O papel da mídia no combate à violência

Por Hélio Gama Os meios de comunicação do Brasil de certa forma merecem a crise na qual praticamente quase todas as grandes empresas estão …

Por Hélio Gama
Os meios de comunicação do Brasil de certa forma merecem a crise na qual praticamente quase todas as grandes empresas estão mergulhadas. Trata-se de crise sem precedentes, de fato, porque ela alcança as companhias de maneira vertical, corroendo-as de alto a baixo; nas suas finanças, acima de tudo, mas também em todos os seus departamentos: comercialização, tecnologia e indústria, logística e no conteúdo. Quase todas as grandes companhias encontram-se, no momento, à beira do abismo e, claro, dispostas a segurar a primeira mão - qualquer mão, desde que acompanhada de grandes recursos, que se estenda para retirá-las da zona de perigo.
Quais as razões dessa crise? As principais são: as grandes empresas de comunicação, tradicionalmente familiares, durante décadas foram empobrecidas por seus proprietários, que se acostumaram a transferir os lucros ali gerados para outros negócios; durante décadas, igualmente, as empresas de comunicação não se preocuparam com o destino de seus clientes, e anunciantes e, por isso, no lugar de trabalhar pela ampliação de seus negócios via prosperidade do mercado anunciante, trabalharam com tabelas de preços que fariam corar empresas do mesmo setor e do mesmo porte até na Argentina, por exemplo; e, finalmente, durante décadas boa parte das companhias desconheceu solenemente o seu principal parceiro, o consumidor - fosse ele ouvinte, telespectador ou leitor.
No que cabe analisar neste artigo, ou seja, o desprezo dos meios de comunicação brasileiros pela qualidade digamos "editorial" dos produtos que estavam entregando aos consumidores, o desastre é completo. A maior parte dos meios de comunicação, como podem constatar os ouvintes, telespectadores e leitores de todo o país, não conhece a região ou a nação em que vivem e, por isso, não consegue mostrar a realidade dessa região e desse país àqueles que adquirem seus produtos direta ou indiretamente. Além disso, a maior parte dos meios de comunicação foram docemente contaminados de morte pela presença em seus conteúdos de militantes políticos e ideológicos fundamentalistas que não desejam informar os ouvintes, telespectadores e leitores, mas ao contrário desejam conquistar seus corações e mentes para os seus desígnios. E, finalmente, os meios de comunicação, na busca desesperada pela audiência, vêm tratando os consumidores de seus produtos como pessoas que jamais ultrapassam os 12 anos de idade mental, virtuais debilóides, oferecendo-lhes permanente culto às celebridades acompanhado de doses maciças de jornalismo do tipo mundo cão. Quando a informação se transforma em mera guerra pela audiência, o que significa, claro, ignorar ética, objetivos do jornalismo e outras questões teóricas de menor importância, a primeira vítima é a verdade, como ocorre em qualquer guerra. E aí, senhores, Fernandinho Beira-Mar vale ouro, assim como qualquer quadrilheiro de sucesso. É assim, via conteúdo, que os meios de comunicação se tornam em forças auxiliares da violência e do crime.
* Jornalista

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