Onde foi parar a empatia?

Por Juliana Müller, para Coletiva.net

Pois bem.

Em outras ocasiões, já havia escrito sobre gestão de relacionamento, mas é sempre relevante voltar a essa temática. Estamos em uma era tecnológica e midiática, quando cada vez mais nos sentimos livres para falar o que quiser aos quatro ventos. Mas até que ponto sabemos usar essa liberdade de expressão a ponto de manter as relações com os públicos saudáveis e promissoras?

No final de semana de 7 e 8 de junho, a Associação Brasileira de Relações Públicas, seccional do Sul (ABRP RS/SC) realizou a quarta edição do CongregaRP, evento consagrado na área de comunicação que reunião cerca de 100 pessoas para falar sobre a otimização da relação com os públicos. E por que isso é importante? A razão é simples: toda comunicação é feita de pessoa para pessoa.

Hoje, todo mundo tem acesso à informação com um celular na mão e uma opinião pronta pra ser compartilhada, o que é ótimo e preocupante ao mesmo tempo. Quantas relações desfazemos em função de uma palavra dita e mal interpretada? Ou, até mesmo, mal escrita. A responsabilidade da informação é sempre do comunicador, cabe a ele saber conduzir a conversa e a exposição de forma assertiva e alinhada de acordo com o perfil de cada público, o que nem sempre é avaliado pelos profissionais. Por vezes, percebo gestores de comunicação disseminando conteúdo de forma aleatória, desconexa e (lamentavelmente) intolerante. É nesse momento que me pergunto: onde foi parar a empatia?

É perceptível as mudanças nos comportamentos na medida em que cases de crises empresariais e comunicados oficiais são distribuídos nas redes, causando revolta e discussão entre os profissionais da área de comunicação, mas sabemos de fato analisar a situação macro e não focar no que é bom só pra gente mesmo? Empatia e comunicação assertiva dependem muito mais da preocupação com o ponto de vista do outro, do coletivo, da sociedade. Este é o nosso papel.

Para finalizar, uma dica que aprendemos no CongregaRP e precisa ser transbordada todos os dias em nosso trabalho: mais amor, por favor! Comunicadores: analisem, sintetizem, entendam as situações e se manifestem de forma branda e transparente, não vamos chegar a lugar algum respondendo no mesmo tom ou disseminando intrigas e mesquinharia. Somos gestores de comunicação, pensamos e agimos para melhorar a conversa com e para os públicos, não o contrário.

Quer começar do começo e não sabe como? Já deu bom dia para o porteiro do seu prédio ou saiu com a cara grudada no celular? Nesse 12 de junho demonstrou seu amor pelx namoradx só pelas redes sociais ou rolou uma comemoração real que fará manter seu relacionamento? O amor não sobrevive de declarações online. A comunicação também não. Ela é o todo, estar e ser presente também fora das redes sociais. Preserve seu relacionamento sério, com a família, com os amigos, com o seu público alvo dentro da empresa.

Juliana Müller é presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP).

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