A fórmula é antiga e ganhou entornos e nomes mais pomposos ao longo dos anos, no entanto, a repetição (algo impensável para nós jornalistas) tem uma eficácia gigantesca na construção de uma narrativa nas redes sociais. Quando se adere ao fator emocional, afinal de contas somos seres emocionais, o efeito é maior. E usando a emoção, fica mais fácil instalar uma mensagem na mente do eleitor. Mas é preciso entender que essas táticas não são mais novidades ou não passam mais como o "segredo revelado".

A prova social, a escassez, autoridade e outros princípios pouco funcionam se o elemento "verdade" não estiver incluso. Vivemos a Sociedade do Julgamento, onde todos podem investigar, procurar, consultar, afinal nossos avatares pertencem agora ao mundo web. Portanto, se você vende o segredo de como ser rico e não possui uma fortuna, será questionado por isso. É tácito, é cartesiano. O primeiro contato pode até ocorrer, mas a velocidade com que os "rockstars" surgem e os cancelamentos acontecem pode ser proporcional.

Em tempos de campanhas políticas, aqueles que entenderam essa mecânica, foram vitoriosos nos seus pleitos. Quem fez uma pré-campanha baseada em muito trabalho sério, com informações sérias repetidas, repetidas e repetidas diariamente, logrou êxito. É um combo, online, offline e a construção da imagem com conceitos míticos e a boa e velha repetição. Mas se engana que tudo isso funciona ou muda as regras do jogo se começar a ser feito 90 dias antes do dia da votação. Ledo engano, esse é um trabalho que precisa ser realizado um ou dois anos antes. É uma construção diária que culmina nos votos lá no final.

A campanha de 4 meses acabou!

O formato gincana dá certo quando existe um planejamento, raciocínio e lógica por trás. E entenda, todas as ferramentas são importantes, rádio, TV, redes sociais, outdoors, carros de som, jantares, carreatas, whatsapp, tudo. Mas cada uma delas tem um propósito e uma utilidade específica. Enquanto a TV massifica (ainda tem esse efeito, apesar de menor que no passado), as redes conectam, aproximam e instalam mensagens. Quanto a narrativa, pode usar o que a criatividade com conhecimento permitir, a jornada do herói mesclada ao conceito de Cérebro Trino (com viés do marketing e não neuropsicológico, pois é uma teoria errada) ou tudo junto atrelado a técnicas de persuasão de Robert Cialdini.

Se quiser pode incluir até pitadas de PNL na sua estratégia.

Não importa, mas entenda, em tempos da Sociedade do Julgamento, se você não for de verdade, logo muitos denunciarão que sua narrativa é de mentira. E trate de repetir a sua verdade, isso mesmo, a sua verdade diariamente precisa ser repetida diariamente, todos os dias, toda a hora e de forma incansável.

Cassio Peres é Jornalista, especialista em Storytelling - Screenwriter, Neurocientista, Marketing, Fimmaker, Film director.