Airton Rocha: Vocação para administrar

Workaholic assumido, Airton José da Rocha é reconhecido por sua capacidade de gestão e administração financeira. “Eu sou um empresário”, assume com convicç&

Workaholic assumido, Airton José da Rocha é reconhecido por sua capacidade de gestão e administração financeira. "Eu sou um empresário", assume com convicção. "Talvez eu pudesse ter sucesso administrando uma outra área, mas até hoje só trabalhei em propaganda". Aos 60 anos de idade, procura aliar os conhecimentos adquiridos pelo diploma acadêmico de administração com a experiência de quase 35 anos de atuação na propaganda. Sua estréia na área aconteceu em 1970, quando foi um dos fundadores da Símbolo Propaganda. Dez anos depois, comprou a parte de Laerte Martins na Martins + Andrade, passando a ser sócio de Hesiodo Andrade, até seu falecimento, em 1995. Á frente de uma equipe de 50 funcionários, ele mesmo dá atendimento a clientes e faz questão de participar das reuniões de planejamento. Liderou pessoalmente a criação voluntária da campanha "Doe Órgãos e Salve Vidas", para o Hospital de Clínicas, que, no período de janeiro a outubro de 2001, incrementou em 22% o número de doadores no Estado, igualando aos índices de países como a Espanha e EUA. O projeto Publicitário do Futuro, concebido e coordenado por ele, faz parte de uma idéia de identificar novos talentos. O espírito de liderança e a visão de futuro são marcantes em Airton. Enquanto concorre a Publicitário do Ano 2002, planeja, no ano que vem, começar a colher o retorno do novo modelo de trabalho implantado na M+A em 2001, quando convidou alguns diretores para participar da sociedade. "Acredito que uma gestão compartilhada e participativa é um grande avanço em termos de administração".
De sol a sol
A vocação apareceu aos poucos, revelada pelas oportunidades que surgiram no começo da carreira. O primeiro emprego foi de office-boy em uma empresa industrial madeireira. Em 12 anos de casa, passou por todos os setores: crédito e cobrança, faturamento, exportação, departamento de pessoal e assim por diante. "Tive uma bagagem de conhecimentos gerais sobre administração fantástica". Bagagem que contou pontos na conquista do emprego seguinte, onde teve o primeiro contato com a propaganda. Em busca de novos desafios, resolveu jogar tudo para cima, pediu demissão da madeireira e foi procurar uma recolocação no mercado. Respondeu a um anúncio que pedia um assistente de diretoria. Ainda sem saber direito do que se tratava, mandou currículo com foto e foi chamado para a entrevista. Do entrevistador, José Salimen, ouviu: "Gostei muito de ti, guri." E, em 1968, aos 26 anos, Airton começou a trabalhar na Denison Propaganda, onde ficou durante dois anos como assistente de diretoria. Aprendeu sobre propaganda e desenvolveu seu talento de administrador - tanto que decidiu ter a sua própria agência, participando da fundação da Símbolo e, mais tarde, tornando-se sócio da M+A.
Sombra e água fresca
Apesar de cumprir jornadas de 12 horas diárias, garante que isto não o afasta da família e do lazer. "Eu trabalho muito, levanto cedo, durmo tarde, não existe horário ruim para mim, mas nunca abro mão dos finais de semana". Aos sábados e domingos, refugia-se no seu sítio no Guaíba Country Club, na companhia de Marilene Rocha, sua esposa há 32 anos. No lugar que descreve como "fantástico", encontra sossego, seus cachorros de estimação e sua criação de galinhas de angola e, mais recentemente, de pavões. "Gosto de mexer na terra e brincar com os bichos", revela, sem nenhum traço de fobia urbana de quem nasceu, foi criado e sempre morou em Porto Alegre. Completam a família Rocha os cinco filhos que teve com Marilene. Cristiane, a número quatro, resolveu seguir a área da comunicação, está estudando publicidade e estagiando na agência do pai. Outro grande hobbie é a culinária. "Lá no sítio só eu meto mão na cozinha". Está sempre inventando alguma coisa, preparando desde a comidinha trivial a pratos elaborados, "dependendo do público e da ocasião". O Airton que hoje tem o descanso como sagrado nem sempre foi assim. Por muitos anos, não deu férias a si mesmo. "Eu achava que se eu me afastasse da cidade, a empresa quebraria". Para sua decepção - e sorte -, isso não aconteceu, e desde então começou a tirar férias todos os anos. O destino é a sua casa na beira da praia de Garopaba, onde encontra os amigos e desfruta da paisagem, aproveitando também a companhia de uma literatura mais leve do que a habitual. Normalmente tem preferência por leitura técnica. Seu livro de cabeceira no momento é 'A Arte da Guerra', do escritor chinês Sun Tzu. "Hoje as modernas administrações estão se inspirando nas técnicas de guerra adotadas pelas dinastias chinesas". Dali, assegura, saem boas lições para o dia-a-dia.

Comentários