A transformação do 'proletariado'

Por Vera Bavaresco, para Coletiva.net

Em tempos de Semana da Propaganda, vem à tona, de forma mais contundente, questões sobre a crise desta nossa indústria. Temas como inovação de formatos de atuação, modelos, remuneração, o valor das ideias, agências como hubs ou ecossistemas, etc. Entretanto, o que de prático e real está sendo feito?

Existem, sim, algumas ações isoladas, mas a verdadeira revolução silenciosa, ainda, vem acontecendo em pequenos grupos do nosso mercado, que representam as mais diversas áreas deste setor, como planejamento, atendimento de agência e de veículo, criação, produção, mídia e marketing. Esta história foi acontecendo em momentos isolados e diferentes, mas ganhou força a partir da oferta da Associação Riograndense de Propaganda (ARP), há uns dois anos, de nos tornar protagonistas.

No começo, tudo aconteceu de forma tímida, tratávamos dos temas dentro dos diferentes núcleos, mas, aos poucos, fomos nos complementando e evoluindo nas discussões, proposições e análises. Nesses grupos, os profissionais de áreas diversas, ainda em número pequeno, doam seu tempo já tão escasso, de forma voluntária, para tentar discutir, contribuir e disseminar conceitos, ideias. A partir destas reuniões foi possível verificar que as dores são muito semelhantes.

As diferentes experiências trazidas à mesa de discussão têm olhar maduro e muito claro da realidade de cada área e do contexto onde estão incluídos. Independentemente de quanto somos, muito do que estamos vivendo no mercado, como falta de gente e excesso de trabalho, juniorização em algumas funções chave, em todas as pontas (agência, clientes, veículos, etc), áreas e funções desprestigiadas, terceirização de atividades e tantos outros casos desta nossa vida real, diz respeito a todos.

Mas apesar de tudo que vemos e vivemos, as entregas acontecem e surtem seus efeitos, na maioria das vezes, muito mais pela competência de quem elabora, do que da máquina da qual fazemos parte. E é isso que estamos discutindo, mesmo que ainda sem o engajamento necessário, para colaborarmos com esta engrenagem da propaganda, funcionando como os proletários que tentam fazer a revolução.

Necessário é que tenhamos a participação ativa de quem tem o poder de tornar nosso tempo mais rentável e nosso trabalho muito mais efetivo, com o penso e estratégias necessárias para podermos efetivamente transformar, inovar e criar, independentemente do modelo. Convidamos os "donos" a se juntarem a nós para que possamos encaminhar o melhor modelo e a melhor forma de operarmos.  Certamente, a partir daí encontraremos os melhores modelos para operarmos em um mercado que será capaz de entender que boas ideias têm valor e por isso não tem preço, e isso valerá também para os profissionais.

Fica nosso convite para que todos os envolvidos nesta operação venham trocar ideias conosco no dia 4 de dezembro, no encontro dos grupos promovido pela ARP, na ESPM-Sul. Lá, não se tem a intensão de concluir nada, mas, certamente o que queremos é quebrar paradigmas e começarmos a encurtar as distâncias para melhores soluções e menores reclamações, onde não existam os proletários em revolução mas profissionais trabalhando para a transformação.

Vera Bavaresco é gerente de Negócios do Grupo RBS.

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