A guerra, o Lolla e o tapa na cara

Por Iraguassu Farias, para Coletiva.net

Na guerra, dizem, a primeira vítima é a verdade. E deve ser verdade. Difícil achar os mocinhos, tamanhas são as mentiras. E, nestes tempos do instantâneo, elas incrivelmente sobrevivem por bom tempo, especialmente quando nos chegam pelo viés com que querem que as vejamos.

Depois das grandes guerras do início do século passado, vieram as do final dele, mas aí sem o grande teatro de operações, e sim com ataques com drones dos mocinhos com precisão milimétrica, a dizimarem terríveis inimigos queimados de sol. 

Ao fim e ao cabo, sempre vale a versão do dominador, não necessariamente do vencedor. Sim, porque da guerra das comunicações é que sai o vitorioso, seja Vietnã, Afeganistão ou outro qualquer. Isto tudo são verdades conhecidas, como conhecida é a constitucional liberdade de expressão, tão invocada e tão deturpada nestes tempos.

Diz aí: tem como enfrentarmos um pleito eleitoral com um juiz como este do TSE, que tentou calar as manifestações do festival Lollapalooza? Nem dá pra divagarmos muito, porque este direito é consagrado na constituição. Não se deve, obviamente, confundir o conceito com o laissez faire, mas não se tratava de promoção praticada por quadro eleitoral, militante, tampouco agente público. Então, como censurar? 

As artes foram os maiores baluartes na defesa de direitos nos anos de chumbo e, infelizmente, nestes tempos atuais, no Brasil, elas precisam, além de reverberarem anseios da sociedade, lutar pelos seus próprios princípios, porque, afinal "acabou a mamata para estes bandos de maconheiros".

Mas a guerra da opinião, da versão, perpassa tribunais, festivais e deságua no Oscar. Que tapa, meus senhores! Leio que muita gente ainda tem dúvidas - se armação ou não. Mas o que importa? Importa que o freio à escrotice foi acionado. Sempre gostei deste cara, o (Will) Smith (uma espécie de Silva naquele país). Não gosto muito do Joe (ou Zé Biden, mas isto é outra história).

Voltemos ao Will, portanto. Um ataque - muitos de nós não aprovam agressões (nem armas), mas um ataque em defesa. Em defesa de algo muito superior. A imprensa se apressa em esclarecer a doença da qual é acometida Jada, esposa do Smith. Mas, senhores? importa? Houvesse apenas raspado a cabeça, ainda assim seria degradante a chacota, o xiste.

E também pode parecer irrelevante, mas Chris Rock, ou outro qualquer, deveriam parar com este humor idiota que diminui o outro, presente em tantas edições. Assim, vale pro intestino de um e a falta de dedo de outro. 

Sim, já estou antevendo o uso destas particularidades logo ali na frente. E sempre pra degradar. Em comum entre as três referências do título? Nada. Apenas verbos que queríamos não ter de pronunciar: dizimar, censurar e denegrir.

Iraguassu Farias é diretor Comercial de Coletiva.net

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