Celso Chitolina: Os "clics" da vida

Com 20 anos de carreira, o fotógrafo publicitário diz que gosta mesmo é de fotografar gente

Desde pequeno ele já sabia que a fotografia nortearia sua vida. Com vários prêmios conquistados e considerado um dos melhores fotógrafos do meio publicitário, Celso Aquiles Chitolina, 42 anos, atribui seu sucesso à busca constante pela perfeição do seu trabalho ao longo dos 20 anos de carreira. Natural de Guaporé, ele já morou em várias cidades do Rio Grande do Sul, em função do cargo que seu pai exercia, gerente de banco. As paisagens das cidades em que já morou, entre elas Montenegro, Erechim, Pelotas e Caxias do Sul, foram fontes de inspiração para seus primeiros passos na carreira de fotógrafo.
Aos 18 anos mudou-se para a Porto Alegre, onde construiu sua ascendente trajetória profissional. A paixão pela fotografia começou muito cedo. Até hoje ele lembra quando foi despertado o seu interesse por "fotografar". "Eu comecei a gostar de fotografia quando meu pai me deu um Câmera Kodak, aos 12 anos. Tirei algumas fotos e um certo dia resolvi desmontar a máquina. Nunca mais consegui montá-la novamente", relembra. Sua segunda máquina fotográfica foi comprada, através de um amigo da família, que viajava muito para o exterior.
Chitolina conta que começou "a tomar gosto" quando entendeu as técnicas básicas do uso da câmera, como luz e enquadramento. "Eu morava em Pelotas e comecei a fotografar natureza, prédios e arquitetura em geral. Foi então que me interessei mais ainda, procurei ler livros e descobri que aquele seria o meu caminho", lembra. Sua primeira câmera profissional foi adquirida nos Estados Unidos, uma Minolta XZ7, relíquia que guarda até hoje com muito carinho. O primeiro contato do fotógrafo com o mundo da propaganda foi na agência MPM Propaganda, em 1982, onde também obteve o seu primeiro emprego. "Eu tive oportunidade de entender a fotografia publicitária na MPM, no estúdio fotográfico".
Depois de oito meses de atuação na agência, Chitolina decidiu fazer sua "carreira solo", quando montou seu próprio estúdio, o Estúdio Chitolina. "A empresa sempre foi a mesma, mas já mudou de endereço três vezes", comenta ele. Em 1989, com objetivo de aperfeiçoar seus conhecimentos em fotografia, trancou a Faculdade de Comunicação Social, na PUCRS, e foi realizar um curso de fotografia no Instituto de Artes de Nova York. Após dois anos nos Estados Unidos, onde acabou participando de diversos cursos e workshops com fotógrafos, retornou à Capital para concluir a faculdade, seguir a carreira de fotógrafo e alavancar o seu negócio.
Com 20 anos de carreira no meio publicitário, ele afirma que seu negócio mesmo "é fotografar gente". Os milhares de trabalhos realizados renderam à Chitolina o título de "Fotógrafo do Ano", concedido pelo Salão da Propaganda, em 17 edições da famosa premiação gaúcha. Entre os "jobs" que Chitolina destaca estão os mais elaborados e produzidos, como fotos de campanhas para Azaléia, Olympikus, West Coast e Luz da Lua. Com muito orgulho, faz questão de destacar as fotografias publicadas na Revista Archive, uma das mais respeitadas publicações de propaganda mundial.
Por Trás dos Flashes
Seu dia inicia muito cedo. Chegando no estúdio, Chitolina dá uma conferida na sua agenda e começa a trabalhar. Mesmo que seu trabalho gire em torno da fotografia, o fotógrafo revela que gosta de se envolver com as questões administrativas do seu negócio. "Eu que faço os orçamentos, as negociações com agências de propaganda e de modelos, contratação de profissionais free-lancer e as reuniões com clientes", diz. Sua rotina só muda quando faz fotos para grandes campanhas, pois depende das exigências e necessidades do trabalho. "Quanto tem campanha, podemos levar um dia, uma semana ou até um mês envolvidos na produção".
Para justificar a qualidade de seus trabalhos, ele observa que tudo é atribuído ao fato de ser uma pessoa muito simples, objetiva e "doentemente organizada". "Acho que o fruto do meu trabalho vem daí". Esta questão organizacional é muito importante na minha vida, representa qualidade e sucesso", avalia. À noite, Chitolina prefere ficar em sua casa, curtindo a sua esposa, Letícia -também fotógrafa com quem é casado há sete anos - , e sua filha Clara, de três anos. Nos fins de semana, além de ficar com a família, o fotógrafo gosta de reunir os amigos em sua casa e viajar. Confessa que é uma pessoa "urbana" e que não aprecia muito fazer viagens para o litoral. "Quando viajamos, costumamos ir para Punta Del este, onde temos uma casa da família. Me sinto bem falando outra língua, curtindo outro país. Me sinto muito mais em férias lá do que em qualquer lugar", ressalta.
Considera-se muito detalhista, razão pela qual estruturou e organizou rigorosamente até a sua casa, e justifica: "Eu gosto muito da minha casa, ficar curtindo meus discos, fotos, livros e, lógico, junto com a Clara e a Letícia", diz. A literatura também está muito presente em sua vida e suas preferências são variadas. "Leio livros que tenham histórias de vida e alma, como as obras dos autores Rui Castro, Fernando Moraes, Josué Guimarães e Machado de Assis". Chitolina conta que os livros destes escritores também servem de inspiração para seu trabalho. Nas horas de lazer, ele pratica suas atividades físicas prediletas: jogar tênis, três vezes por semana, e futebol com os amigos, pelo menos uma vez por semana.
Apesar de ser muito exigente para comer - diz que não come carne em qualquer lugar -, reconhece que cozinhar não é o seu forte, ainda que aprecie muito os preparativos da culinária. "Curto ficar na volta de quem está cozinhando, ajudar, cortar e participar da função. Aprendi isso com minha mãe, que é uma excelente e dedicada cozinheira e doceira". Durante as folgas, o fotógrafo aproveita também para dar uma olhada no que tem no mundo do cinema e já vai praticando seu senso crítico com as técnicas utilizadas nas produções cinematográficas. "Com advento do DVD, eu repriso muito filmes para rever alguma cena, a fotografia e a iluminação." A música é outra de suas paixões e a preferência mais recente é a cantora Maria Rita. "Gosto muito de bossa nova e depois que fui no show dela fiquei apaixonado", conta.
O sucesso
Celso Chitolina afirma que a fotografia é o seu norte. Porém, revela que um de seus planos profissionais está ligado à área de construção civil. "Através desta atividade, eu pretendo deixar um pouco o mundo publicitário. Eu quero fazer aquilo que eu quiser, na hora e com as pessoas que eu quiser fazer. Hoje eu não consegui ainda isso, mas é uma meta para meu futuro".
A idéia de Chitolina é continuar com a fotografia e manter outra atividade paralelamente. "Eu quero ter a liberdade de não fazer o que eu não gostaria e poder escolher", ressalta. Nessa linha, ele lembra que durante muito tempo abdicou da qualidade, o que lhe rendeu sucesso, dinheiro, prêmios e conquistas. Mas essa fase ele garante que terminou: "A minha prioridade agora é viver, seja onde for, o mais que eu puder".

Comentários