Duelo jornalístico

Por Adriene Antunes

Comunicar é tão importante e, ao mesmo tempo, para o mundo dos comunicadores, tão difícil. Sim, estranha missão de se comunicar entre os entes comunicadores.

A relação entre assessor de imprensa e jornalista de veículo é, no mínimo, rasa. O que não deveria. De um lado, o assessor, que é mau visto por estar de um lado da força (sim o capitalismo, ou seja, como você quiser chamar) e de outro, o jornalista de redação (independentemente de qual veículo), que parece não entender o real papel do assessor.

Se o assessor cumpre à risca os ensinamentos de algumas obras clássicas da comunicação ele se torna o chato e inconveniente, ou melhor: o puxador de saco dos meios de comunicação. Porém, se não cumpre, tenta ser um pouco menos ortodoxo. Por exemplo, ele é visto duplamente como chato por ser assessor e por "filtrar", "defender" ou "barrar" os repórteres.

O assessor, na verdade, é um humano, afinal, jornalista e, em grande parte dos casos, busca de todas as formas fazer jornalismo de qualidade para que a mídia se interesse pela pauta, pela notícia e não pelo "favorzinho" ou "puxa-saquismo".

Nós, assessores, queremos apenas trabalhar de forma digna defendendo o lado da força que escolhemos. Sim. É assim que a vida é, quando nos tornamos assessores ganhamos o rótulo de nunca mais ser um jornalista de redação, porque temos lado e o "lado" nunca é bem visto pelos conglomerados das mídias.

Nós, assessores, queremos ter apenas o direito de trabalhar de forma ética e fiel aos princípios jornalísticos de forma simpática com vocês, amiguinhos! Sem sofrermos com as maldades dos repórteres e editores das redações que se utilizam destes cargos para ligar aos nossos chefes e pedir alterações nas Assessorias. (Quem nunca?)

O que sabem eles de nós? O que querem eles? Muitas vezes, mal sabem que, tal como repórteres de veículos, sofremos com a falta de compreensão interna, de entendimento da profissão e da importância do jornalismo. Entretanto, eles não querem saber. Eles preferem nos tachar de chatos. Como se ser assessor fosse menos do que qualquer outro posicionamento na área da comunicação.

Não entendem que não concorremos. Não somos veículos. Nosso papel é diminuir os fardos deles próprios. Mas, ainda assim, cansamos de nos deparar com jornalistas buscando boicotar o nosso trabalho, passando por cima da assessoria, indo direto à fonte e ainda cutucando a nossa atuação.

O repórter de redação (grande parte) nunca compreendeu a maneira exata de utilizar do trabalho do assessor e o assessor nunca compreendeu por que o "coleguinha" de profissão tenta sempre ferrar com ele.

Mas, aí, o mundo faz algumas voltas na sua órbita e acaba que o tal jornalista volta ao centro da busca por recolocação de mercado e se depara com uma vaga em Assessoria. E eu nunca vi nenhum deles excitar em aceitar o trabalho. Todos que vi, assumem assessorias sem sequer entenderem o nosso papel. Aí vira de lado e a falta de comunicação recomeça. Afinal de contas, nós, jornalistas, sabemos comunicar com quase tudo, menos lidar com os assessores. Menos lidar com os jornalistas.

Adriene Antunes é jornalista, especialista em Fotografia, coordenadora de Comunicação da Prefeitura de Venâncio Aires e motivadora na Plataforma Boralá Comunicar.

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