Justiça às vítimas da Boate Kiss

Por Gilson Piber

No dia 27 de janeiro, a tragédia da Boate Kiss completa seis anos. Na madrugada de um domingo de 2013, um incêndio no local causou a morte de 242 pessoas, a maioria jovem, e deixou centenas de feridos. O caso teve repercussão mundial e colocou Santa Maria, o Rio Grande do Sul e o Brasil no centro das discussões sobre segurança em estabelecimentos noturnos. Imprudência, omissão, superlotação e falta de fiscalização contribuíram para o sinistro. 

Até o momento, os quatro réus não foram sentenciados pela Justiça por causa da tragédia. Os sócios da casa noturna Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, e Mauro Londero Hoffmann, além dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão, aguardam o julgamento em liberdade. Enquanto isso, os familiares das vítimas carregam a dor e o sofrimento pela perda de seus entes-queridos. Já os sobreviventes vivem com as sequelas do incêndio, numa luta diária não menos dolorida.

Alan, Alexandre, Alex, Alisson, Allana, Ana Caroline, Anas Paulas, André, Andressas, Andrieli, Andrise, Ângelo, Ariel,  Augustos, Bárbara, Benhur, Bernardo, Bibiana, Brady, Brunas, Brunos, Camila, Carlitos, Carlos, Carolina, Cássio,  Cecília, Clarissa, Crisley, Cristiane, Daniels, Daniela, Daniele, Danilo, Danrlei, David, Débora, Deivis, Diego, Dionatha, Douglas, Driele, Dulce, Elisandro, Emerson, Emili, Ericson, Erika, Evelin, Fábio, Felipe, Fernandas, Fernandos, Flávias, Franciele, Francielle, Francieli, Gabriela, Gabriella, Geni, Gilmara, Giovane, Greicy, Guilherme, Guino, Gustavos, Heitores, Helena, Helio, Henrique, Herbert, Igor,  Ilivelton, Isabella, Ivan, Jacob, Jaderson, Janaina, Jennefer, Jéssica, João Aloisio, João Carlos, João Paulo, João Renato, José Luiz, José Manuel, Julia, Julianas, Juliano,  Karen,  Kelen, Kellen, Kelli, Larissas, Lauriane, Leandra, Leandros, Leonardos, Letícias, Lincon, Louise, Luanas, Lucas, Luciane, Lucianos, Luís Carlos, Luís Felipe, Luísa, Luiz Antonio, Luiz Eduardo, Luiz Fernandos, Luiza, Maicons, Manoeli, Marcelo,  Marcos, Marfisa, Maria, Marianas, Mariane, Marilene, Marinas, Martim, Marton, Matheus, Maurício,  Melissas, Merylin, Michele, Michéli, Miguel, Mirella, Monica, Murilos, Natana, Natasha, Nathiele, Neiva, Octacílio, Odomar, Pâmella, Paola, Patrícia,  Paulas, Pedros, Priscila, Rafaels, Rafaela, Raquel, Rhaissa, Rhuan, Ricardos, Robson, Rodrigos, Rogers,  Rogérios, Rosane, Ruan, Sabrina, Sandras, Shaiana, Silvio, Stefani, Susiele, Taís, Taíses, Tanise, Thailans, Thais,  Thanise, Thiago, Tiago, Ubirajara, Vagner, Vandelcork, Vanessa, Victor, Vinicius, Vitória, Viviane, Walter e Wicton foram as vítimas fatais e deixaram o plano terreno prematuramente.

Além de todos os envolvidos na tragédia da Boate Kiss, a comunidade santa-mariense clama por justiça, não como mera punição aos responsáveis pelo incêndio e as mortes ocorridas, mas para aliviar o sentimento de perda e afastar definitivamente o clima de impunidade.

Ao citar o educador Paulo Freire, o filósofo Mario Sergio Cortella diz que "não se pode confundir esperança do verbo esperançar com esperança do verbo esperar. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo. E, se há algo que Paulo Freire fez o tempo todo, foi incendiar a nossa urgência de esperanças". Devemos esperançar por justiça, hoje e sempre.

*Texto originalmente publicado no Diário de Santa Maria, em 21/01/2019.

Gilson Piber é jornalista e professor universitário.

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