Suzana Naiditch: A especialista em negócios

Depois de dois anos em TV e 14 atuando em revistas, ela se define como persistente

A experiência de 12 anos na redação de uma revista especializada no mercado empresarial lhe rendeu muito mais do que um vasto conhecimento do mundo de negócios. Hoje, como repórter especial da Revista Exame, a jornalista Suzana Naiditch, 40 anos, diz que os esforços despendidos no início da carreira não foram em vão e contribuíram para o seu aperfeiçoamento profissional. De origem judaica, a jornalista estudou desde os três anos no Colégio Israelita. Filha de médico, irmão de dois médicos, ela confessa que seu pai tentou influenciá-la para não fazer jornalismo". Porém, as recomendações não serviram para a garotinha que gostava muito de comunicação e odiava os números. "Nunca gostei de exatas, sempre gostava mais da área de humanas, de escrever principalmente. No colégio sempre estava envolvida com os principais acontecimentos de comunicação", conta.


 Em 1981, Suzana entrou para a faculdade de jornalismo da UFRGS e já no primeiro ano começou a atuar na área. Juntamente com Jorge Furtado e Beto Andrade, ela participou do programa "Quizumba", da TVE-RS, que foi um grande sucesso na época. Uma de suas maiores paixões é viajar, talvez o fato tenha sido determinante para a sua decisão em 1982: trancou a matrícula da faculdade e foi morar em Israel, primeiro, e depois na Europa. A viagem foi realizada através de intercâmbio, o que a levou residir com uma família israelense, com a qual até hoje mantém contato.


Mudança de percurso


Voltou a Porto Alegre, 1983, para terminar a faculdade. No mesmo ano, começou a trabalhar no CEPA (Centro de Estudos e Pesquisas em Administração), da UFRGS, seu primeiro contato com a área de negócios. Suzana formou-se em 1987 e realizou um sonho, desejado na época por boa parte dos jovens profissionais de jornalismo: ser repórter da RBS TV. No projeto "Caras Novas" - pelo qual a RBS selecionava novos talentos -, ela atuou como repórter da emissora durante dois anos. Porém, em decorrência de um acidente de carro, teve que mudar repentinamente sua vida profissional e pessoal . Saiu da telinha para a mídia impressa, e logo foi convidada para trabalhar como correspondente da revista Veja no Rio Grande do Sul, que marcou seu início na Editora Abril.


Após dois anos, já acostumada a trabalhar com o texto jornalístico para revista, Suzana foi convidada para ser correspondente da Revista Exame, também do Grupo Abril. Segundo a jornalista, o início na revista especializada foi bem difícil. "Foi duro até eu conseguir me adaptar com a linguagem jornalística da Exame", lembra. Hoje, quem lê as reportagens assinadas por ela nem imagina as dificuldades pelas quais passou, superadas com muito esforço. Para ajudar, resolveu fazer uma Pós-Graduação em Marketing, curso que contribuiu bastante para sua experiência no mundo dos negócios.


Depois de tanta dedicação, Suzana comemora em 2003 um raro caso de longevidade no setor: são 14 anos de Editora Abril, 12 deles na Revista Exame, como repórter especial. Sua rotina diária é totalmente dependente do período de fechamento da edição quinzenal da Exame. Ela possui uma rede de relacionamentos extensa no mercado empresarial e seu conhecimento sobre as empresas gaúchas e suas estratégias de negócio podem ir além de uma experiência de um nato especialista de marketing.


Todas as edições da Revista Exame, desde quando começou a escrever, estão arquivadas e catalogadas em sua sala, servindo como referências de consulta para eventuais pautas que possa surgir sobre determinadas empresas. "As matérias são o meu arquivo de memória, procuro fazer um acompanhamento dos acontecimentos", explica. Suzana é casada há 15 anos com o jornalista Carlos Alberto de Souza, atual editor do Caderno Empresas & Negócios, do Jornal do Comércio. Apesar da profissão comum, o casal convencionou evitar falar de jornalismo e trabalho na sua casa. "Já fizemos isto justamente para não vivermos só em função do jornalismo."


O casal tem uma filha, Mariana, de 6 anos. Durante a semana, todo seu tempo disponível é dedicado à filhota. Nos fins de semana, Suzana e Carlos costumam passear pelos parques da cidade, além de fazer programas e atividades que Mariana gosta, como cinema e teatro. No verão, o lugar de descanso e lazer da família é a casa de praia em Capão da Canoa. Suzana não tem hobby, embora diga que gostaria muito de ter um. Como meta, estabeleceu que vai começar a praticar caminhadas matinais. "Quero caminhar de manhã cedo, de preferência antes da minha filha acordar. Devo começar a caminhar logo, antes que eu enlouqueça", brinca.


Viajar, viajar, viajar?


"Eu adoro viajar", revela a jornalista, acrescentando que seu maior objetivo, antes de a filha nascer, era a programação de viagens ao lado de Carlos. "A gente já fez muitas viagens legais, fomos para a Europa, Chile, Estados Unidos, Oriente Médio e Argentina ". Embora não na mesma freqüência, o casal mantém o planejamento de uma viagem ao ano. "Nós sempre tiramos uma semana para nos curtir. A gente precisa deste tempo, de um espaço só para nós dois", diz.


Como preferências musicais, ela destaca que gosta de ouvir MPB. Confessa que durante a adolescência, foi "Chico Buarque maníaca". Por isso, tem uma coletânea de discos do compositor, até as raridades de vinil, como os primeiros lançamentos do artista.


Na leitura, suas preferências já mudaram muito. Teve um período da vida em que lia somente livros de negócios e marketing. Agora, para sua própria surpresa, é apaixonada pelos livros de Harry Potter. "Já li os quatro e estou com meu nome na lista da livraria para ser a primeira a comprar a quinta edição", conta ela, revelando que o gosto pelos livros da autora da série do bruxinho, J.K. Rowling, surgiu a partir de um presente que ganhou de um colega da Exame. " A gente, que trabalha para uma revista especializada e segmentada, corre o risco de ficar muito bitolada. O Harry Potter vem a ser o meu escape", diz.


Perseguindo os ideais


Suzana define-se como uma pessoa persistente. Justifica dizendo que não costuma "chutar o balde" quando vê que as coisas não vão dar certo. Pelo contrário, em vez de "jogar a toalha", como ela mesmo diz, prefere ir até o fim para ver no que vai dar. "Eu acho que isso acaba sendo uma qualidade minha, em virtude da pressão e tensão do jornalismo", enfatiza.


Para o momento, a jornalista não tem nenhum projeto específico. Na verdade, ela explica que seu grande projeto do momento é planejar suas atividades no futuro. "O meu objetivo é pensar e planejar o que vou fazer da minha vida quando não estiver mais na Abril", salientando também que seus planos são segredos.


Procura cultivar como filosofia de vida o controle efetivo de sua ansiedade. Suzana considera-se muito ansiosa e estressada, por isso sua meta é não deixar que a ansiedade interfira na sua vida profissional e pessoal. "Longe de mim ser "zen", eu sou totalmente o oposto, mas eu persigo ser um pouco mais calma", enfatiza. Para ela, enxergar o mercado em que se está competindo e identificar as capacidades necessárias são primordiais para alcançar o êxito e a realização profissional. "Eu sempre digo que jornalista para se dar bem deve desenvolver algum diferencial, no caso, especializar-se em alguma área. Até porque, jornalista todo mundo é", sentencia.

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