Sou mulher, sou Atendimento, "sou quem eu quiser ser"

Por Ariane Xarão, para Coletiva.net

06/03/2017 14:19 / Atualizado em 06/03/2017 14:38
Há algum tempo não escrevo mais que um parágrafo em primeira pessoa. Quem me conhece sabe quão metódica acabo sendo, porém, hoje, vai ser diferente. Para celebrar o mês da mulher e a felicidade que é ser dona dos próprios ideais, decido escrever este artigo em primeira pessoa como mais um ato de liberdade, afinal, a liberdade discursiva também me interessa. No mês em que o mundo revive conquistas, fico satisfeita em compreender que muitas mulheres moveram esse mesmo mundo que hoje celebra para termos o direito, vez e voz de "sermos quem quisermos ser" - máxima que ganhou a mídia e diz muito sobre internalizar a condição de ser livre. De provedoras dos filhos a ativistas pela igualdade econômica, política, social e moral, admiro todo o ato que induz ou diz respeito ao que é correto e justo. Sei que muitas realidades ainda não condizem com o ideário de liberdade que respeito, mas apoio e luto pelo direito adquirido e pelo que ainda precisa ser. Quem me conhece também sabe o quanto prezo pelo meu trabalho, um desafio diário. Prezo e admiro todas as mulheres que escolheram trabalhar com comunicação. Assim como em outras profissões, ser comunicóloga tem as suas lutas. E são muitas, eu diria. De todas as habilitações, eu escolhi a Publicidade e Propaganda. No mercado, meu trabalho acontece no setor denominado de Atendimento, um universo particular em uma agência, e fora dela. Sim, nós Atendimentos, circulamos por todos os setores, estamos no cliente, nos bastidores do evento do cliente, no evento do cliente, e no pós-evento também. Dizem que somos os olhos da agência. E na agência, ah!, lá nós somos o coração. Sim, eu realmente acredito e vejo no setor, profissionais que são extremamente "coração". Também me orgulha muito observar e aprender com o trabalho que as mulheres da minha agência realizam, sem distinções. Especialmente no meu universo, o Atendimento, analiso e percebo quantas características aquelas mulheres reúnem. Dentre elas estão: cuidado, atenção, agilidade, experiência, paciência, visão, afinal, é uma função que exige: a gente elabora briefings, debate problemas de comunicação com o Planejamento, barganha melhores negociações com a Mídia, discute layouts e textos com a Criação, aprende e vive experiências ao materializar trabalhos com a Produção; mas que também oferece tanto: a gente entende a importância da profissão quando acompanha e percebe os problemas de comunicação sendo minimizados. A agência onde trabalho atende muitas contas públicas, e é extremamente satisfatório perceber, por exemplo, que o nosso trabalho diário chega à dona Maria, que mora na zona rural de uma cidade do interior, pois a prefeitura está informando que ela pode agendar um atendimento médico pelo telefone, sem a necessidade de se deslocar até um posto de saúde para efetivar a solicitação. Uma equipe de pessoas trabalhando pelo mesmo objetivo: Clientes, Atendimentos, Mídias, Redatores, Diretores de Arte, Planejamentos, Produtores, Diretores; homens e mulheres. Não é só o trabalho, são as pessoas. E isso muda a razão de ser, pois reforça propósitos, um deles: a possibilidade de melhorar tudo. Não precisa ser, necessariamente, revolucionário, mas o espírito de tudo precisa, pois é o que vai garantir que todos, inclusive nós mulheres, "sejamos quem quisermos ser". Ariane Xarão é publicitária e pesquisadora. Executiva de contas na agência Moove e Mestre em Comunicação Midiática, Mídias e Estratégias Comunicacionais.