai por ser um exemplo de trabalho e de determinação.
Um cara família
Jefferson se define como "um cara totalmente família, que adora estar em casa recebendo os amigos". Ele morou durante a maior parte de sua vida na zona sul da cidade. Há cinco anos, vive com a mulher Camila Quinteiros no bairro Azenha. Sente falta da tranquilidade da vida na zona Sul, mas o retorno para a região está perto de acontecer. No próximo mês, o jornalista, que adora estar em contato com a natureza, conclui as obras do seu verdadeiro recanto. Construída a muito custo, com as próprias economias, a casa, que fica no alto de um morro, terá dois andares e paredes de vidro com vista para o Lago Guaíba.
A esposa Camila é formada em Turismo e trabalha no setor de Eventos do Palácio Piratini. O casal se conheceu em 2003 e, passados dois meses, já estavam morando juntos. "Foi amor à primeira vista, bem coisa de cinema", brinca. Ter um filho é a próxima meta e, enquanto o herdeiro não vem, Camila e Jefferson direcionam suas atenções e carinho para a Pipoca, cadela da raça Akita. 
Ele se apresenta como um homem batalhador e de gostos simples, que adora cinema, MPB e Pop. Depois da casa, carreira e casamento consolidados, só resta uma coisa: "Acho que agora, com 35 anos, vou começar a aproveitar a vida. Dos sonhos que estabeleci para mim, só falta mesmo o filho, que é uma questão de tempo", avalia, otimista.
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