Gerar Conteúdo = sobrevivência do rádio

Por Rodrigo Giacomet, para Coletiva.net

Transitava pela BR 116, numa tarde chuvosa de um sábado qualquer, rumo a Pelotas, zona sul do Rio Grande do Sul, dirigindo-me a um evento da União FM - 99.9, praticando a velha mania de curtir várias e várias rádios. Sim, sempre ele, o velho e bom rádio do carro, apertando o seletor de estações de minuto em minuto. Com a idade, as manias apenas pioram.

Inesperadamente, me vi por três, cinco, dez minutos sem trocar de estação. Estava sintonizado na 97.7, Rádio Acústica, de Camaquã. Ouvia o relato de uma pessoa que contava suas andanças pela Europa, passando por Portugal e Alemanha. A riqueza de detalhes chamou a atenção, assim como a objetividade do repórter/viajante.

Seguia rodando e vivendo em pleno mês farroupilha, a conversa levada ao ar, transcorria sobre a Guerra dos Farrapos, com um historiador munido de informações precisas e consistentes. Jamais esquecerei a definição que ouvi sobre a guerra tão celebrada pelos gaúchos: "Um embate que falamos que ganhamos, confessamos discretamente que empatamos, mas no fundo sabemos que perdemos".

Aí me coloquei a pensar porque havia parado com a troca incessante de prefixos, movimento esse que amenizava a minha indignação com a letargia inexplicável das obras de duplicação da BR 116, entre Guaiba e Pelotas. A resposta veio rápida: havia geração de conteúdo ! Bingo ! Eu não encontrava motivo para trocar de rádio. Passei a prestar atenção e me sentir envolvido com aquilo que era transmitido pelas ondas sonoras.

E obviamente, fiz a relação direta com a busca constante que os profissionais da Rede União FM, minha casa nos últimos dois anos, se preocupam diariamente e que justifica a força do rádio, em pleno Século XXI, mesmo com todos os adventos tecnológicos: isso mesmo, a geração de conteúdo.

Em idos tempos, com o surgimento da televisão, prenunciava-se o fim do rádio. Veio a internet e o rádio morreria. Facebook, spotify e outras novidades tecnológicas surgiram e, enfim, a morte do rádio era inadiável. Que nada ! Ele segue forte, sendo ouvido por milhões de pessoas, com uma única necessidade: adaptar-se.

As rádio novelas. os tempos da bela voz; os tempos de muita música e pouca voz dos locutores; os tempos dos comerciais sem música; os jingles. Adaptações, em cada um dos momentos. Hoje, o rádio sobrevive se gerar conteúdo. Se criar sinergia com seu ouvinte. Se lhe gerar experiências. Se for uma companhia para quem está do outro lado.

No caso da União FM - 105.3, trata-se de uma rádio de quase quarenta anos de história, com décadas dedicadas a boa música instrumental e a inconfundível voz de Sérgio Schuller. Tinha seu público fiel. O tempo passou e a necessidade de atualizar-se era inequívoca.

Hoje, a partir de um processo de modernização iniciado em meados de 2015, a rádio tem locutores preocupados não apenas em falar o nome do cantor ou da música, mas histórias correlatas do passado e do presente, do mundo artístico. Temos informações do helicóptero da União, repórter de trânsito, previsão do tempo, comentaristas. Geração de conteúdo, a todo o momento.  Tudo, é claro que sempre associado a essência da rádio: a boa música, atualmente com muitos hits dos anos 80, além do pop rock nacional e internacional.

Propiciar experiências também passou a ser uma necessidade, com a promoção de shows de grandes nomes nacionais ou astros locais, pic nics ao ar livre, eventos de saúde e educação, além de palestras.

A usina de idéias não pode parar, sempre com a preocupação de fidelizar o ouvinte, fazendo com que ele sinta-se dentro da rotina da emissora, não se sentindo solitário, onde quer que esteja. A Denise, o Codevilla, o Cagê, o Altair, o Padão não são apenas locutores: são seus parceiros de rotinas.

E os números mensais que o Ibope nos apresenta indicam que estamos no caminho certo, consolidando e ampliando nossa audiência.

Geração de conteúdo: sinônimo de sobrevivência para o veículo rádio, nos tempos atuais. Esta geração de conteúdo que me fez conhecer a rádio Acústica, de Camaquã, que a partir daquele momento, motivou esse artigo, que é publicado no Coletiva.net, que muitas pessoas irão ler, e a partir daí conhecer a rádio Acústica, e passar a ouvi-la...

E assim vive-se no século XXI... Gerando conteúdo ! Para a alegria dos que amam o rádio: vivo e forte.

Rodrigo Giacomet é diretor da Rádio União FM NH e Pelotas.

Comentários