CC também é gente!

Por Gilberto Jasper, para Coletiva.net

Ocupantes de cargos de confiança são figuras odiadas. Trata-se de uma grande injustiça como ocorre com toda a generalização, resultado da falta de informações ou de má fé, inclusive de parte da mídia.

Já ocupei inúmeros CCs, função que desempenho atualmente. Àqueles que me chamam de vagabundo, asseguro que, ao contrário de outros trabalhadores, não tenho jornada fixa. Desconheço feriados e não temos folgas em feriados, tipo Natal, Ano Novo, Carnaval ou Páscoa.

As onipresentes redes sociais nos transformaram em robôs que funcionam 24 horas, inclusive à beira do mar, no aniversário dos filhos, ao pé da churrasqueira ou na piscina. Apesar das maledicências, somos seres humanos que necessitam (e merecem) repouso, lazer e relax.

Como jornalista, a jornada é ainda mais estressante. Assessores de imprensa - ou "de comunicação" - tem a capacidade incomum de "falar" por nosso assessorado. Isto se deve à convivência intensa e diária que permite saber, com antecedência, o que o chefe pensa e o que fará sobre qualquer assunto.

Assessor de imprensa é mais que um gerador de relises, artigos e pronunciamentos. A rotina inclui "arredondar" conflitos na empresa ou no gabinete político onde trabalhamos. Com facilidade para conciliar, frequentemente é chamado para mediar entreveros que nada tem a ver com a função original. Isto é rotina para qualquer detentor de CC, em qualquer atividade, porque ele jamais pronunciará a célebre frase:

- Isto não é minha função!

Ao longo de 40 anos de profissão, ocupei cargos de confiança no três poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário. Apesar de "vestir (e suar) a camiseta", com raras folgas, seguidamente sou taxado de preguiçoso, omisso, conivente e larápio do dinheiro público. Detentores de CC já estão acostumados, mas dói saber disso e constatar que nossas famílias sofrem com ausências sistemáticas em datas comemorativas.

No dia 1º de fevereiro, assume a 55ª legislatura da Assembleia Legislativa, com 50% de novos deputados, que preencherão vários CCs, incluindo jornalistas, publicitários e RPs. Haverá muitos assessores de comunicação novatos. A eles cabe um conselho deste dinossauro da comunicação: não deem ouvidos à "corneta". Mostrem que vocês são profissionais que somente sobreviverão se mostrarem competência, dedicação e resultados. Como qualquer mortal comum!

Gilberto Jasper é jornalista.

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