As duas maiores chatices do SXSW

Por Jonatas Abbott, para Coletiva.net

A eletricidade toma conta do ar da cidade texana de Austin. E não estou me referindo a 6th, uma mistura da Bourbon ST de New Orleans com a Duval St de Key West. A qualidade do som de uma e a disposição pra festa da outra.

Todos estão elétricos querendo saber quando começarão a andar de carro sem motorista e quando poderão ir a Marte. Oi?

Vamos falar sério sobre estes dois assuntos. Primeiro, pode existir coisa mais chata que um carro sem motorista? Pior, alguém duvida que o carro sem motorista vai aumentar os engarrafamentos? Que serão mais lentos? Mais, alguém pode, mesmo, acreditar que carros podem, de alguma maneira, ser a solução para as cidades? E não importa, aqui, se são elétricos, a gás, se têm, ou não, motorista.

A solução para as cidades é transporte coletivo. É diminuir o número de carros.   Precisamos de solução de mobilidade coletiva a baixo custo. Ônibus elétricos? Talvez. Hyperloop de Musk? Ótimo. Mas a ideia de encher as ruas de carros elétricos autônomos me parece muito mais a indústria automobilística garantindo seu modelo de negócio do que um futuro promissor para a humanidade, especialmente para os países mais pobres. A Tesla é fascinante, mas seu modelo de negócios, hoje, é vender carros esportivos e luxuosos para ricos.

E Marte? Quem quer mesmo ir a Marte, pelo amor de Deus? Não há nada em Marte. Discutimos algo extremamente complexo, caro e improvável como ir a Marte, mas não propomos soluções que mantenham um planeta como o nosso viável.

Marte é chato. Talvez a única coisa mais chata que Marte seja desbravá-lo andando por aquelas planícies poeirentas sem fim a bordo de um carro elétrico sem motorista.

Jonatas Abbott é sócio-diretor da Dinamize.

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