NRF 2019: conexões entre as melhores palestras

Por Fernanda Kraemer, para Coletiva.net

Entre os dias 13 e 15 de janeiro aconteceu, em NYC, a National Retail Fair Big Show. A maior feira de varejo do mundo contou com palestrantes das maiores empresas do setor. E, em meio a tantas discussões, algumas foram especialmente bem recebidas pelo público. Destaco duas, aqui.

A discussão Company conscience: leading with conviction teve a presença de Edward Stack, (Dick's Sporting Goods Inc), Hubert Joly (Best Buy) e Chip Bergh (Levi's). Esse painel mostrou como, a seu modo, cada uma dessas marcas adota posições tendo em vista o que acreditam. O destaque aqui veio quando Stack contou que decidiu parar de vender armas na sua empresa após o tiroteio em Parkland, por uma questão de princípios: todos aplaudiram, imediatamente.

Em Future NOW: How China today foreshadows shopping and consumerism of tomorrow, Harlan Bratcher (JD.com, o gigante e-commerce chinês) mostrou como uma estratégia de distribuição automatizada e capilarizada é crucial para vencer em um mercado de grandes proporções (geográficas e econômicas) como o chinês. E mesmo em um cenário de extrema complexidade, em que entrega cerca de 200 mil pedidos por dia, a empresa aproveitou sua logística já desenvolvida para atuar em uma área crítica no país: a saúde. Com um sistema de entregas por drones, a JD.com leva medicamentos e atendimento médico a pessoas que moram em comunidades afastadas dos centros urbanos.

Mas o que une essas duas palestras? Em primeiro lugar, o chamado para que os líderes arrisquem e façam o que consideram autêntico, sustentando posições políticas e sociais vinculadas ao que a marca acredita. No caso da Dick's, se recusando a ter armas em seu portfólio de produtos, no caso da JD.com olhando para aqueles que não necessariamente são os consumidores mais rentáveis no momento, mas que são os que mais precisam.

Contudo, na palestra Beyond the buzz: State of retail 2019, com Scott Galloway, foi possível ver como essas duas posições devem se mostrar rentáveis a curto prazo. Para o professor da NYU, marcas que assumirem um posicionamento político progressista devem apresentar bons resultados, pois aí está uma grande concentração de renda nos Estados Unidos. Em paralelo, ele prevê que a área de healthcare é justamente uma daquelas com mais potencial de crescimento nos próximos anos, possivelmente sendo um dos próximos focos de investimento da Amazon. Nesse sentido, ambas as iniciativas mostram muito do que se viu na feira: princípios e sustentabilidade da empresa não são inimigos, mas aliados.

Fernanda Kraemer é diretora de Planejamento da W3haus.

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