Carlos Toillier: Sem rotina, com energia

O diretor comercial do SBT RS, Carlos Toillier, lembra a trajetória profissional e seu gosto pelos relacionamentos e pelas artes

Carlos Alberto Toillier é alguém de energia, que admite ser ansioso e crê ter no carinho e na generosidade características marcantes. Diretor comercial do SBT RS, acredita que um ideal está na busca pelo aperfeiçoamento e identifica no desenvolvimento das pessoas um momento de grande satisfação. Com uma trajetória profissional de mais de 20 anos, viveu a propaganda de diferentes ângulos, seja como veículo, anunciante ou agência. Hoje, afirma que a Comunicação está em tudo que faz, mesmo quando se trata de lazer, e acrescenta: "Se não precisasse, eu não dormia, porque gosto de fazer coisas o tempo inteiro".
Foi a relação com mídias como rádio, TV e jornal que, ainda na infância, o colocou no caminho da propaganda. Quando criança, costumava contribuir com o jornal da escola e mais tarde, na adolescência, teve a primeira oportunidade profissional, como vendedor em loja de roupas. Não sabia que, no futuro, uniria as duas experiências, trabalhando no segmento comercial da Comunicação.
De 10 a 12 horas. Esse é, aproximadamente, o tempo que este workaholic confesso diz dedicar ao trabalho a cada dia. Exaustivo? Não para ele. "Eu me divirto muito trabalhando. Gosto muito de pessoas, de me relacionar com o mercado, dessa dinâmica de estar de manhã em um cliente e à tarde em outro, de conhecer as marcas da vida e poder circular por aí", afirma, certo de que há sempre uma oportunidade para conhecer novas pessoas e diferentes pontos de vista.
A atração pelo universo da propaganda não se restringe aos momentos profissionais. Se diz um aficionado pela série "Mad Men", cujos episódios tem revisto, e conta que, de certa forma, tudo o que faz está relacionado à comunicação. Ainda cabem no dia a dia viagens, a prática de esporte como corridas e o gosto pelas artes. "Acho importante respirar novos ares e minha mulher e eu somos um pouco ratos de museu - ainda que ela entenda mais de pintura do que eu."
De todos os lados
A atuação na área começou ainda no início da graduação em Publicidade, na Unisinos, em 1988. Experimentou o trabalho em assessorias de propaganda, fazendo as primeiras visitas a clientes, e, por dois anos, trabalhou como redator freelancer em agências. O programa de trainee do Grupo RBS foi a porta de entrada para os veículos. Foram quatro meses na RBS TV e outros quatro nas rádios da empresa, para depois ser contratado como executivo de contas na Rádio Cidade. Começava ali a história em veículos. Logo, passaria à Rádio Atlântida e à Gaúcha. Em uma segunda passagem pela empresa, abraçaria o desafio de atender aos maiores clientes dos veículos do grupo, na RBS Plus, e depois RBS online.
O outro lado do balcão Carlos conheceu em 1997, quando assumiu a gerência de marketing da Diadora. Aos 26 anos, tinha a missão de cuidar da relação da marca com clubes de todo o Brasil. Como a verba disponível era restrita se comparada a outras grifes, era preciso eficiência no investimento do recurso. Pode-se dizer que cumpriu com a tarefa. A marca rodou o País com times como o Juventude, campeão gaúcho de 1998; Ponte Preta, que subiu para a primeira divisão; e o time de vôlei da Ulbra, que foi campeão brasileiro. E rodou até o mundo, quando Gustavo Kuerten venceu Roland Garros pela primeira vez, em 1997. "O Guga já era contratado pela Diadora, mas o contrato passou pela minha mão, vindo da matriz italiana. Me disseram: "estuda e vê se não preferes transformar o investimento em mídia". Como vim da área de mídia, confesso que fiquei muito tentado. Tem que acreditar e fazer o trabalho com profundidade."
Não tardou para que a vontade de ter o próprio negócio ganhasse força. Dessa forma, em 1998, surgiu a Show Business, agência pela qual atendeu a clientes  como a Revenda Renault, a Prefeitura  e a Comusa - Serviços de Água e Esgoto, todas de Novo Hamburgo, entre outros. "Sempre tive esse ímpeto do empreendedorismo e continuo tendo essa chama. Foram dois anos em que aprendi muito, desenvolvi contas, construí um portfólio." Com convites para voltar à Diadora e à RBS, acabou optando pela segunda, retornando para uma temporada de cerca de sete anos.
De lá, saiu para viver a primeira experiência só em TV, no SBT, e, ainda em 2007, conquistou o título de Atendimento de Veículo do Ano, no Salão da Propaganda. O reconhecimento foi dividido com os colegas João Brito e José Luiz Pinto, vítimas do acidente da TAM, ocorrido no mesmo ano. Passou a responder pela gerência Comercial para o mercado nacional e, em seguida, assumiu o posto de diretor Comercial, com a tarefa de reforçar o mercado local. "O SBT até alguns anos era uma emissora muito paulista. Hoje, são sete programas regionais."
Pela família
Da infância, vivida na cidade natal, Santa Cruz do Sul, guarda recordações típicas de Interior. Neto de agricultores, acostumou-se a acompanhar os avós no trabalho no campo. Andar de carroça, levar os bois para dentro do estábulo, ajudar a colher fumo e, nas férias de verão, tomar banho de rio são algumas das atividades que fazem parte das lembranças. Destaca que também foi nesse período que se descobriu um colorado fervoroso. "Foi uma época cheia de peraltices, mas bastante feliz", resume.
Filho de Silvana e Osvino Toillier, na família que se completa com Ana Luísa, orgulha-se dos pais, em especial do genitor, agricultor que buscou aprofundar os estudos, formou-se em Letras, tornou-se professor, diretor de escola e chegou a presidir o Sinepe - Sindicato das Escolas Particulares. "Essa trajetória dele acabou sendo um grande exemplo para mim e para minha irmã", considera.
Hoje, acredita que vive um momento de transição em sua história. Com casamento marcado para janeiro com a advogada Maria Joanna de Missio, o casal quer construir uma família e planeja filhos para breve. "Tem que ser meio louco pra casar com a gente e entender essa rotina maluca que é o mundo da propaganda", brinca, destacando que nem todos sabem lidar com algumas situações, como as ligações telefônicas de clientes e agências bem fora do horário comercial.
O casal contraria a tese de que a noite não é lugar para encontrar amores. Dois anos se passaram desde que se conheceram, em uma festa, e o relacionamento só cresce em afinidades. "Ela é minha grande parceira de viagens, cultura, programação", afirma. O último destino turístico contemplou Roma, Napoli, Costa Amalfitana e Ilhas gregas, e em todos eles aproveitaram para conhecer mais da história local. "Acho que cultura ajuda a responder um pouco de onde a gente veio e para onde vai. Procurar grandes feitos da humanidade que ajudam a entender a alma humana."
Com as artes
A música não é apenas um hobby, é definida como um vício pelo publicitário, que chegou a ter duas bandas de rock, quando vivia em Santa Cruz. "A gente chegou a abrir o show dos Engenheiros do Hawaii nos anos 80. Isso acabou ficando adormecido e, há sete anos, no meu aniversário, eu e uma turma de amigos montamos a Cavalo selvagem, que faz um show por ano." Além do rock, o gosto musical passa pelo jazz, clássicos, música flamenca, samba rock. Sertanejo e funk são dispensados do setlist, mas ele faz questão de esclarecer que respeita todos os estilos.
A leitura - seja de clássicos da literatura ou de obras voltadas à área de atuação - é uma das atividades com que preenche o tempo livre, assim como estar junto à família e amigos. Mas o assunto sobre o qual é capaz de falar por horas é mesmo o cinema. Se diz um grande fã de Woody Allen, especialmente de produções como "Match Point", "Noivo neurótico, noiva nervosa", "Manhattan", "Vicky, Cristina, Barcelona", "Meia-noite em Paris", "Blue Jasmine". Também gosta de estudar a obra do cineasta e foi assim que descobriu que parte dela é baseada no livro "Crime e Castigo".
A lista de filmes e diretores que admira é longa e inclui Martin Scorsese, Federico Fellini, Quentin Tarantino, além de obras que marcaram períodos de transição na história do cinema europeu e brasileiro, como é o caso da produção nacional "Cidade de Deus". Também há espaço para revelações como o iraniano "Separação" e o austríaco "A fita branca", e para o que chama de cinema diversão, os blockbusters.
Escrever um livro, comprar um barco e ter filhos são os principais pontos nos planos para o futuro. "Como diz uma amiga, a gente não pode passar por essa vida sem ter filhos. Sempre gostei muito de criança", justifica. Também quer seguir ampliando a base de conhecimento através de leituras, seguir conhecendo o mundo e nunca se acomodar. "Quero continuar descobrindo a infinita novidade da vida", sintetiza.
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