Por Dirceu Cardoso Gonçalves Os marqueteiros das campanhas eleitorais estão, nestes dias, trabalhando no nível máximo de sua criatividade para, com isso, apresentar bem o ?produto candidato?, no horário eleitoral de rádio e TV, que começa na terça-feira da próxima semana, dia 17. Alguns deles, verdadeiros bruxos da comunicação, correm o risco de apresentar tão bem o seu cliente, que o eleitor poderá nem reconhecê-lo. Lançar na mídia cavalos pangarés como se fossem puros-sangues ingleses, pedantes como populares, incompetentes como capazes e, principalmente, desonestos como honoráveis. A ação do marketing é importante quando aplicada para destacar as qualidades de um produto e, até, orientar a clientela sobre as formas de utilizá-lo com melhores resultados. Mas, quando as técnicas de convencimento são empregadas para confundir a vontade do consumidor, temos uma situação odiosa e até impatriótica. Temos de reconhecer que, por uma questão de fidelidade ao seu cliente, o profissional da propaganda, que recebe regiamente para isso, usa todo o seu talento para potencializar o viés positivo do produto. O produto é o candidato. E se esse produto também tiver viés negativo? Quem se encarregará de colocá-lo em evidência para que também sirva de orientação ao eleitor? Numa campanha eleitoral pratica-se o verdadeiro ?salve-se quem puder?. Como há apenas a campanha (e não a anti-campanha), são raras as informações negativas sobre candidatos. Aí é que aumenta a importância da recente campanha do Ficha Limpa, que deu à Justiça Eleitoral condições de alijar da disputa candidatos que já tenham sido condenados em segunda instância. Mas, do jeito que a lei ficou ? abrandada pelo Congresso em relação à proposta original -, muitos postulantes, mesmo com o esforço do Poder Judiciário e do Ministério Público, escaparam da proibição e, apesar de seus problemas, continuam candidatos. Aí entra a ação direta e soberana do eleitor. Se ele assistir a propaganda com as devidas reservas e, além dela, buscar outras fontes de informação sobre o candidato ? o noticiário dos jornais e a própria internet ? terá a chance de saber se há ou não algo que desabone aqueles em quem está propenso a votar. Se vier a encontrar informações negativas, poderá colocá-las numa balança em contraponto com as positivas vindas da campanha e, assim, decidir com conhecimento de causa. A sociedade tem de utilizar o período de campanha eleitoral para bem informar o eleitorado e orientá-lo a fazer a melhor escolha. É para isso que existe campanha e eleição. O povo tem, nesse período, a oportunidade de escolher os representantes que melhor possam atender às suas expectativas. O ideal é que entidades, imprensa e todos os setores sem envolvimento partidário, promovam uma grande cruzada nacional pelo esclarecimento do eleitor. Isso só poderá fazer muito bem ao Brasil?
Os marqueteiros eleitorais
Por Dirceu Cardoso Gonçalves Os marqueteiros das campanhas eleitorais estão, nestes dias, trabalhando no nível máximo de sua criatividade para, com isso, apresentar bem …
10/08/2010 00:00