Só um Enter e mais nada

Por Fernando Silveira

Cenário:

1 - Inove sua comunicação - Crie peças de comunicação, informativos e newsletters de maneira simples e rápida.

2 - Marketing eficaz - Realize campanhas de alto impacto e grande retorno de investimento.

3 - Comunicação integrada - Distribua conteúdo em plataformas digitais, sites, blogs e rede sociais.

Acima, apenas três tópicos apresentando uma 'solução' incrível de uma ferramenta para resolver a vida na comunicação (não sei por que insistem em confundir com marketing) de qualquer marca, seja do que for e tenha o tamanho e abrangência que tiver. Não interessa! É quase magia.

Comparo a uma empresa de logística que se apresenta dizendo, logo de imediato: "...não importa o que você venda, entregamos mais rápido e melhor. Não se preocupe: seja lá o que for, chegará ao destino do seu mailing". Ainda completa com: "...vem! Assina! É o que há em tecnologia para resolver a sua vida".

A regra estabelecida foi o desejo de quem quer vender e não o que realmente o target deseja.

Pois bem, tecnicamente parece sensacional, mas com o tempo a coisa toda vai se revelando, pois quem realmente importa no processo, ou seja, o cliente do cliente (target), acaba apenas sendo bombardeado por coisas que não fazem sentido, histórias que não são para ele e, inclusive, a segmentação começa a ficar confusa, já que a regra estabelecida foi o desejo de quem quer vender e não o que realmente o 'target' deseja. Isso tudo sem falar que a verdadeira relação entre marca/produto/serviço precisa de relacionamento, histórico, lembrança e experiência. O contexto é vendedor, mas eu ainda me admiro como criam apps, softwares e demais ferramentas para resolver a entrega e tentam impor como se fosse mágica. Ora, ora, sem história, sem emoção, vira só apertar o 'Enter' uma, duas, várias vezes. Até que certo dia o gestor manda cancelar o contrato com a ferramenta milagreira. Pronto, aí vem o mais curioso, pois sabe o que acontece logo em seguida? Pois bem, começam a procurar outro 'Enter' para apertar.

Não basta ter acesso à tecnologia, é preciso saber usar e, muito especialmente, entender para quem, quando e como conectar.

Mas, sim, houve muita coisa boa nesse arrastão transformador nos últimos 10 ou 12 anos e o cenário mudou absurdamente. Entretanto, a vida de um negócio não se restringe ao acesso à tecnologia.

Cada vez mais ouço histórias sobre o fim de contrato com determinadas ferramentas. Com isso, está cada vez melhor montar a estratégia, definir conceitos, histórias e conexões de forma organizada e eficiente. Aliás, a pulsação por criatividade parece ainda maior do que quando comecei, lá por 1992.

Trabalhar em agência está cada vez mais cerebral. A cada novo 'Enter', tão parecido com o anterior, penso: que futuro bacana estamos começando a viver!

* Texto originalmente publicado no LinkedIn de Fernando Silveira.

Fernando Silveira é publicitário, diretor da agência Integrada e presidente do Sindicato das Agências de Propaganda no Rio Grande do Sul.

Comentários