Quando se abrem os olhos das meninas

Por Gal Barradas, para Coletiva.net

Crédito: Reprodução

O 8 de março celebra os direitos conquistados pelas mulheres, que começou com as primeiras manifestações das trabalhadoras alemãs em 1910. E, hoje, nos lembra que ainda há muito a ser alcançado. 

Vários desses direitos estão ligados ao mercado de trabalho. Houve alguns avanços, mas ainda é pouco. Esta é uma questão social e econômica, que deve ser abordada desde a infância: na família, seu ambiente primário na formação de valores; e também na escola, coparticipante na formação de cidadania. 

Pare pra pensar: quem foi a menina que um dia se transformou naquela mulher que hoje está no mercado de trabalho? Ela teve o incentivo necessário para correr atrás dos seus sonhos? Foi orientada a enfrentar o preconceito? Tudo isso contribui para o desempenho da mulher adulta, suas atitudes e disposição para garantir seu espaço.

Meninas são normalmente consideradas falantes, mas tendem a perder a voz na adolescência, como mostra estudo da University of South Florida. Algumas razões: quando começam a ser desafiadas e não encontram incentivo ou se sentem pressionadas a aderirem a padrões considerados mais "femininos".

Dados de 2017, do Instituto Ipsos, vão ao encontro desta visão: 41% das brasileiras sentem medo de se expressar para defender seus direitos. Algo incoerente se considerarmos os altos índices de mulheres entre os micro e pequenos empreendedores (51%, Sebrae) e o número de mulheres chefes de família (45%, Ipea), entre outros.

Algumas iniciativas sugiram nos últimos anos para jogar luz sobre este problema. Em São Paulo, o negócio social Força Meninas criou, em 2019, a iniciativa 'Minha Voz Tem Força'. Por meio de experiências inspiradoras e oficinas, o objetivo é mostrar às jovens a importância de protagonizarem suas escolhas. Também promovem um prêmio que valoriza habilidades científicas, criativas ou de performance das concorrentes. Outro bom exemplo de negócio social é o Plano de Menina, que atua junto às meninas de periferia em vários estados.

Sabemos que há uma grande roda para girar, e movimentos como estes têm um efeito multiplicador, pois inspiram, incentivam e revelam mulheres seguras e conscientes do seu poder muito mais cedo. Afinal, todas podemos mudar o mundo.

Gal Barradas é conselheira de Inovação da Associação Riograndense de Propaganda (ARP) e founder/CEO da Gal Barradas Brand&Venture, membro do Conselho Global do D&AD Impact.

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