Vicente Muguerza: Um cara que busca desafios

O nome completo é José Vicente Muguerza, embora o José seja “o lado oculto do nome”….

O nome completo é José Vicente Muguerza, embora o José seja "o lado oculto do nome". Já o sobrenome revelado é complicado, de origem catalã, o próprio Muguerza confessa que levou uns 30, de seus quase 40 anos, para aprender a pronúncia. O publicitário faz aniversário em 7 de julho e, embora tenha nascido em Porto Alegre, acredita que hoje tem ainda mais raízes, no interior do Estado, por ter atendido a diversos clientes em outras cidades, sem falar no trabalho que está desenvolvendo com a Farsul. "O Rio Grande do Sul eu conheço bem, em profundidade", conta.

Sua paixão pela publicidade teve duas origens. Na adolescência, admirava os amigos Luiz Henrique Rosa, Cado Bottega e Gil Kurtz, que estavam abrindo a agência Artefacto. Também começou a trabalhar, aos 17 anos, como vendedor da Lojas Renner. Sua família tinha uma forte ligação com a rede, todos trabalharam em algum setor. "Gostava de vender, é um negócio bacana, que motiva, desafia, mexe com as emoções. Mas vender produtos é uma coisa relativamente fácil, o desafio maior é vender serviços e, mais do que serviços, vender idéias, que ajudem os outros a vender produtos e serviços", explica. Por isso, ingressou na faculdade de Comunicação Social, na Unisinos, e se formou com ênfase em Publicidade e Propaganda.

Só quando já estava para concluir o curso, Muguerza deixou o emprego na Renner. Foi trabalhar no setor de movimentação de contas e compensação do Banco Itaú, um serviço da madrugada. "O final da faculdade foi bacana, eu trabalhava de madrugada no Itaú, estudava à noite, dormia de manhã e comecei a fazer estágio à tarde. Foi legal, um período? fantástico!", ri ao lembrar. Esse estágio foi sua primeira experiência na publicidade. Era com Pedro Oliveira, que tinha aberto uma nova agência, a XYZ, e Muguerza ficou lá por quatro ou cinco meses. Até que Gil o convidou para ser atendimento da Artefacto. Ele aceitou e, quando a agência fechou, acabou participando do novo empreendimento dos amigos: a Upper. "Esse momento foi bacana, de muita aprendizagem e desenvolvimento. Começamos a confrontar a teoria com a prática, colocar idéias em prática", diz.

Em 1991, um ano após a fundação da Upper, deixou a agência para montar seu próprio negócio, a Cartel, que durou de 1991 a 1996. O publicitário se orgulha que a empresa pequena tenha conquistado um bom espaço no mercado. "A gente trabalhava com alguns varejos que eram importantes na época, como Livrarias Sulina, Bela Casa, entre outros", conta. Nesse período, Muguerza cursou Administração, pois gosta de aprender, de se manter atualizado. Exatamente por essa razão, sentiu que sua vida profissional entrara num ciclo, que precisava ser rompido, pois estaria limitando sua carreira. Foi quando recebeu um novo convite de Gil, para fazer a gestão entre a Upper, a Talent e o Grupo Ipiranga. "Foi uma loucura, era tudo o que eu queria, trabalhar com o Júlio Ribeiro, o grande precursor dessa nova leitura da comunicação, com planejamento. Uma baita oportunidade de fazer um upgrade.

A experiência na Upper eu guardo com muito carinho, porque a agência vinha num momento legal, efervescente, e trabalhei com muita gente boa: além do Ribeiro, José Francisco Eustáquio, Marcelo Aragão, a turma da Ipiranga?", lembra. Nos seis anos em que exerceu essa função, passou pelos cargos de diretor de Atendimento e diretor-geral, que ocupava quando deixou a Upper. O profissional conta que só deixou a agência porque novamente sentia a necessidade de buscar outros desafios, pois adorava seu trabalho e a convivência pessoal. "Atendia a uma carteira de clientes maravilhosos, com Liquigás, Iguatemi, Isabela. Saí na época que chegou o Marcelo Pires, que é outro cara fantástico, como o Henrique, o Cado e o Gil", diz, orgulhoso pelos colegas.

Foi trabalhar na Competence, que, segundo Muguerza, oferecia uma tecnologia que ninguém mais tinha aqui no Sul. Foram dois anos lá, como diretor de Atendimento, até que, em 2004, surgiu a oportunidade de montar a Publivar, uma nova fase, na qual está dando os primeiros passos. A Publivar é a soma das experiências de Muguerza, Mauro Lima e Fernando Garros, todos ex-Competence. Mas o publicitário faz questão de explicar que eles não deixaram a agência para montar o novo negócio. "Foi muito maluco, porque comecei a ter a necessidade de fazer mais trabalhos na área da propaganda e saí primeiro, em abril de 2004, quando tive a oportunidade de desenvolver um projeto de consultoria na Farsul, que me foi indicado pelo João Satt.

Depois, em novembro, reencontrei os dois", justifica. Esse projeto, que hoje é atendido pela Publivar, é um motivo de orgulho: "É muito legal, se chama Casa Rural e é um projeto pioneiro, não temos registro de que exista em outro lugar do mundo. Ele coloca o Rio Grande do Sul na vanguarda do agronegócio, porque é muito completo". Muguerza não poupa elogios aos sócios: "São caras extremamente criativos, baita profissionais, focados, voltados para o negócio do cliente. Há uma sinergia muito grande, temos uma linha de raciocínio similar". Essa sinergia pode ser observada desde a escolha do nome da empresa.

Publivar foi uma empresa de José Salimen e os três acreditam que é uma marca forte, com boa aceitação e sem aspectos negativos associados a ela. Relançaram a marca em dezembro de 2004 e as expectativas são grandes. "Hoje, estamos trabalhando com seis grandes marcas e mais três projetos importantes. Nossa característica é comunicação e negócio, não propaganda. Propaganda é uma ferramenta, não uma premissa. Não é nossa ênfase, mas se precisar fazemos e bem feito", garante. A satisfação que tem com a vida profissional, Muguerza assegura que também tem com a pessoal.

Apesar da vida atribulada, o publicitário afirma que não tem dificuldade para conciliar família e trabalho, porque, "em comunicação, a gente sempre trabalha 10, 12 horas por dia e aprende a organizar a vida assim. Já há um rito, uma dinâmica". Ele é casado há 10 anos com Gisele, que conheceu na Caixa Econômica, banco em que ele tinha conta e onde ela trabalha. Já nos primeiros cinco anos de casamento, tinham três filhos. Hoje, Victor tem nove anos, Wagner, sete, e Werner vai fazer cinco anos. "As crianças são muito alegres, bagunceiras, mas é muito simples de organizar, nada que fuja do controle", conta. Para Gisele, só elogios: "É uma mulher maravilhosa, fantástica, que sempre me deu todo o apoio, além de três filhos incríveis". Ele afirma ser um alucinado por leitura, "leio de tudo, mesmo, caiu na minha mão, já estou lendo. Também gosto muito de viajar e adoro cinema. Enfim, sou um cara simples, normal".

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