Faz alguns anos que fui dominada pelo vício por corrida. Não que eu seja corredora exímia. Muito antes pelo contrário. Meu pace está bem, bem longe de ser de aspirante a atleta. Mas como nesse esporte eu busco superar só a mim mesma, guerrear com minha mente que fica teimando em me pedir pra parar a todo quilômetro, evito comparações e sigo em frente, no meu ritmo leve, curtindo o ventinho na cara e ouvindo músicas pra dar aquele ?up?.
Falando em pace, se você já se experimentou no esporte, deve estar familiarizado com esse termo e outros jargões como longão, zona-alvo e canelite. Pois bem... Depois de algum vai e vem, este ano voltei à ativa e estou fazendo provas de 10km após um ano parada por causa da maldita inflamação no osso da canela. Por sinal, motivado pela Maratona Internacional que aconteceu recentemente em Porto Alegre, meu marido acaba de dar a notícia de que nos inscreveu para correr a meia maratona no ano que vem. 21km. Era um devaneio, agora virou desafio real oficial. Como missão dada é missão cumprida, bora para a preparação.
Tati, mas o que tudo isso tem a ver com Comunicação? Bom, a bem da verdade, Comunicação tem a ver com absolutamente tudo. Ou melhor, está em tudo o tempo todo. O que quero comentar aqui, porém, é que, no dia a dia do atendimento aos clientes, vemos muitos deles encarando o trabalho de Comunicação das marcas como corridas de tiro curto. Ou seja: os corredores partem com tudo rumo à linha de chegada, na mais alta intensidade, querendo destronar o Usain Bolt. Porém, são entregas e investimentos tão pontuais, que o resultado de fato só é percebido no curto prazo. Para essas empresas, nos cabe dizer: pode ir até com mais calma, mas, amigos, não parem!
Conquistar o podium, ou, chegar ao sucesso do ponto de vista de imagem e reputação, com ampla visibilidade, está muito mais para uma maratona ou até ultramaratona: 42,195 km ou mais. Para conseguir completar a prova e, quem sabe, se destacar, é preciso muito treino, persistência, constância e dedicação. E não é de uma hora para outra que se completa esse tipo de prova. Tem muito suor e muita gente envolvida. Consegue enxergar o paralelo?
Para ser uma marca reconhecida no mercado, seja com trabalho de assessoria de imprensa, investimento em mídia social, publicidade, ou tudo isso junto, não existe fórmula mágica como vendem por aí. É uma trabalheira mesmo. Mais do que isso, leva tempo. E num mundo hiperconectado em que o público tem a cabeça totalmente formatada para o omnichannel, precisa haver investimento no maior número possível de frentes e possibilidades de contato com o consumidor.
Sobre mim, que não me falte coragem, persistência e cuidado também, para não dar ruim de novo e perder a inscrição que ganhei de presente para a corrida em 2025. Às empresas que estão iniciando agora, ou mesmo às que já têm boa quilometragem percorrida, fica aqui a reflexão: vocês estão correndo com a constância e no ritmo certos para chegar lá? Talvez a melhor estratégia seja planejar o trajeto direitinho, adotar um ritmo não tão alto, mas consistente o suficiente para conseguir cruzar a linha de chegada e entrar de vez na mente e no coração do público-alvo.
E aí, bora correr?
Tatiele Prudêncio é jornalista e sócia da Aurora Comunicação Criativa