Paulo Rogério Di Vicenzi: Profissional de muitas qualificações

Diretor da Qualidata Informações Estratégicas tem carreira de mais de 35 anos em Publicidade e Jornalismo

Por Poti Silveira Campos
De aqualouco a diretor da Qualidata Informações Estratégicas, o publicitário Paulo Rogério Di Vicenzi, 52 anos, fez um bocado de coisas. Certamente, trata-se de um profissional de comunicação e marketing. Das peripécias divertidas à beira da piscina à atuação em pesquisas como Marcas de Quem Decide - em parceria com Jornal do Comércio, há 13 anos -, Voz do Empresário Gaúcho, da própria Qualidata, e Tendências da Informação e dos Meios (Time) - em parceria com Coletiva.net -, são mais de 35 anos em publicidade e jornalismo. As habilidades conquistadas e as funções exercidas formam uma lista que demandou mais de duas horas e meia de conversa. Mais tarde, no mesmo dia, Coletiva.net recebeu mensagem eletrônica de Di Vicenzi: "Esqueci de dizer que também sou trader da Bolsa de Valores há três anos".
Nasceu no hospital da Brigada Militar em Santa Maria da Boca do Monte, mas "considero-me mais de Passo Fundo", afirma Di Vicenzi, referindo-se ao município do Noroeste gaúcho, onde morou com a família e começou a carreira profissional - inclusive a de aqualouco. Segundo dos três filhos do casal Leonar Vieira Rodrigues, tenente-coronel da BM, e Edile Cartéri Rodrigues, dona de casa, o publicitário foi batizado de Paulo Rogério Rodrigues. Mais tarde, por recomendação de um numerólogo, trocou Rodrigues por Di Vicenzi, inspirado no sobrenome de uma bisavó materna - Vicenza.
Ainda Rodrigues, o garoto Paulo Rogério tornou-se atleta de natação nas piscinas do Sport Clube Gaúcho, de Passo Fundo. Ali vestiu o maiô meia-calça e a camiseta listrados típicos de aqualoucos. A fase de performances cômicas na água ficou logo para trás. Adolescente, Di Vicenzi namorava a filha do escrivão da cidade e começou a pensar em coisas mais sérias - trabalhar, por exemplo. Foi o primeiro emprego: tornou-se auxiliar de escrevente no Fórum. "Não gostava do que fazia, mas o trabalho me incentivou a ingressar no curso de Direito na Universidade de Passo Fundo", diz.
Aprendizado em som e imagem
Foi com o segundo emprego, na Rádio Municipal, que Di Vicenzi se sintonizou com a comunicação. Tornou-se operador de som da emissora e, em seguida, começou a fazer locução. Virou radialista, uma das primeiras profissões de sua lista e, também, uma das mais evidentes - basta ouvi-lo falar para perceber o profissional do microfone. Do som, saltou para a imagem. A fotografia, até então um hobby, tornou-se ganha-pão: foi contratado pelo Estúdio Foto Souza, que tinha convênio com o principal jornal da região, O Nacional.
Di Vicenzi desvendava técnicas e segredos da fotografia por meio de publicações estrangeiras. Aprendeu, por exemplo, a puxar o filme - enganar o fotômetro da máquina em relação à sensibilidade da película, programando o equipamento para operar com ISO mais alto do qual de fato se está utilizando. A técnica se mostrou especialmente conveniente para a cobertura de jogos de futebol realizados à noite. "Na posição em que ficávamos junto ao campo, o flash acabava atrapalhando os jogadores", relata.
Os colegas, que desconheciam o truque, o alertavam: "Tu vais perder as fotos". No outro dia, porém, O Nacional estampava boas imagens obtidas por Di Vicenzi. "Durante algum tempo, alimentei a ilusão, entre os colegas, de que usava filmes especiais, importados", revela. Terminou sendo contratado pelo jornal onde, além de fotógrafo, tornou-se também chargista - mais uma atividade profissional na lista.
A fotografia revela a publicidade
Com a fotografia, Di Vicenzi abriu portas na publicidade: foi trabalhar na agência Vinci, de Passo Fundo, no final dos anos 1970. "Assumi como produtor fotográfico, mas, a agência era pequena, virei produtor geral." Isto incluía comerciais para TV, gerados a partir de imagens em slides. A edição do material só poderia ser feita em Porto Alegre, na Central de Produção Gaúcha, da então TV Gaúcha, hoje RBS TV. O publicitário passou cinco anos no eixo Passo Fundo - Porto Alegre, até a Vinci decidir instalar uma filial na Capital. O plano, porém, ficou no reino das intenções, e Di Vicenzi começou a pressionar dirigentes de agências para conseguir nova colocação.
João Firme, na época presidente do Sindicato das Agências de Propaganda do Rio Grande do Sul, foi o primeiro alvo. Firme passou a bola para Itamar Graven, então na Símbolo Propaganda. "Graven ficou dois meses me cozinhando e eu, insistindo", relembra Di Vicenzi, que ingressara no curso de Propaganda e Publicidade na Famecos, onde se formou em 1985 - o curso de Direito, na UPF, resumiu-se a três semestres. Emplacou na Símbolo, que acabou sendo sua "grande escola na publicidade". Na agência, era produtor de RTVC e dirigia comerciais com atores como Paulo Autran, Luiz Gustavo, Mussum, Juca de Oliveira e a beldade Marlene Silva, que arrancava suspiros no programa Planeta dos Homens, da Rede Globo.
Nos anos 1980 e 1990, parecia que o rumo de Di Vicenzi estava definitivamente traçado em torno da produção e direção de comerciais de TV. Trabalhara na Símbolo durante cinco anos e, depois, ingressara na Produvídeo, produtora que se especializara em atender a demandas em vídeo de agências. A abertura política, no entanto, influenciou o percurso profissional, contribuiu para revelar outras habilidades e a abrir o caminho para o surgimento da Qualidata - em 1998.
Antes disso, em 1985, a Produvídeo decidiu realizar uma enquete, em vídeo, sobre a primeira eleição direta, depois da ditadura de 1964, para prefeituras de capitais. A gravação foi exibida a deputados, no Plenário da Assembleia Legislativa, e fez com que a empresa fosse convidada a colaborar na campanha de Victor Faccioni (PDS) em Porto Alegre. No ano seguinte, na disputa pelo Palácio Piratini, e em 1988, novamente para a prefeitura de Capital, a produtora voltou a ser acionada.
Encerrado o pleito de 1988, Di Vicenzi retornou para Passo Fundo e abriu a agência Qualidade Publicitária. Garante que, na época, se preocupava em assegurar os melhores investimentos em mídia para clientes. Para tanto, necessitava de informações sobre o mercado e, como as pesquisas disponíveis custavam caro, a solução foi criar um departamento específico na própria agência. Na eleição geral de 1990, O Nacional procurou o publicitário para a produção de pesquisas sobre o desempenho de candidatos da região. "As urnas confirmaram os prognósticos, o que nos deu muita credibilidade", diz Di Vicenzi.
Marketing político, receitas e saltos
Em 1992, novamente eleição municipal, Di Vicenzi se viu diante de outro desafio: coordenar a campanha de Osvaldo Gomes (PMDB) à prefeitura de Passo Fundo. O candidato era considerado o azarão na corrida pelo cargo. A ideia era, ao menos, não sofrer uma derrota vergonhosa - um terceiro lugar, por exemplo, já seria satisfatório. O resultado foi bem melhor: Gomes venceu. No pleito seguinte, elegeu o sucessor Júlio Teixeira (PMDB) e repetiu o feito em 2004, com Airton Dipp (PDT). Coordenou campanhas vitoriosas também em Tapejara e Flores da Cunha. "Não sou marqueteiro. Sou marquetólogo", adverte Di Vicenzi, que tem curso de pós-graduação em marketing pela ESPM.
O retorno para Porto Alegre ocorreu em 2005. Havia passado anos proveitosos em Passo Fundo. Além da bem-sucedida experiência na política e da consolidação de Qualidata como empresa, incentivara a formação do curso de Comunicação na UPF e se tornara professor nas disciplinas de Introdução à Propaganda e Publicidade, Planejamento Publicitário, Administração de Agências e, claro, Marketing Político. E Di Vicenzi retornou acompanhado de Jackline Hurmann, 30 anos, companheira e parceira na administração da Qualidata - fruto de outro relacionamento, é pai do fotógrafo Franco Rodrigues, 28, e do DJ Juan Rodrigues, 29.
Nos últimos três anos, passou a levar bem a sério outro hobby: é chef, com biblioteca especializada, equipamentos apropriados e toque blanche, como é chamado o chapéu de cozinheiro. "Comecei fazendo pães. As pessoas gostaram e passei a me dedicar a pratos. Agora, sou chamado como chef a domicílio", conta Di Vicenzi, que recomenda aos leitores de Coletiva.net a receita Frango no uísque com béchamel e mix de ervilha e mirtilo ( Veja aqui).
A lista de habilidades continua: "Ah, tenho brevê de piloto privado e de páraquedista". Os saltos foram encerrados depois que dois acidentes em pousos resultaram em fraturas e pinos no pé esquerdo, preocupações extras para peripécias com o corpo de 120 quilos e 1,74 metro. Suspira de saudade: "O instante inicial do salto, em queda livre, é indescritível. É muito prazeroso. Eu recomendo". Recomenda tanto que acabou convencendo a mãe, a irmã, um tio e uma sobrinha a fazerem o curso de páraquedismo. O único senão na carreira é não ter conseguido acertar um salto dentro do Vermelhão da Serra - estádio que originalmente pertenceu ao time 14 de Julho, hoje Esporte Clube Passo Fundo, do qual o colorado Di Vicenzi foi torcedor.
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