Reality news

Por Eliziário Goulart Rocha O sucesso de programas como o Big Brother Brasil depende, basicamente, da identificação imediata do público com determinado participante, para …

Por Eliziário Goulart Rocha
O sucesso de programas como o Big Brother Brasil depende, basicamente, da identificação imediata do público com determinado participante, para o qual passa a torcer, e a escolha do antagonista, aquele contra quem torcer. Não é só isso, é claro. O estímulo ao acasalamento de espécimes jovens, malhados, com hormônios demais e neurônios de menos, capazes de pronunciar dezenas de palavrões por minuto certamente contribui bastante para os índices de audiência.
A celebrização instantânea do elenco torna-se ainda mais importante pela competição direta com a Casa dos Artistas, na qual, para o bem e para o mal, os integrantes são conhecidos. Tal necessidade primordial de elevar desconhecidos à condição de ídolos populares em curtíssimo prazo provoca perigosas distorções nos noticiários considerados sérios. Editores existem para selecionar o que de mais importante ocorreu entre uma edição e outra e expor estes fatos ao público. Natural, portanto, que as pessoas partam do princípio de que todas as notícias veiculadas merecem ser publicadas, como prega o centenário slogan do New York Times. A menos que esteja consumindo uma revista de fofocas, um tablóide sensacionalista ou um programa televisivo na linha do TV Fama, da Rede TV. Nesse caso, a fronteira entre jornalismo e assemelhados é bem distinta.
Não integro o clube dos anti-Rede Globo, para os quais tudo que vem dessa emissora é visto com desconfiança. Ao contrário, a Globo produz programa de altíssimo nível também, faz um jornalismo em boa parte do tempo conseqüente e proporciona entretenimento de qualidade a todas as idades, das minisséries ao Sítio do Pica-pau Amarelo. Tampouco criou o Big Brtoher, fenômeno de audiência no mundo todo. É verdade que não precisava exagerar na baixaria, mas se há público, enfim. A questão é tratar entretenimento como entretenimento, e não como notícia.
Na prática, o trabalho do editor carece de meticulosidade. Todas as editorias deveriam preencher os espaços de acordo com a importância do assunto. Parece óbvio, mas não é. Como nem sempre as agendas são completas, criteriosas e atualizadas, e muitas vezes não o são, a decisão de privilegiar determinado tema passa pela eficiência das assessorias de imprensa, por pressões de todos os tipos, o gosto do editor ou o mero acaso. Isso é grave na chamada grande imprensa. Veículos segmentados ou de alguma forma dirigidos abrem mão na origem de preocupações do gênero.
Os reality shows não são importantes, mas são interessantes aos olhos da maioria. Diante da repercussão, Ignorá-los totalmente também não é o caso. Basta abordá-lo como curiosidade, e não como notícia. Já bastam aquelas tantas notícias que chegam a nós todos os dias e que, sem dúvida, parecem brincadeira.
Dedicado a Nilson Souza
( [email protected])

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