Alberto Meneghetti: Sempre em frente

Publicitário por convicção, declara-se um fotógrafo apaixonado

Alberto Meneghetti - Reprodução

O publicitário Alberto Meneghetti, diretor da agência e-21 Multicomunicação, considera-se um homem otimista e com o pensamento sempre para frente. E é o que transparece logo no início da conversa, quando confessa que não gosta de lembrar-se do passado. "O que passou, passou, não volta mais", reflete. Abre uma exceção apenas para recordar as férias de verão na praia de Tramandaí, entre a infância e a adolescência. "Eram três meses maravilhosos, onde as pescarias com meus irmãos e a convivência em família eram diversão garantida".

Segundo filho do advogado Alfredo Meneghetti Filho e da proprietária de Atelier de Alta Costura, Lilian Meneghetti, Alberto nasceu em Porto Alegre, no dia 8 de maio de1954. Ele muda a expressão do rosto ao falar sobre os três irmãos, o economista Afredo; o engenheiro mecânico Eduardo; e o caçula Renato, empresário da área de tecnologia da informação (TI). Com apenas um ano de diferença do irmão mais velho, o publicitário recorda que não gostava da maneira como a mãe os vestia. "Ela sempre nos comprava roupas iguais. Todo mundo pensava que éramos gêmeos e eu detestava isto", diz. Mas, passado o tempo, veio a admiração por Alfredo e, por influência dele, acabou cursando Economia, porém, durante o curso decidiu também estudar e trabalhar com Marketing. "Descobri que era algo que eu gostava e que tinha condições de fazer um bom trabalho".

Dos números para a propaganda

Com esta certeza, formou-se, primeiro, em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS) em 1976, e em Propaganda e Marketing, pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, em 1978. Nesta época, o jovem já sabia o que queria fazer e, motivado pela paixão em Marketing, trancou por dois semestres as faculdades que cursava, em 1974, e foi estagiar na área, em empresas da Europa, como Suíça e Espanha. Quando voltou para o Brasil, em 1975, fez estágio no Instituto de Desenvolvimento Empresarial do Rio Grande do Sul (Idergs), e, em 1977, conquistou uma vaga na agência MPM Propaganda, que na época era líder no mercado nacional de propaganda e onde acabou trabalhando por mais de 10 anos.

Os dois primeiros anos de empresa foram no Rio de Janeiro, e, depois de formado, pediu transferência para Porto Alegre, onde permaneceu até 1989, quando abriu a Vangard, com mais três sócios de criação, Beto Philomena, Washington Carvalho e Paulo Tiaraju. "Era uma agência com três diretores de criação e eu na área de planejamento. Foi um período maravilhoso, quando aprendi muito com estes colegas". Na época, a agência era responsável pelas contas do Big, da Brasil Sul e da Happy Man. "Já no primeiro ano de Vangard, em 1990, ganhamos todos os prêmios de criação e fomos escolhidos a Agência do Ano no Salão da Propaganda", recorda.

Após cinco anos na agência, Alberto desfez a sociedade e associou-se a Nei Silveira, na Quality Comunicação, local em que trabalhou até 2002, quando decidiu sair para trabalhar mais diretamente com webmarketing e mídia digital. Desde então, é diretor da e21, que faz parte do MTCom, Grupo de Multicomunicação que reúne nove unidades de negócio para gerenciar toda a linguagem das marcas. A agência conta com uma matriz em Porto Alegre, onde trabalham 85 profissionais, e outra sede em São Paulo, com mais 50 colaboradores. "Trabalhando com profissionais das disciplinas do marketing e juntando todas as empresas do grupo atendemos a mais de 70 clientes", explica.

Dedicando 12 horas do seu dia para a e21, Alberto cuida da parte de atendimento da multinacional alemã Basf, cliente que faz com que viaje com frequência para São Paulo. "Preciso estar sempre viajando e muito focado no meu trabalho, mas acredito que para eu conseguir me reinventar, preciso descobrir outros interesses fora do dia-a-dia". Ele ainda escreve uma coluna na revista Press Advertising e no portal Via Política, e acredita que, por estar sempre "antenado", consegue passar um diferencial para seus clientes.

Desafios e satisfações

Os primeiros desafios profissionais que encontrou na carreira estavam na área de atendimento na MPM, quando teve a oportunidade de atender a um grande varejista da época, o magazine JHSantos. "Com pouco mais de 20 anos, e já atendendo a uma das maiores contas do Estado, foi assim que comecei e foi desta forma que aprendi muito", afirma. Ele explica que o profissional que atende à conta de varejo tem uma demanda grande e é imensamente exigido, por isto, acaba aprendendo mais e é capaz de atender bem à conta de qualquer outro segmento de mercado.

Das pessoas que passaram por sua vida e serviram de professores, ele destaca um dos donos da MPM, Antônio Mafuz. "Este cara me ensinou muito na propaganda e foi um dos maiores publicitários do Brasil", lembra com saudades e admiração. Com ele, Alberto diz que aprendeu que não é preciso saber fazer, o importante é saber o que é bom. "O Mafuz dizia que a minha obrigação era saber avaliar se determinado trabalho era bom ou ruim", o que, segundo ele, aprendeu muito bem. Para Meneghetti, um publicitário deve estar preparado para as surpresas do mercado e o fato de não ter rotina, além de enfrentar um desafio novo a cada dia, é o que o encanta nesta profissão. "Temos que matar um leão por dia e sou movido por este desafio, e assim, me sinto feliz, pois foi o que eu procurei, e é o que hoje me inspira para continuar seguindo por este caminho". Entende que uma campanha que entra no ar é um momento de satisfação na carreira, mas, assim que acaba, já começa uma nova motivação para as próximas ações.

Fotografia e música

A paixão pela fotografia surgiu em 1972, quando comprou sua primeira máquina fotográfica, uma Yashica. De lá para cá, fotografa os mais diferentes lugares. No começo eram fotos analógicas, mas uma câmera Nikon D200 profissional mudou sua percepção sobre fotos e fez com que se apaixonasse pelo mundo fotográfico digital. Para melhorar seu desempenho foi em busca de cursos de especialização, o que ampliou ainda mais as possibilidades fotográficas. Há dois anos vem promovendo exposições e vendendo as imagens que fotografa pelo mundo. Declarando-se fascinado por este tipo de trabalho, ele aponta que é isto que está estimulando o seu lado artístico.

"A propaganda está ligada o tempo todo com a arte, e como eu sempre procurei uma área mais aberta, em que pudesse enxergar mais além, acabei descobrindo também a paixão por fotografar", diz. Autointitulado um "early adopter" das tendências, afirma que atrás da propaganda vê também a arte, e é isto que o estimula a ler, a conhecer e se atualizar mais. Além de fotos, a música também faz parte das suas preferências, inclusive já teve um programa na Rádio Itapema FM 102.3 MHz, de 2002 até 2006. Chamado de 102 Online, o programa era transmitido aos domingos, e nele Alberto comentava as novidades tecnológicas e apresentava seleções de Rock Alternativo e Jazz.

Rotina é não ter rotina

Casou- se pela segunda vez, há dois anos, com a proprietária do restaurante do British Club, Nenê Jacks. Ele lembra que foram apresentados por sua cunhada, mas foi o contato pela internet que fez com que estreitassem o relacionamento. "Namoramos por três anos, há dois estamos casados e pretendemos ficar para sempre assim", declara. O casal não tem filhos, mas Alberto tem dois motivos de orgulho do primeiro casamento, a jornalista Luciana, que está com 27 anos, e o estudante de design Diego, que tem 22.

Considerando este o período mais criativo de sua vida, diz que sua rotina é não ter rotina. "Estou plenamente satisfeito com todas as coisas que tem me acontecido". Nos momentos de folga, gosta de estar conectado ao mundo virtual, pesquisando e se atualizando. Em 1994, foi um Beta tester pela incubadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a Conex, e, na época, podia ficar conectado na rede por apenas 20 minutos por dia. Mal sabia que, em 2009, o acesso seria ilimitado.

Quando não está na frente do computador, inclui nos momentos de lazer as partidas de tênis no Leopoldina Juvenil, as corridas pela cidade e a prática do mergulho. Na adolescência queria ser operador de mergulho em uma Ilha do Caribe ou do Pacífico, seu sonho era fazer um curso e ter uma operadora de mergulho em algum lugar paradisíaco. Como não pôde realizar este desejo, acabou encontrando nas viagens a oportunidade de mergulhar pelos mares do mundo, além de fazer fotos diferentes de lugares exóticos. "Fotografia é uma válvula de escape. Sou um fotógrafo apaixonado e um publicitário por convicção".

Todo final de ano, Meneghetti faz um balanço e começa a pensar como irá se reinventar para o próximo ano, a fim de não parar. "A propaganda foi sempre a minha cachaça. O que eu enxerguei nela é o dinamismo, a falta de rotina, pois acredito que, se não estou atualizado, estou morto. Por isso, olho sempre pra frente, assim percebo as oportunidades". Movido por desafios, ele espera, para próxima década, montar um restaurante com a esposa em alguma praia do Brasil, além de continuar viajando pelo mundo fotografando e mergulhando. Destacando que não se sente realizado, diz que está sempre aprendendo, que nunca está completamente satisfeito, pois seu lema é acordar todos os dias com novos sonhos, perseguindo-os para que cada dia se torne um novo desafio. "Temos que trabalhar diariamente a autoestima, pois ela é a mola propulsora da nossa vida, se ela estiver baixa acabamos ficando trancados e engessados e desta forma não evoluímos".

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