It’s war time!!!

Por Antônio Bavaresco Prepare a pipoca e o refrigerante! A guerra vai começar! Pode-se escolher o idioma. Em espanhol, no Canal 53 (CNN, em …

26/03/2003 00:00
Por Antônio Bavaresco Prepare a pipoca e o refrigerante! A guerra vai começar! Pode-se escolher o idioma. Em espanhol, no Canal 53 (CNN, em espanhol). Em português, com sotaque, na RTP. Em inglês, no canal 68 (CNN, em inglês). Em árabe, na Al Jazeera. Ou em "brasileirês", na extensa e duvidosa cobertura das emissoras brasileiras. Convenhamos, se as chamadas forças aliadas (de quem???) mais não avançaram no território iraquiano não foi por falta de espaço comercial. Esse tem sobrando. Só que essa é uma guerra à distância. Para nós e para os correspondentes das tevês não árabes. Na Globo, Marcos Uchôa fala do Kwait. Na RBS, Oziris Marins fala de Amã . No Iraque mesmo, só o português da RTP que, a julgar pela fama que carregam nossos patrícios, parece ter errado de endereço? Seria engraçado, se não fosse trágico. Para os iraquianos mais do que para nós, telespectadores. São torrentes de informações sem importância, em uma guerra que é mais de versões do que de fatos. Como sempre. Nada de novo no front. Nem lá, nem cá. Na Bandeirantes, a dupla Cabrini/Datena dá é pena!!! Muito comentário, muita opinião e quase nada de informação. A esta altura, já estamos no segundo saquinho de pipoca, "daquelas com refil, que ninguém é de ferro", e nada de saber afinal de contas quantas bombas desabaram sobre Bagdá. As contas variaram um pouco, como diria aquele matemático da Globo, o Oswald de Souza, a partir de um mínimo de 100 - e houve quem falasse em mil. Como diria Collin Powell, terror e espanto para iraquianos e telespectadores. E o Marcelo Rezende, ao melhor estilo linha direta, tenta, sem sucesso, descobrir quem são os mocinhos e os bandidos da guerra. Na Globo News, 24 horas por dia de guerra. Alguns momentos interessantes, com a ajuda de comentaristas especialistas em estratégia militar. E as transmissões ao vivo das coletivas do comando militar norte-americano. Apesar das muitas repetições de matérias, uma cobertura diferenciada e correta. No quesito telejornais, os canais abertos (especialmente a Globo) se esmeram na forma e no tom dramático, mas escorregam no conteúdo e invariavelmente caem na armadilha da simplificação grosseira. Parecem esquecer que é preciso "contextualizar" e que o nosso incauto telespectador mal conhece o mapa do Brasil, que dirá o do Oriente Médio. Como destaque, uma política que a Globo já adotara durante a Copa do Mundo e as últimas eleições. A valorização das âncoras-mulheres: Carla Vilhena, Fátima Bernardes e Ana Paula Padrão. Esbanjando beleza e competência. E dá lhe videogame de balas traçantes e "bombas inteligentes". Dizem que os cariocas olham pela janela, para ter certeza que é no Iraque mesmo? Enfim, entre mortos e feridos, ninguém sabe a conta. Muito menos quem é que paga. Aliás, essa é uma guerra tão estranha que nem o nome é consenso. Há quem chame de "Segunda Guerra do Golfo", "Guerra do Iraque", "Conflito Iraque/EUA" etc? Enfim, duas vitórias que não levarão a nada. A da Globo, na audiência, e a dos americanos, no Golfo. E que Alá e o controle remoto nos proteja! * Jornalista