Revolução Digital: Clique aqui para abrir

Por Gabriel Fuscaldo, para Coletiva.net

A frase do título vem da boca de uma lata de lixo. A encontrei na casa dos meus pais - Clique aqui para abrir.

Não é novidade que a transformação digital transcendeu para o mundo físico. Na velocidade da internet, a mudança é a única constante. Surpresas continuarão ocorrendo, e a revolução digital seguirá em curso por mais esta década.

E tenho a esperança que ares de otimismo soprem nestes anos 20.

Perdoem a ingenuidade. Mas explico: a pesquisa Agenda 2020 da Deloitte traz que sete em cada 10 empresas têm expectativa de otimismo para este ano. A minha leitura de marqueteiro? Nunca se criou tanto, nunca houve tanta oferta ou possibilidades para criação de valor.

Parênteses. Nem tudo são flores, claro.

Com negócios se transformando em uma velocidade nunca antes vista, a disrupção entre indústrias ou dos hábitos das próprias pessoas necessariamente também carrega aspectos negativos.

Não sei você, mas eu ainda não estou pronto para ter minha produtividade controlada por uma Inteligência Artificial. E o vício nas mídias sociais está aí. E os hacks eleitorais. E a falta de sono e a ansiedade ou depressão.

Fecha parênteses.

No fim, tudo dá certo.

Ou vamos morrer tentando.

Se a mudança é a única constante, o marketing tem a possibilidade de contribuir para a adaptação de qualquer organização à transformação digital. Justamente porque os negócios que sobrevivem a essa revolução estão cada vez mais baseados em marketing.

Pegue Booking.com como exemplo. Para essa empresa, a distribuição comercial para o cliente final em parte virou? anúncios de links patrocinados no Google.

O marketing pode contribuir para a transformação digital na sua empresa. Ele pode ser central. "O marketing é importante demais para ser deixado nas mãos do departamento de marketing", não é mesmo? Então, como?

Vem comigo.

Separei cinco pontos centrais para que neste 2020 o marketing possa colaborar ainda mais com a transformação digital na sua empresa.

1) Compliance e segurança em dados

O marketing só está aumentando e ficando mais inteligente. Há muita informação sobre as pessoas e suas preferências de consumo. Se você acredita, como eu, que as ações de empresas afetam nossa constituição como sociedade, sabe o poder e o impacto de tanta informação. É urgente que as organizações evoluam seus conjuntos de regras para a utilização desses dados, e que processos tornarão o seu armazenamento mais seguro.

Em artigo para o Kantar, seu empregador, Thomas Zaruba escreve que o conjunto de dados disponíveis facilita a entrega de "conteúdo personalizado, editorial e publicitário pelos profissionais de marketing", mas que "o conceito de personalização gera polarização". Cerca da metade das pessoas aceita, e pouco mais não aceita, essas práticas. Por isso, a boa notícia é que cada vez mais desenvolvemos o senso ético de ter tamanho acesso à informação. Felizmente, o cerco está se fechando. Desenvolver o compliance corporativo sobre o uso dos dados é essencial aos departamentos de marketing.

2) Automação de vendas

Na Moove, temos a convicção que podemos vender de tudo pela internet. Ou pelo menos utilizar a internet em parte desse processo. Há toda uma infraestrutura de negócios que seguirá sendo construída na web. E esse funil tende a ser cada vez mais automatizado. Como o exemplo do Booking.com citado. Opinião: os negócios vencedores e vendedores serão, cada vez mais, aqueles orientados por dados.

Diversas ferramentas de automação, muitas delas custando menos de R$ 1 mil por mês, contribuem para que a cultura data-driven seja desenvolvida pelos departamentos de marketing do negócio. Em suma: crie negócios orientados por dados e automatize a experiência do usuário, sem nunca esquecer do?

3) Sucesso do cliente

No meu primeiro dia de volta à Moove, em 2015, escolhi a capa do álbum Are You Experienced como protetor de tela, para ilustrar um novo ciclo de trabalhos na área do marketing e da comunicação. O meu questionamento era: como está a experiência da marca? A experiência do consumidor, do usuário, deverá sempre pautar todos os melhores negócios.

Veja o que prega o Marketing 3.0 de Kotler, em inglês primeiro e depois em uma tradução livre:

In human-centric marketing, marketers approach customers as whole human beings with minds, hearts, and spirits. Marketers fulfill not only customers' functional and emotional needs but also address their latent anxieties and desires.

No marketing centrado no ser humano, os profissionais de marketing abordam os clientes como seres humanos como um todo; mente, coração e espírito. Os profissionais de marketing atendem não apenas às necessidades funcionais e emocionais dos clientes, mas também atendem às suas ansiedades e desejos latentes.

É nesse contexto que áreas como Customer Success ganham cada vez mais relevância dentro de organizações. A experiência do seu cliente com sua empresa, produto ou serviço é um sucesso?

Sigo acreditando que o fósforo, a bala, a xícara de café e o jornal nunca foram tão modernos para que clientes virem advogados da marca. Bem-vindos à revolução digital! A revolução da balinha. Virei fã dessa disciplina, confesso. Acredito que, entre esses cinco pontos, este é o principal para a sobrevivência da sua empresa.

4) Inteligência e monitoramento

Conforme diz o fundador da StartSe, Júnior Borneli, hoje todo mundo concorre com todo mundo. É um mercado sem limites. Apesar de minhas ressalvas quanto ao uso excessivo de dados, que fiz questão de colocar em primeiro lugar nessa lista, são eles que ajudarão sua empresa a tomar as melhores decisões neste mercado ultracompetitivo.

Em um ciclo contínuo, sistêmico, de avaliação e aperfeiçoamento das ações de marketing, o monitoramento, seja da sua rede, seja de qualquer outro mercado - ou qualquer outra tendência -, é essencial para entender os consumidores. De maneira mais ampla, para entender os movimentos da internet e da sociedade.

5) Posicionamento e escalabilidade da mensagem

Certas coisas não mudam. Mas posicionamentos deverão colocar o consumidor no centro da jornada. E se o posicionamento for construído pelo consumidor, melhor. Ele pode decidir o que seu negócio significa para ele. Você deve, claro, ter um propósito.

Quando começamos o debate sobre a comunicação e o Marketing 4.0, há quatro anos, queríamos desenvolver mensagens customizadas em grande escala. Alguém certa vez disse que a campanha do Trump utilizou mais de 200 mil variações criativas de anúncios publicitários. Mas não tenho como confirmar essa informação. E sejamos sinceros: ainda não está claro como exatamente aplicaremos conceitos de customização em massa em disciplinas ou soluções de comunicação ou marketing.

Mas é no meio desse cenário que o Spotify lançou seu Wrapped 2019, entregando uma experiência customizada a todos seus clientes, baseada em dados, promovendo uma verdadeira conversa social por meio de mensagens personalizadas. Eles chegaram, nós chegaremos e sua empresa também pode chegar.

Há mais no horizonte

Se você é profissional de marketing, você já tem, e terá cada vez mais, muito o que fazer. Há cada vez mais disciplinas e entregas de marketing existentes e, como gosto de dizer, a internet está só começando. Nem sequer estamos próximos de lidar com boa parte de seu potencial. Cabe a nós seguir sua construção.

Em última instância, sempre volto a Darwin para imaginar os próximos passos da evolução das plataformas e da interação entre homem e máquina. Clique para abrir, passe o dedo ou fale diretamente com a sua lixeira. A revolução digital trata-se de adaptabilidade constante, que pressupõe mudanças de mapas mentais. Não será fácil, mas olhe pelo lado bom: o Universo está em expansão.

Gabriel Fuscaldo é  head de Performance da Moove.

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