É tudo conosco!

Por Gilberto Jasper, para Coletiva.net

A eleição de outubro terá inúmeras novidades. A começar pelo curto período de duração, além de diversas restrições sobre conteúdos, veiculação e outros quetais.

Recentemente, participei de uma reunião ao lado de colegas assessores de imprensa da área política, com um advogado especialista em Direito Eleitoral. Fiquei estarrecido com as exigências legais, vedações de todo tipo, proibições que beiram o absurdo. Teremos, na prática, uma anticampanha.

Vou requisitar uma cartilha do tipo 'o que pode' e 'não pode' e abusar da paciência do referido causídico para ligar sempre que tiver dúvidas, o que deve ocorrer com frequência. A cada dois anos, temos minirreformas eleitorais que alteram pontualmente vários quesitos. Isso obriga os partidos a uma atualização constante.

De um modo geral, passamos de um verdadeiro 'tudo pode' para um 'quase nada pode', tolhendo o eleitor de conhecer com mais de profundidade os nomes disponíveis para nos representar. Já não basta a ojeriza por políticos e todas que gravitam em torno da atividade pública. De modo geral, "todos são um bando de safados, ladrões e sem-vergonha".

A generalização gera distorções, injustiças. É caminho aberto para que vigaristas se perpetuem no comando dos partidos e na ocupação de cargos públicos. Vários amigos jornalistas tentaram enveredar pelo mundo político. Bastou manifestar esta disposição para passaram de comunicadores vocacionados para bandidos remunerados.

Já é difícil ser jornalista neste mundo radicalizado pelas redes (anti) sociais que ditam as regras, constroem mitos e destroem. Complicado meeeesmo é ser assessor de um político. Até no churrasco em família somos caçados como leprosos nos tempos de Jesus para servir de bode expiatório de todas as mazelas do mundo.

A maioria destes críticos agressivos da política/políticos esquece que nenhum detentor de mandato brota no canteiro de casa ou no gramado do Palácio do Planalto. Eles recebem votos, uma procuração com tempo de validade que a cada quatro anos pode ser renovada ou revogada.

Falta consciência crítica e interesse da maioria dos eleitores para conhecer os candidatos e fiscalizar depois do pleito. Votar por obrigação e ignorar o que os eleitos fazem é mais cômodo. Igual ao que acontece no condomínio em que moramos. Na garagem do prédio as reclamações abundam, mas as assembleias que elegem síndicos e aprovam as contas estão, sempre, às moscas.

Enquanto os 'condomínios Brasil e Rio Grande do Sul' continuarem ignorados por nós, de nada adiantará a Operação Lava-Jato denunciar roubos e falcatruas do nosso dinheiro em troca de promessas de um país perfeito.

A eleição de outubro é mais que uma escolha de nomes. É a opção que faremos por um futuro melhor ou a manutenção do festival de barbaridades que invadem o Jornal Nacional todas as noites e nos enchem de vergonha.

Gilberto Jasper é jornalista e consultor em Comunicação.

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