Eventos presenciais em tempos de relações virtuais

Por Karine Morais, para Coletiva.net

Neste ano, o Brasil alcançou a marca de 220 milhões de celulares em funcionamento, quando o número de habitantes é de 207,6 milhões, segundo o IBGE. Além da quantidade, o tempo de uso também chama a atenção: estamos entre os países que mais usam o smartphone ao longo de um dia. Estes dados apontam para uma mudança de comportamento que vivenciamos no dia a dia: que nossas atividades e relações são cada vez mais virtuais.

Há 10 anos, já se questionava se estávamos nos aproximando do fim das relações 'face to face' em eventos. E, embora pareça uma contradição, a demanda por esse tipo de experiência cresceu muito. Isso porque as relações humanas ainda são humanas.

A tecnologia trouxe ferramentas e equipamentos para agregar eficiência e rapidez em relação ao desempenho humano. Porém, continuamos valorizando experiências de interação inspiradoras, lúdicas e emotivas. Um post do Event Manager Blog destacou que 75% das pessoas com menos de 35 anos estão mais dispostas a pagar por uma experiência, do que por um produto. Acabou a era da posse. Vivemos na era do uso, ou melhor, da experiência.

Neste sentido, os eventos também precisaram evoluir para experiências sensoriais, para marcarem positivamente e serem lembrados pelo público, entre tantas atividades disponíveis. Devem ser pensados sob a ótica do usuário, com relevância e de forma colaborativa. Além disso, deve incorporar tecnologia para ganhar em agilidade, personalização e segurança.

Entre as tendências de tecnologia para eventos, as quais veremos mais comumente, destacam-se: os chatbots, já presentes hoje para fornecer informações, que devem evoluir para conversas mais fluídas; hiper personalização, a exemplo do que já fazem a Netflix e o Spotify; o reconhecimento facial, pode ser uma das disrupções que vamos acompanhar no segmento; e o uso das realidades virtual e aumentada, que tem custos de execução cada vez menores.

O evento presencial é uma importante ferramenta de Marketing, na relação entre marcas e consumidores. Além de construir relacionamentos, valoriza e enfatiza o posicionamento da marca e é uma grande oportunidade de fechar negócios em tempo real. Ao proporcionar experiências únicas a potenciais clientes, a chance de convertê-los é grande. O evento não encerra em si mesmo, ele funciona como uma porta de entrada para ações futuras quando oferece vantagens profissionais ou pessoais aos seus participantes. Constitui ainda um potencial gerador de leads positivos a serem trabalhados com as ferramentas do marketing digital.

Atualmente, o público é consumidor e mídia ao mesmo tempo. O alcance de um evento é potencializado pelo uso de mídias digitais, quando as pessoas postam fotos, fazem comentários ou a ação está sendo transmitida pela internet. Através deles, é possível registrar os dados dos participantes, observar seu comportamento, identificar interesses, ter um canal para feedback. Essas interações oferecem dados valiosos para a gestão de eventos e outras ações de marketing.

As interações digitais, por serem mais práticas e fáceis, proporcionam uma quantidade muito grande de contatos. No entanto, a saturação diminui a qualidade da interação, pois a atenção dedicada a ela é diferente de um bom papo num evento. O formato ideal é aquele que aproveita o melhor dos dois mundos, faz uso das tecnologias para humanizar o relacionamento com consumidores. O fato é que algumas conexões nem mesmo a melhor banda larga permite.

Karine Morais é sócia-diretora da Storia Eventos e Projetos.

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