Lidando com o FOMO, o medo de perder algo interessante

Com a possibilidade de não conseguir assistir ao que se programaram, participantes enfrentam ansiedade que ganhou sigla

Por Letícia Duarte

Com expectativa de reunir mais de 70 mil participantes, o SXSW 2018, que começou na sexta-feira, 9, em Austin, no Texas, se consagra cada vez mais como um dos maiores festivais de inovação do mundo. Mas a fama tem seu preço. Como já virou tradição, as filas se estendem pelos corredores, e é comum que os participantes não consigam acompanhar as palestras selecionadas.

A ansiedade é tanta, que já ganhou uma sigla: FOMO (fear of missing out), o medo de perder algo interessante. Para evitar a síndrome, a jornalista gaúcha Larissa Magrisso, VP de criação e de conteúdo da W3haus, começou a planejar sua vinda para o festival em agosto. Estudou bastante a programação, mas decidiu estar aberta para as mudanças.

"Só hoje, às 9h30min, tinham umas seis coisas que queria acompanhar. O principal desafio aqui é não ficar frustrado pelo que não se conseguiu ver, então, fiz minhas escolhas, mas também vim com a cabeça aberta para ser surpreendida", contou Larissa, que chegou com uma hora e meia de antecedência para não perder uma das atividades.

Em meio a tantas palestras em variadas áreas, ela tem priorizado palestras focadas em relações humanas. Uma de suas preferidas até o momento foi a da psicoterapeuta Esther Perel, autora de best-sellers sobre sexo e relacionamentos. A autora abordou como as relações vêm se transformado na contemporaneidade.

"Uma das coisas interessantes que ela falou é que antes havia vida na vila, na comunidade, e as pessoas podiam contar umas com as outras. Agora, nas cidades, nunca tivemos tanta liberdade, mas também temos angústia, por não termos senso de pertencimento", contou Larissa ao Coletiva.net.

Ela completou a reflexão comparando que, "antes, na vila, você escolhia entre dois caras para casar. Agora, nos aplicativos, você tem 10 mil. Mas essa liberdade também nos oprime, porque há o medo de perder as outras opções, o fear of missing out". Ou seja, para ela, em um festival que discute inovação em tantas áreas, percebeu que ninguém estava estudando as relações, que são a coisa mais importante. Larissa veio para Austin com um grupo de cinco amigos, todos gaúchos.

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