Igual do mesmo

Por Ênio Lindenbaum, para Coletiva.net

Este país não pode dar certo. Aqui, prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita.

Tim Maia

Então tá. Nós, que trabalhamos com comunicação, precisamos ser multidisciplinares se queremos fazer um trabalho eficiente na formulação de uma construção de imagem, divulgação de ideias ou produtos.

Temos a parte executiva e temos uma parte formulativa.

Tentei me preparar para os dois, formular e solucionar. Em diversas esferas.

Hoje, me vejo, mais uma vez, diante do impasse que nosso País proporciona.

Com sua fragilidade, as linhas macro são definidas por poucas corporações e por poucos setores.

Assim, beneficiados pela visão pequena burguesa dos sindicalistas do PT (parte fundamental do partido) ampliamos uma sociedade do ter versus uma sociedade do SER.

Entre os apoiadores, os bancos. Que ampliaram sua atuação ficando menos dependentes dos empréstimos ao governo.

Agora, a união da bala, do agro e da mineração em aliança com o Sistema Evangélico e a corporação Militar começa a produzir um cenário muito particular.

O apoio ao Maia, a redução da influência partidária e o apego mais as atitudes de contenção social do que a solução de problemas. É só ver as idas e vindas, as dificuldades de colocar limites.

Então, diante destes cenários de choques com grandes jornais e televisões, com uma alteração na programação de mídia do governo (principal anunciante do País), acredito que vamos continuar com um crescimento de consumo muito lento, sem grandes impactos, pois não tem grupo de interesse defendendo estas medidas.

A diminuição dos benefícios sociais vão impactar comunidades que, hoje, sobrevivem em função destes, sem nenhum plano de mudança pela educação mais efetivo.

Destruída, a Indústria de Grandes Projetos, o abalo no setor de Proteínas e as consequências do Caso Fifa, berço do que chamam de Lava Jato (10% de um caso Estado) o país foi mobilizado para a punição e fez muito pouco para a prevenção para que não se repita.

Dentro deste cenário, e muito mais, temos que encontrar o consumidor, resgatar uma confiança e que não tenha medo. Tarefa difícil. Cenário tenso.

Continuamos longe de sermos uma democracia plena. Ainda não terminamos a cidadania consumidora com aquele respeito pelo contribuinte, pelo consumidor.

Precisamos reconquistar um papel relevante na sociedade. Mas entramos em choque com o tipo de transformação que a nova força política traz.

Pouca ousadia, pouca confrontação.

E olha que a agenda que está sendo implantada foi anunciada.

Quando começar a censura branca, corte de incentivos ao que não estiver alinhado ao novo velho pensamento, quando os esqueletos saírem dos armários e o rei ficar nu.

Precisamos criar o Serviço de Proteção ao Cidadão. Ainda mais quando elegemos democraticamente um governo de exclusão.

Fora que começa a surgir o medo. Mola propulsora da mediocridade.

Ênio Lindenbaum é publicitário.

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