Por Fernando Segismundo
Caros companheiros, acreditamos que todos em nosso país conheçam a nossa Associação Brasileira de Imprensa (ABI), pelo menos de nome. Mais que a Casa do Jornalista, a ABI é a instituição que, desde 1908, quando foi fundada, abriga e incorpora lutas cidadãs em defesa da liberdade de expressão, da soberania, dos direitos humanos e da democracia. Só que hoje, infelizmente, há necessidade de que os jornalistas mais jovens - e os estudantes de Comunicação - conheçam mais a ABI. Este é o motivo desta carta.

Nossa história, como a Era Vargas, se divide em duas partes: uma, com sustos e prisões, e outra, de total apoio à construção de nossa sede, situada em pleno centro do Rio de Janeiro, na Rua Araújo Porto Alegre, 71, prédio que é marco da arquitetura brasileira, projeto dos irmãos Roberto, tombado pelo Iphan. Já são 95 anos de serviços ao Brasil e aos comunicadores. Foi nesta Casa que surgiu a idéia de cursos superiores na área da comunicação cuja exigência de diploma para o exercício profissional defendemos até hoje, de maneira intransigente.

A ABI teve anos de ouro e já foi presidida por grandes brasileiros, como Herbert Moses, Danton Jobim e Barbosa Lima Sobrinho. Moses, de 1931 a 1966, e Barbosa Lima, de 1978 a 2000, quando faleceu no exercício do cargo aos 103 anos. A Casa do Jornalista participou e liderou grandes campanhas como a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados; a campanha "O Petróleo é Nosso", que gerou a Lei 2.004 e a criação da Petrobrás; a luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita; a campanha pelas Diretas Já, como também, mais recentemente, a luta pelo impeachment de Collor; e, ainda, contra a cessão da Base de Alcântara aos Estados Unidos e contra a invasão do Iraque. Tudo isto com muito sacrifício.

O que os pioneiros sonharam, em 1908, não se concretiza hoje, porque nossa Associação vive situação financeira dramática. Há pouco tempo, o andar onde fica a sala da Presidência e da Diretoria quase foi a leilão. Nossa modesta folha de pagamento é sempre apertada e recursos básicos para o cotidiano de nossas atividades muitas vezes saem do bolso de diretores, que trabalham voluntariamente. Nossos funcionários são partícipes de nossas dificuldades e também estão sacrificados.

Isto acontece porque a administração da Casa do Jornalista não tem sido tratada de forma profissional. Hoje estamos começando a consertar esta situação, com economia substancial de recursos, mas ainda é pouco. Precisamos de todos os companheiros neste momento.

Convidamos você, profissional ou estudante de Comunicação, para fazer parte da história da ABI. Associe-se a esta instituição que está a caminho do seu primeiro centenário. Divulguem a Casa do Jornalista.

Conheça a ABI, teremos prazer em recebê-lo!
* Fernando Segismundo é o atual presidente da ABI (www.abi.org.br

www.abi.org.br)