Guerra cibernética é a próxima arma moderna, avisam painelistas do SXSW

Tema foi discutido no debate 'A guerra cibernética atual virou uma guerra de propaganda'

Por Letícia Duarte

Os painelistas do SXSW avisaram aos presentes que a guerra cibernética é a próxima arma moderna. E, segundo eles, a batalha já começou, como ficou claro na última eleição norte-americana, com ataques de notícias falsas e anúncios no Facebook tentando direcionar os resultados do pleito. O tema foi discutido no debate 'A guerra cibernética atual virou uma guerra de propaganda', nesta segunda-feira, 12, com participação de jornalistas, pesquisadores em política externa e a ex-diretora de campanha da candidata Hillary Clinton à presidência dos Estados Unidos em 2016, Jennifer Palmieri.

"No passado, imaginava-se que o conflito seria feito com grandes hackers tentando desestabilizar o sistema, o que, eventualmente, até acontece, mas o que temos aprendido a partir de 2016 é que o conflito no espaço virtual hoje é travado nas redes sociais", analisou o jornalista Noah Shachtman, editor-executivo do Daily Beast, que foi fundador e editor do site de segurança nacional da Wired Magazine.

A ex-coordenadora de campanha da candidata democrata, que acabou derrotada por Donald Trump, contou que eles começaram a desconfiar de um ataque orquestrado de notícias falsas quando perceberam que muitos dos perfis que difundiam inverdades tinham como zero no número de seguidores. Além disso, usuários diferentes publicavam as mesmas mensagens, independentemente da região geográfica. "Nas próximas eleições, todo mundo estará mais atento, levando isso mais a sério. Antes, não tínhamos ideia da dimensão desse fenômeno", disse Jennifer.

O repórter do Washington Post Shane Harris avaliou que a guerra das fake news cada vez mais exige que empresas como o Facebook assumam posições editoriais. "Eles ficam dizendo que não querem assumir esse papel de mediação, mas já estão fazendo isso com algoritmos. Agora, a rede social voltou a privilegiar as publicações pessoais, e não as notícias, e dizem: 'vamos deixar o usuário decidir'. Mas não acho que esta seja a resposta. As companhias digitais estão enfrentando o mesmo dilema que os jornais já tiveram quando nasceu a era do jornalismo digital. As organizações de tecnologia precisam fazer mais neste sentido", avaliou.

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