Casseta e Planeta é sinônimo de mentira?

Por Luís Augusto Lopes Estão circulando na grande rede mundial diversas mensagens sobre um repúdio virtual ao programa Casseta e Planeta, exibido todas as …

Por Luís Augusto Lopes
Estão circulando na grande rede mundial diversas mensagens sobre um repúdio virtual ao programa Casseta e Planeta, exibido todas as terças-feiras na Rede Globo. Uma delas propõe um boicote ao programa com um banner muito bem bolado. E duas delas me chamaram muito a atenção. A primeira (na ordem que recebi) possui um teor muito, digamos, cetegista e também de exaltação das qualidades de se viver no Rio Grande do Sul, estado que está sendo ridicularizado a cada edição no programa. A segunda, que recebi no dia seguinte à primeira, descreve uma suposta vinda de alguns integrantes do programa em Porto Alegre, em maio de 1999. Marcelo Madureira, aquele que faz o Coisinha de Jesus, resolveu ir com um amigo conhecer uma casa noturna na capital gaúcha. Segundo a mensagem, o "comediante" bebeu em excesso, beijou diversas vezes seu amigo na boca, brigou com os seguranças do local e foi expulso da casa pelos próprios, surgindo daí a bronca constante e ininterrupta contra os gaúchos.
As duas mensagens têm algo muito em comum. Ambas querem fazer um desabafo ao programa que mais ridiculariza os que vivem no Rio Grande do Sul.
Todos que me conhecem sabem que sou fã de carteirinha do programa. Do humor inteligente que tem marcado, ao longo dos anos, o programa, com as tradicionais "pegações de pé" quanto aos regionalismos brasileiros, o CP tem se notabilizado em "pegar mais o pé" dos gaúchos.
Na edição do dia 24 de junho, dois integrantes deles, vestidos de "gaúcho", diziam que viriam até o nosso estado para "limpar a barra deles", que se acostumaram a dizer que gaúcho é veado. Mostraram até o trajeto do carro no mapa até o Rio Grande do Sul. Na cena seguinte, aparecem vários travestis, drag-queens, bichas, homossexuais em geral. Devo esclarecer que nada tenho em absoluto contra os homossexuais. Na verdade, essas cenas foram feitas ou em São Paulo (onde a parada gay reuniu no dia 22 de junho um milhão de simpatizantes - mais de três vezes a população de Pelotas?) ou no próprio Rio de Janeiro. A parada gay gaúcha aconteceu no domingo seguinte, no dia 29.
As perguntas elaboradas pelos cassetas aos homossexuais giravam em torno do fato de como eles se assumiram como "gaúchos": "Como foi pra você se assumir como gaúcho?", "Quando você descobriu que era gaúcho, você contou pros seus pais?", "Tem algum outro membro da sua família que também descobriu que é gaúcho?", entre outras pérolas.
A falta de coragem de vir até aqui, a falta de honestidade do programa, o caráter maldoso sempre freqüente de suas piadas e a mentira deslavada me fizeram repensar sobre a hombridade de seus integrantes. Eles são muito homens para chamar os gaúchos de veados, mas não vêm até aqui (poderiam até usar cenas da parada gay em Porto Alegre, mostrar os simpatizantes no Brique, seria mais honesto da parte deles) dizer na nossa cara o que eles pensam que somos, o que costumam fazer somente na frente das câmeras (já estão dizendo que eles estão com medo de apanhar!!!).
A questão não é simplesmente a ofensa que é imputada ao povo gaúcho e a suas tradições, sua história, seus símbolos, sua cultura. O programa está tentando atribuir a tudo que for de natureza gaúcha um cunho homossexual, atingindo homens, mulheres, pessoas esclarecidas ou não, universitários ou não, pessoas que respeitam os homossexuais mas não querem ver sua condição regional vinculada ao homossexualismo.
Minha incondicional simpatia pelo programa terminou. É bem provável que eu não assista mais ao Casseta e Planeta (e olha que eu acompanho desde quando eram jornal/revista). É bem provável também que eles sintam que a audiência no RS (conforme já se observa em conversas informais) vá diminuir na próxima terça-feira.

A idéia do boicote parece ter cada vez mais adeptos, não só pela internet. Basta conversar com as pessoas para perceber que elas também querem que despenque a audiência do programa.
Algum internauta que tenha um tempinho (e internauta sempre tem um tempinho!) poderia criar o site www.euodeiocassetaeplaneta.com.br. Em Cachoeira do Sul, corre um abaixo-assinado para tirar o programa do ar. E tudo que for associado em termos de marketing com os cassetas pode sofrer seus revezes. Vejo as propagandas feitas pelo pessoal do Casseta para a Volkswagen com muito desprezo. Com toda a sinceridade, hoje eu não compraria um carro dessa montadora. Acredito que a semana que está começando promete diversas surpresas com relação a essa questão.
Nas próximas terças-feiras, assista outro canal, tire um vídeo, leia um livro ou uma revista, convide uns amigos para jantar, brinque com seus filhos (eu vou brincar com a minha adorável filha, a Marina), mas não assista àquele programa depois da novela das oito. Como é mesmo o nome dele?
Depois, eles que se queixem à produção do programa, à direção, à Rede Globo, ou ao povo brasileiro para quem eles conseguiram transformar a palavra gaúcho em sinônimo de homossexual.
Aos (poucos) que pensam que este boicote não deve dar em nada, recorro a Bob Dylan:
"The answer, my friend, is blowing in the wind."
* Revisor e tradutor

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