Televisão: a guerra em belas imagens?

Por Aleco Mendes Parece que chegamos ao limite evidente da antieducação, anticultura e antiinteligência da população brasileira na televisão. Confira esta notícia divulgada dias …

Por Aleco Mendes
Parece que chegamos ao limite evidente da antieducação, anticultura e antiinteligência da população brasileira na televisão. Confira esta notícia divulgada dias atrás pelo próprio Coletiva.Net: "O Domingo Legal, programa apresentado por Gugu Liberato no SBT, é o campeão do segundo ranking da campanha "Quem Financia a Baixaria é contra a Cidadania". De acordo com a Agência Câmara, o programa foi o mais denunciado, com 157 reclamações, à Comissão de Direitos Humanos da Câmara. No primeiro ranking, divulgado em fevereiro, o programa que teve maior número de denúncias foi o Eu vi na TV, apresentado por João Kleber, da Rede TV, que neste ficou em 2º lugar, com 115 reclamações. Em seguida, com 97 queixas de espectadores, aparece o Big Brother, da Rede Globo, programa que a população considerou de forte apelo sexual".
Esta é a má-notícia que infelizmente ainda temos que aturar em razão da realidade da televisão brasileira! Quando haverá consciência em favor do crescimento intelectual do telespectador? Quando providências serão tomadas? O Brasil não está querendo ser uma grande potência da economia mundial? Isto já está mais do que batido, mas todos sabemos que uma grande nação começa pela educação e porque a televisão não ajuda? Isto está sendo uma gangorra, alguns programas até tentam levar algo bom a quem está do outro lado da telinha, porém alguns campeões da baixaria, como os citados acima, fazem o contra-peso. Assim não existe como ter crescimento!
Em primeiro lugar, vamos a uma definição de televisão, já que o brasileiro, costumeiramente, faz algumas trocas de papéis: televisão é a transmissão e recepção de imagens visuais mediante sinais eletromagnéticos. Não confundir, portanto, com televisor, que nada mais é do que o aparelho o qual recebe as imagens televisionadas.
A necessidade de colocar estes termos em seus devidos lugares mostra-nos a importância deste instrumento mágico, capaz de manipular opiniões numa sociedade através de suas ideologias. A televisão é o meio de comunicação mais difundido no mundo inteiro, e no Brasil poderíamos dizer que atinge aos quase 170 milhões de habitantes, já que o modo como a tecnologia de transmissão via satélite chegou, também permitiu o alcance da televisão às comunidades isoladas geograficamente.
As primeiras experiências de TV aconteceram, em 1923, nos Estados Unidos, e a primeira emissora do Brasil foi a TV Tupi (já extinta), que surgia em São Paulo no ano de 1950. Naquela época, as funções da televisão eram informar, orientar e entreter. Hoje, com uma sociedade capitalista em fase de globalização e políticas neo-liberais, aparece pelas entrelinhas das emissoras uma nova função: uma briga incessante pelo primeiro lugar na audiência. Juntamente com a TV a cabo, que surgiu no final dos anos 80, a TV aberta leva ao ar programas que inclusive agridem a inteligência do público.
No Brasil, a Constituição estabelece que a programação deve dar preferência às finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, sempre respeitando aos valores éticos da pessoa e da família. No entanto, as emissoras ainda não podem ser responsabilizadas judicialmente se não os obedecerem. Isto é, existem as leis normativas, contudo não há as leis punitivas. Um absurdo! Ao telespectador que se sentir atingido pela programação resta a alternativa de encaminhar representação ao Ministério Público. Vendo isto, chegamos à conclusão de que se democraticamente e respeitosamente usada, a televisão pode até salvar de grandes malefícios uma sociedade. Mas, em detrimento disto, ela se torna uma arma impune e perigosa em favor da antieducação, anticultura e antiinteligência da população brasileira.
* Produtor da Rádio Gaúcha

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