Sobre redes sociais

Por Dudu Carvalho

Sempre que vou ministrar um workshop sobre redes sociais, independente a região, recebo do público a mesma pergunta: como eu faço para ter sucesso e resultado de vendas no Facebook? Aposto que é isso que você também se questiona. Por incrível que pareça, mesmo sendo especialista nesta área, eu não tenho a resposta.

Mas eu convido você a esquecer um pouco o número de fãs e as curtidas, e refletir um pouco sobre o comportamento social que temos. Isso mesmo, pare e pense um pouco na maneira como eu e você agimos, pensamos e nos relacionamos com o próximo. Aquela pessoa que encontramos no elevador às 07h30 da manhã, ou aquele colega do trabalho que esbarramos no café, sem falar no vizinho que vemos diariamente na fila da padaria.

Hoje em dia é muito difícil de recebermos um bom dia sincero, um 'deixa que eu te ajudo com as sacolas', ou mesmo alguém que segure a porta do elevador até você chegar. Estamos tão presos nos nossos problemas e cartas pessoais, e acabamos esquecendo que ao nosso lado está outro ser humano, igualzinho a mim e a você, que está passando também por uma série de problemas, angústias e alegrias.

Às vezes, tudo que a gente precisa são 10 minutinhos de atenção para conversar, compartilhar ideias e ideais com alguém. Em um mundo tanta gente querendo dar opinião sobre tudo, somos pouquíssimos ouvintes.  Gostamos de discursar, falar das nossas conquistas, e opinar nas escolhas do outro, mas esquecemos de escutar. Existe um sábio ditado popular que diz: "Deus nos deu 2 ouvidos e 1 boca". Simples assim.

Pois bem, e o que tudo isso tem a ver com redes sociais e com a pergunta com a qual eu comecei este artigo?

Como o próprio nome já diz, uma REDE SOCIAL nada mais é, do que o nosso cotidiano social retratado na internet. Ou por vezes maquiado na internet - mas isso é assunto para outra reflexão. Hoje, vemos marcas e empresas que investem muito dinheiro para exibir seus produtos mágicos, inovadores, altamente tecnológicos e duráveis. Sem falar nas incríveis condições de pagamento. Mas aí, será que isso é importante para o consumidor?

Gostaria de saber quanto tempo essas mesmas marcas e empresas se dedicaram para entender a real necessidade e expectativa dos seus consumidores sobre seus produtos? Elas realmente pensaram em como seus produtos e serviços podem resolver um, dos muitos problemas da vida dos seus consumidores?

São poucas as empresas que se dedicam a escutar e compreender as angústias e problemas dos seus clientes. Na maioria dos casos, vemos páginas recheadas de promoções incríveis, produtos maravilhosos e 'ideais' para o seu público. Porém, este é um tipo de comportamento que o público já não compra mais. Dificilmente esta curtida será convertida em venda.  E o seu produto ou serviço maravilhoso na verdade corre o risco de ser mais um na multidão.

Precisamos oferecer em nossos canais digitais aquilo que o nosso público quer ver. E pra isso, faça o exercício de se colocar no lugar dele, e pensar como ele. As pessoas estão carentes de conteúdos relevantes, que realmente façam alguma diferença em suas vidas. Precisamos provar, diariamente, que entendemos suas angústias, seus desejos e que realmente queremos facilitar e melhorar o seu cotidiano. Só assim, a venda será uma consequência e realmente seremos notados nas redes sociais.

Se eu pudesse dar uma única dica hoje, seria: não crie sua página ou perfil pensando em vender. Pense e desenvolva um canal aberto com o seu público. Esteja disposto a ouvir o que ele tem a dizer e resolva seus problemas de vida, esquecendo um pouco seus maravilhosos detalhes técnicos. Humanize seu perfil ao máximo, interaja e trate com proximidade e emoção aqueles que deixam seu tempo de vida, em troca de um produto ou serviço seu.

Tempo de vida? Sim, TEMPO DE VIDA. A fala do ex-presidente do Uruguai, José Mujica, em um congresso em que estava palestrando, ilustra bem o que eu quero dizer com isso: "para comprar qualquer coisa que seja, independente do valor, empenhamos tempo de vida nesta relação de consumo (...) para termos dinheiro, precisamos trabalhar horas/dia para receber. Portando, quando consumir qualquer tipo de bem faça o seguinte exercício: quantas horas da minha vida tive que dedicar para conseguir ter o dinheiro suficiente para a aquisição deste produto ou serviço."

A reflexão apresentada por Mujica deixa explícito este contraponto social, onde precisamos ouvir mais, interagir mais, e realmente nos envolver com as pessoas que queremos como clientes e consumidores. Precisamos pensar mais no próximo e menos nas nossas verdades. A maioria das respostas para todas as nossas dúvidas estão nas ruas, no elevador, no ônibus, no trânsito ou corredor do seu escritório. Basta ter paciência e saber ouvir.

Assim, você terá sucesso em suas redes sociais e na vida. Pode acreditar.

Dudu Carvalho é especialista em Marketing Digital - [email protected]

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