SBT RS: O tripé que dá certo

Emissora que trabalha sob os valores de Diversão, Informação e Família tem na alegria um de seus principais ativos

 

Pessoas, câmeras, cenários, telefones, ilhas de edição, fotos, carros e cores, muitas cores! Esse emaranhado de aspectos unido num mesmo local. Esse é o SBT RS, aquele que tem como jargão "A TV mais feliz do Brasil". E não é para menos, pois o clima, ao chegar na emissora, é contagiante, a começar por um totem com a foto do Silvio Santos, proprietário da empresa, em tamanho real, logo que se passa a catraca de acesso. O engraçado é que todo mundo que chega pela primeira vez para ao lado da imagem para tirar uma foto, já é marca registrada da recepção.

Nesse andar, ficam os setores administrativo e operacional, como Recursos Humanos e Departamento Pessoal, Comercial, Marketing, etc. É também onde está a principal sala de reuniões, devidamente decorada com fotos e quadros das atrações do canal. Ou seja, não raro é possível se deparar com a Eliana, o Ratinho, o Chaves, o Roberto Cabrini, entre outras figuras nacionais estampadas pelas paredes do prédio.

A sala grande e confortável é o local escolhido pelo gerente regional de Jornalismo do SBT RS, Danilo Teixeira, receber a reportagem de Coletiva.net. Ao fazer questão de deixar todos os ambientes com livre acesso, possibilitando a circulação tranquila da equipe do portal, ele já adianta: "O jeito que a gente faz TV, só a gente faz e só a gente vai poder fazer. Então, não temos receio de cópia ou qualquer questão estratégica". A frase, que não chega a soar como soberba, é explicada pelo fato da emissora ter fãs. Ou seja, "são mais do que telespectadores, são os chamados sbtistas".

O segundo Silvio mais importante

Antes mesmo de cruzar pela recepção, quem chega no prédio do Morro Santa Tereza - bairro onde fica a maioria das emissoras de televisão em Porto Alegre -  precisa passar pela portaria. E eis a primeira etapa dessa alegria que a emissora transmite: Silvio Soares Chagas, o Silvinho. Responsável pelos acessos de entrada e saída, ele é considerado pelos colegas o segundo Silvio mais importante do veículo. Aliás, há quem diga que ele é "a cara do SBT". Seis anos de empresa permitem que o vigilante testemunhe as mais pitorescas situações, como, por exemplo, as pessoas pedirem para falar com o Ratinho ou com o Silvio Santos. "Com toda paciência, eu tento explicar que eles não ficam aqui e digo: 'Nem eu consigo falar com eles, minha senhora'", brinca, gargalhando.

Ao conversar com os colegas de Silvinho, uma constatação sobre a sua figura é unânime: nunca viram ele sério. Morador do mesmo bairro, gosta de conversar com quem quer que seja, espalhar carinho e, claro, tudo isso regado a grandes doses de educação e cordialidade. "Um sorriso não é nada para nós, mas pode fazer toda diferença para outras pessoas. Já temos tantas coisas ruins demais, né?", provoca, explicando o motivo de estar sempre de bem com a vida.

E a fama de alegre não fica restrita ao SBT gaúcho, pois muitos profissionais de outras emissoras o conhecem, além dos motoristas de ônibus, que passam acenando para Silvinho. "Nas festas de final de ano, até me chamam de Liminha (referência ao assistente de palco do SBT nacional, que atua na empresa há mais de 30 anos)", detalha, novamente aos risos. É claro que existem momentos difíceis para ele, como foi o caso do dia da entrevista, já que o neto de dois meses estava hospitalizado. "Já chorei hoje, aqui. Minha cabeça está lá, mas não posso deixar a peteca cair. As pessoas não têm culpa da minha dor."

A vista mais bonita de Porto Alegre

O terraço do prédio conta com um deck, construído na época da Copa do Mundo no Brasil e que ficou como um legado do evento esportivo. O espaço é considerado por grande parte da equipe como o preferido devido à vista que proporciona. E ela é realmente incrível. De lá, é possível ter uma visão de Porto Alegre que, no dia a dia da famosa selva de pedra, fica esquecida, quase inexistente. Além da vista panorâmica, à paisagem é somado o Guaíba, que dá um toque todo especial - em dias ensolarados, então, nem se fala!

Para Danilo, a equipe é privilegiada por ter um local tão bacana. "Queremos até fazer uma plaquinha pra colocar no deck: a vista mais bonita de Porto Alegre. É maravilhosa mesmo", conta. E o espaço não serve apenas para fotos bonitas ou apreciação da natureza, é de lá que são transmitidas as previsões do tempo, por exemplo. Nas sextas-feiras, quando são convidadas bandas para participar do telejornal local, o SBT Rio Grande, elas também ficam lá em cima.

Ainda em termos de estrutura, existe outro local muito querido pelos colaboradores, que é a Cave - abreviatura de caverna, devido à localização ficar numa espécie de subsolo. Lá, o pessoal almoça, descansa, joga sinuca ou bota conversa fora mesmo. Como não haveria de ser diferente, o ambiente é todo colorido e tem também churrasqueira, para encontros mais informais da equipe. Ao lado da Cave, com um espaço separado e exclusivo, fica (ou melhor, ficará) um estúdio novinho, maior e mais moderno. "É a nossa menina dos olhos. As obras estão em fase final, faltando só o que há de mais caro, que é a parte de iluminação e cabeamento", detalha Danilo, ao levar a equipe de Coletiva.net para conhecer todos os ambientes da casa.

Categoria de base

No segundo andar do prédio, é onde tudo acontece na prática. Redação, estúdio e ilhas de edição estão sempre movimentados, e o entra e sai de profissionais dá vida ao tripé disseminado por entre os corredores: diversão, informação e família. Em pouco tempo, é possível presenciar a redação agitada com as pautas do dia, os editores de um lado para o outro, garantindo que todos os agentes façam a diferença, e até mesmo os apresentadores repassando os últimos detalhes - como é o caso de Marcelo Coelho, que retoca a aparência em frente ao espelho, e Débora de Oliveira, com rolos no cabelo e distribuindo simpatia.

E nessa correria, pode ser facilmente encontrado o editor-chefe do SBT Rio Grande, Matheus Giglio, que está na casa há sete anos. É o tipo de colaborador "formado nas categorias de base", já que começou estagiário, passou pela produção local e de rede, reportagem e edição, e hoje comanda o principal jornalístico da emissora. Ele, que chega todos os dias às 7h, tem como primeira missão dar uma olhada no espelho das matérias e discutir as pautas do início da manhã com a equipe. "É um processo bem coletivo e colaborativo aqui dentro", pontua Matheus.

Além do telejornal, auxilia no SBT Esporte, pois o espelho entre uma atração e outra é o mesmo. A reunião de pauta acontece logo após a transmissão dos programas, a partir das 13h, que é quando se passa o bastão de turno. Na ausência de Danilo, é formado um comitê entre os editores para que se dividam nas responsabilidades e demandas. "Aliás, só tem uma semana que ele saiu de férias e estamos todos com saudade. Já pode voltar", brincou o jornalista.

Conhecido nos bastidores por suas imitações dos colegas apresentadores, uma das mais marcantes é a do dono do canal. É comum, por exemplo, nas festas de final de ano da empresa, apreciar o jornalista caracterizado de Silvio Santos e arrancando risos da turma. "Apesar de ser despachado, não gosto de atuar na frente das câmeras. Sempre fui mais útil atrás delas", compara, garantindo que se sente bastante valorizado pela empresa, motivo que o faz querer permanecer na casa.

Linha de show

Nem só de Jornalismo vive o SBT, que tem como marca muitos programas nacionais de entretenimento. A chamada linha de show local é representada pelo MasBah e pelo Anonymus Gourmet, e tem no comando o também chefe de programação, Clayton Yukio, um paulistano com forte descendência japonesa. O diretor artístico tem uma formação inexistente no Rio Grande do sul, que é a graduação em Rádio e TV. Há quatro anos na emissora e em Porto Alegre, Clayton ressalta que não costuma reclamar dos lugares onde trabalhou, mas que respeita demais o SBT e tem um carinho todo especial pelo canal.

Sem nunca ter recebido algum tipo de censura, o diretor garante que não há assuntos vetados, mas sabe que todo mundo acaba por entrar no clima leve do veículo. "No MasBah, por exemplo, é proibido mostrar desgraça. Queremos que as pessoas possam ligar a televisão, por meia hora de um sábado de tarde, e esquecer os problemas. E acho que essa premissa é bem disseminada aqui dentro", avalia.

Vendo-se como um gestor tranquilo, Clayton também conta que não é de pegar no pé, nem cobrar horários, mas que faz questão de ter com a sua equipe pactos de responsabilidade, onde cada um sabe a sua importância na engrenagem. Em número menor do que no Jornalismo, uma sala anexa à redação é composta por ele e mais três colaboradores. E com esse clima de intimidade fica fácil instituir a tradição de toda sexta-feira alguém levar um bolo para passar a tarde. "Tem até uns e outros do Jornalismo que nos visitam nesse momento", relata.

Outro personagem da casa é o responsável pelo setor de Recursos Humanos, o Jetson Raniere. Sim, o nome dele é exatamente em função do desenho animado da década de 1990. Os Jetson tinham como tema a "Era Espacial" e retratavam a humanidade com carros voadores, cidades suspensas, trabalho automatizado - foi transmitido pelo SBT durante muitos anos. O Jet, como é conhecido por todos, garante que o dia a dia de recrutamento e seleção, segurança do trabalho, relação com sindicatos - dos jornalistas e dos radialistas -, por mais agitado que seja, é muito bacana. "A rotina é não ter rotina, o que é ótimo, pois o dia passa e a gente nem percebe", pontua.

Para ele, que trabalha no administrativo, onde a correria é aparentemente menor, mas não menos intensa do que no andar de cima, um dos aspectos mais interessantes da empresa é ser exatamente como as pessoas pensam que ela é. "Tudo aquilo que eu percebia no SBT como telespectador, não mudou quando vim para dentro. Confirmei que é um canal leve, alegre, e com um clima diferenciado."                                                                                                 

 

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