South Summit, este bom e velho (des)conhecido

Por Iraguassu Farias, para Coletiva.net

E eis que a cidade fervilha com o evento, que chamarei carinhosamente de SS. Assim, desagrado alguns e agrado outros que não suportam termos anglos. Passamos por dificuldades aqui no Estado/cidade. Independentemente das causas - falta de dinheiro ou ranço de autoridades - o fato é que fomos por algum tempo deixados de lado. O Brasil, em direção ao Sul, andava acabando em Florianópolis. O outrora protagonismo se foi, e com ele a auto-estima.

Contudo, como nada tem de ficar ruim para sempre, alguns movimentos foram sendo percebidos, e já há algum tempo os ares que respiramos são melhores. Pelo menos, parecem mais propícios aos negócios. Estou há três dias no evento. E procuro estar minimamente atento ao que acontece dentro e fora. Minha geração cresceu analógica e se apresenta um mundo cada vez mais novo e amalucado. E este mundo me aceita, mas eu entro nele com um pé fora e outro dentro. E custo a me render.

Saindo do papo meio etéreo, como muita coisa neste evento, vejo na prática algo muito concreto. E se startup, market place, lounge & cia incomodam tanto quanto South Summit, quero dizer que, embora entenda o ranço, o que acontece aqui vai muito além do anglicismo. E me constrange ver análises de quem detona o evento a partir de suas nuances absolutamente inseridas no mundo novo, começando por criticar o uso - excessivo para eles, de termos diversos da língua-mãe.

Não vou falar e números. Eles são fartamente divulgados. E se quiséssemos apenas ver os números e a origem dos que aqui estão, facilmente concluiremos que as coisas aqui não são "de vento" não. Vento é o que há na cabeça dos que não gostam de um filme que não viram. Aqui estão grandes marcas. Elas querem ser vistas. A farmácia não veio vender remédio. A construtora não veio vender apartamentos. O supermercado não veio vender gêneros. Mas estão aqui porque querem ser vistos dentro de outro prisma: que nem tudo neste Estado está como uma terra assada como os agourentos preferem ver.

Há algumas coisas que precisam ser vistas com uma essência que vá além da marca que apoia ou do governo do momento que se une ao SS.Isto é reducionista. E chato.

Ouso prever que muitas, mas muitas marcas que aqui estão estão arrependidas de não estarem desde a edição passada. E que neste ano correram pra assegurar seu lugar, porque não dá pra perder o bonde da história. Me dói um pouco falar, mas é inegável a inveja, o desdém por ser de outro a iniciativa, e por terem protagonismo governantes que não combinam com a minha ideologia. Assim como me dói ouvir que nós gaúchos temos a síndrome do caranguejo.

Às favas o que pensam os crustáceos. Aqui se gerou empregos, se vendeu alimento, se andou de barco, se ouviu muito, mas muito. Porque esta é a ideia: venha ouvir o que poderá ser o amanhã. E se você precisa de capital para impulsionar seu negócio, aqui tem investidores à procura de boas ideias, e que só por optarem por isto ao invés de deixarem seu capital aplicado em títulos da dívida pública, com juros de 13,75%, deveriam ser aplaudidos. Por que este último sim é produtor "de vento", pois não produz um prego.

Enfim, alguns prefeririam Cúpula do Sul. Mas o evento, versão brasileira do original, de Madri, é South Summit mesmo. Como temos Gramado Summit, como temos Web Summit em Lisboa, como temos RDSummit em Floripa. E tudo bem.

South Summit, seu lindo? não dê ouvidos aos caranguejos. Fique. Você nos faz bem.

Iraguassu Farias é diretor Comercial de Coletiva.net

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