Traduzir a importância do campo por meio da comunicação rural

Por Cândida Schaedler, para Coletiva.net

A comunicação rural tem uma tarefa essencial a cumprir: aproximar o campo da cidade. Como? Valorizando histórias, levando em conta tendências de alimentação e enaltecendo a base da cadeia do agro, que é o produtor rural.

Aproximar o campo da cidade, dois polos que, geograficamente, podem até estar distantes, mas cuja importância transcende a quilometragem e é sentida em nosso dia a dia, seja quando nos alimentamos, nos locomovemos ou nos vestimos. Esta é uma das missões que a comunicação pode alcançar, por meio de conteúdo assertivo online e offline.

Traduzir o quanto o campo é essencial para a cidade é tarefa que compete à comunicação rural, tanto no assessoramento de empresas quanto na produção de conteúdo independente. No caso empresarial, se as agroindústrias e cooperativas compreenderem que os consumidores se preocupam, cada vez mais, com a origem do que consomem, não deixariam de investir em um modelo comunicativo que considere a trajetória das empresas e, sobretudo, o produtor rural - que é quem, na base, movimenta a cadeia do agronegócio brasileiro.

Nesse sentido, há algumas ferramentas que podem ser utilizadas. Que vivemos em um mundo que valoriza histórias, já não é novidade. O storytelling deixou, então, de ser um acessório nas estratégias de comunicação para virar protagonista - e a comunicação rural não pode ignorar isso.

Escrever, mais uma vez, que o agro está presente em nosso cotidiano sob as diversas formas soa óbvio. Porém, é preciso reforçar essa mensagem, uma vez que ela carrega o cerne da importância da comunicação rural - o que compreende conversar com o agricultor, com quem comanda agroindústrias e com quem mora na cidade, distante da realidade do campo. É preciso valorizar cada instância da cadeia, embora, no centro dos holofotes, esteja a produção da matéria-prima, e é aí que reside a chave do negócio.

Aproximar o campo da cidade não é uma tarefa simples, muito menos impossível. Uma das maiores oportunidades se apresenta, também, na sucessão rural e no público jovem, que é conectado e sabe utilizar a tecnologia a seu favor. Já foi o tempo em que o produtor rural era aquela pessoa que não tinha estudo. É preciso se atualizar constantemente para produzir com maior qualidade e atender às demandas de um consumidor exigente.

Participar de feiras é essencial, mas a ponta final da cadeia do agro - o consumidor - nem sempre está lá. Portanto, é necessário comunicar isso de modo assertivo via redes sociais, com conteúdos que vão além de mostrar o produto - mas que gerem encantamento e, assim, engajamento. Como? Voltamos ao ponto inicial: histórias. Elas é que proporcionam o brilho no olho e humanizam.

Trabalhar com agro não é, necessariamente, compactuar com práticas nocivas ao meio ambiente - muito pelo contrário. É valorizar um setor que deveria ser mais reconhecido pela sociedade, promover o turismo rural, o desenvolvimento de comunidades locais e a sustentabilidade ambiental. Assim, beneficia-se o mundo todo, que é atingido, diariamente, pelo que é produzido no campo. A comunicação tem essa força. Mais do que nunca, também essa missão.

Cândida Schaedler é jornalista e sócia-fundadora da Cultivo - Comunicação Rural.

Comentários