A eleição de Sartori: a compreensão do conceito de mudança (II)

Por Elis Radmann As pesquisas demonstravam que os eleitores gaúchos não estavam satisfeitos com a atual gestão, tendo em vista que o somatório dos …

18/11/2014 16:03 / Atualizado em 25/11/2014 16:05
Por Elis Radmann As pesquisas demonstravam que os eleitores gaúchos não estavam satisfeitos com a atual gestão, tendo em vista que o somatório dos eleitores que avaliavam o governo como mediano ou negativo ultrapassava 65%. O desafio era compreender o significado da palavra ?mudança? para o gaúcho, em especial, para o eleitorado que avaliava o governo como ?regular?, e compreender se o debate da mudança estava associado à ?troca de governante? ou à ?forma de gestão?. Os testes de pesquisa realizados demonstraram que a maioria do eleitorado não estava preocupada com ?a troca de governante?. A preocupação do eleitor estava situada ?com a forma de administrar?, no ?cuidado com as questões básicas?, sendo que 55% afirmavam que o que deveria mudar era ?a maneira de governar/ agilidade na prestação de serviços?. Os eleitores foram questionados sobre o significado da mudança: 58,8% citaram palavras associadas à melhoria de serviços públicos (saúde, educação, segurança?). A forma ou maneira de administrar o Estado foram citados por 23,5% dos eleitores (melhoria, agilidade, otimização, resultados?). A economia e as finanças do Estado foram lembradas por 5,6% dos gaúchos, e as características do governante, por 5,6%. Via de regra, verificou-se que o raciocínio da maior parte do eleitorado ao avaliar o tema "mudança" segue a seguinte lógica: 1º) O eleitor pensa de forma objetiva em um serviço. Cita o serviço que na sua opinião precisa receber mais atenção (por exemplo, a saúde). 2º) Na sequência, avalia que além de o "governante" priorizar o serviço, precisa repensar a forma de "fazer", ?como o serviço funciona? e ?como deveria funcionar?. 3º) Durante esta reflexão, o eleitor remonta alguns insights da eleição anterior e das propostas que estavam em suas lembranças ou que foram divididas em sua rede de relações. Em muitos casos, o eleitor chega à conclusão de que "talvez" seja melhor "trocar" o governante. 4º) Passa a analisar as alternativas dispostas no cenário eleitoral, as alternativas de candidaturas. 5º) Sabendo ?o que quer mudar?, o eleitor procura o candidato que tenha as características e o comprometimento com a necessidade ou meta dele, eleitor. É neste contexto de reflexão do eleitor em prol de uma ?mudança? que prime por ?cuidar da manutenção básica dos serviços públicos? que se deve analisar a eleição de Sartori. Elis Radmann é mestre em Ciência Política pela Ufrgs e diretora do IPO ? Instituto Pesquisas de Opinião. elis@ipo.inf.br