Pesquisas por amostragem são confiáveis?

Por Amir Machado Guimarães, para Coletiva.net

Pois é, nos dias de hoje, principalmente em função das eleições, essa é uma pergunta recorrente. Antes de responder, gostaria de fazer algumas considerações sem cair em tecnicismos chatos que acabam por afastar o leitor.

Vivemos na era da informação, temos pressa. A dinâmica social exige informações rápidas e assertivas, e neste cenário a pesquisa por amostragem é uma ferramenta poderosa, desde que usada com apuro técnico e bom senso. Imaginem vocês, se fôssemos fazer um censo para as eleições, ou seja, pesquisar toda a população: seria muito caro e demorado.

Um dos exemplos clássicos de uma pesquisa por amostragem vem do nosso cotidiano e sabem qual é? O bom e velho exame de sangue. Uma minúscula porção de sangue é suficiente para obtermos resultados extremamente precisos. Ou seja, os resultados obtidos em uma pequena porção são suficientes para representar fielmente o todo.  E vocês sabem o porquê desta eficácia? O sangue é igual em todo o seu volume.

Aí está uma questão fundamental em pesquisas por amostragem: conhecer com profundidade a população a ser pesquisada. Quanto mais homogênea for a população em determinada característica (por exemplo, a renda familiar), menor a amostra, e quanto menor for a homogeneidade, maior deverá ser o tamanho da amostra, para obter resultados mais confiáveis. Por exemplo, se uma empresa pretende lançar um produto e precisa saber a renda familiar, ela não vai pesquisar apenas no Moinhos de Vento, pois a renda média obtida vai ser bem maior. Ou seja, ela deverá coletar informações nos demais bairros da cidade para ter um resultado que represente a realidade. Este exemplo da renda mostra que é fundamental que a técnica de coleta dos dados amostrais seja feita da maneira mais aleatória possível, de forma a representar o todo. Aí entram os estatísticos, esses loucos por números, que vão fazer estudos, análises, para obter uma boa amostra que gere resultados confiáveis.

E a pesquisa para intenção de voto, é confiável? Ela seria como qualquer outra que tenha sido feita com a técnica adequada, não fosse um aspecto, a meu ver fundamental: a volubilidade do eleitor brasileiro em relação às suas convicções. São muitos os fatores que podem influenciar na escolha do eleitor, podendo gerar um viés que acaba contrariando os resultados obtidos na pesquisa: será que quem tem internet vota do mesmo jeito de quem não tem? A família pode influenciar? Difícil responder.

Para finalizar e não deixar a pergunta sem resposta: em termos gerais, como ferramenta, eu acredito na eficácia das pesquisas por amostragem, na qualidade de seus resultados, desde que, é claro, tenha sido utilizada a boa técnica. Agora, em se tratando de pesquisas eleitorais, considerando a volubilidade do eleitor brasileiro, prefiro olhar para as minhas convicções.

Amir Machado Guimarães é estatístico.

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