Será o fim do jornal de papel?

Por Dirceu Cardoso Gonçalves O “Jornal do Brasil”, uma das mais antigas publicações brasileiras, acaba de anunciar que, depois de 119 anos de circulação …

Por Dirceu Cardoso Gonçalves
O "Jornal do Brasil", uma das mais antigas publicações brasileiras, acaba de anunciar que, depois de 119 anos de circulação - começou em 1891 -, terá apenas a edição digital, publicada através da internet. A comunicação, feita oficialmente pela empresa na edição do dia 14, pode representar um grande marco na imprensa mundial. Há anos especula-se que o jornal e a revista de papel podem acabar. O raciocínio inicial era de que o fim seria determinado pela escassez de papel, mas a situação hoje vivenciada apresenta a variável da disponibilidade de outra mídia, mais barata e igualmente eficiente.
Os jornais de todo o mundo hoje possuem versões para a internet. Só não as têm aqueles que não quiseram, pois a tecnologia está disponível. O tradicional JB assume o risco da inversão, canalizando para o meio eletrônico a sua mais que centenária história. É um risco que, se der certo, poderá levar outras tradicionais casas de informação a fazerem o mesmo ou, pelo menos, aumentarem o seu potencial via web. Tempos atrás, um conceituado editor brasileiro, em entrevista televisiva, disse que pouco se importaria se um dia o papel acabasse, pois sua corporação não é produtora de papel, mas de conteúdo, que pode ser aplicado a qualquer veículo.
Já existem simulacros do que serão, no futuro, os jornais ou revistas eletrônicos. Por enquanto são peças desajeitadas, mas já é possível levá-las ao banheiro, como se faz com o jornal e a revista de papel. O avanço tecnológico nos permite raciocinar que, num futuro breve, teremos à disposição o sucedâneo ideal do papel que, além de ter a mobilidade para cumprir a função do material tradicional, poderá ser recarregado com novos e diferentes conteúdos. Não vão gostar disso apenas o jornaleiro e o carteiro, que perderão parte de suas funções, mas é a evolução, mudando conceitos.
Duas ou três décadas atrás, quando ainda não existiam satélites de comunicação, o mundo vivia em função da morosidade do tráfego das informações. Havia quem depositasse um cheque na cidade vizinha para manter o dinheiro (já gasto) na conta até que a operação se concretizasse. As notícias de um continente para o outro demoravam pelo menos o tempo de vôo entre o local onde aconteciam os fatos e o ponto de veiculação. No auge dos concursos de misses, a velha TV Tupi chegou a anunciar o dia inteiro que, num determinado horário, apresentaria o videotape do concurso de Miss Universo, onde uma brasileira concorria, mas, na hora anunciada, desculpou-se, dizendo que o vôo (que trazia as fitas) havia atrasado. Coisa impossível hoje, quando temos imagens em tempo real de praticamente todo o planeta e até o cidadão comum, mediante um simples acesso è internet, consegue colocar do outro lado do mundo uma foto (digital) captada minutos antes. É a aldeia global consolidada.
Espera-se que a velocidade das informações não beneficie apenas a imprensa. As grandes redes, que já servem o fisco e dão eficiência à cobrança de impostos, também têm de servir para fazer os serviços públicos chegarem mais rápida e eficientemente ao cidadão e tornar sua vida mais fácil. A internet pode ser o grande lar dos jornais, das revistas, das televisões e a ferramenta de redenção da população. Vamos esperar que isso, efetivamente, ocorra?

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