A Comunicação Preditiva é uma ferramenta estratégica para empresas que buscam não apenas reagir, mas antecipar comportamentos e decisões do público. Por meio da análise de dados públicos, do monitoramento de mídias e do uso de Inteligência Artificial (IA), é possível mapear tendências, prever cenários e calibrar mensagens de forma mais precisa.
Marcelo Molnar, sócio-diretor da Boxnet ? empresa de análise de dados e inteligência analítica ?, definiu a Comunicação Preditiva como uma estratégia que, por meio de um processo lógico e estruturado, tenta antecipar os efeitos de uma mensagem antes que ela aconteça. ?Antes, nós líamos, pensávamos e falávamos: 'tem chance de isso acontecer'. Hoje, temos ferramentas que lidam com uma maior abundância de dados?, salientou. A análise preditiva envolve não apenas o comportamento humano, mas também o contexto social e as circunstâncias que influenciam decisões, permitindo uma abordagem mais sofisticada.
A Comunicação Preditiva não trabalha com certezas absolutas, mas, sim, com probabilidades que permitam às empresas reagir a mudanças de forma ágil e calibrar processos com base em tendências reais e emergentes. Um dos conceitos que fazem parte dessa estratégia é a ?vantagem quântica?, que se refere à existência de múltiplos cenários coexistindo até que a realidade defina qual se concretizará. Molnar reforçou que esse processo é contínuo e adaptativo.
Como funciona a Comunicação Preditiva
Molnar relatou que o trabalho da Boxnet varia conforme o tipo de cliente. Para empresas públicas, o foco costuma ser no comportamento de massa, como eleitores ou cidadãos. No setor privado, o olhar tem um viés do indivíduo: identificar como uma pessoa reagirá a uma mensagem, qual decisão poderá tomar ou até mesmo como ela usará determinado produto. ?Toda Comunicação Preditiva é a capacidade de antecipar algum ciclo lógico do comportamento humano?, resumiu.
Sendo assim, o levantamento de informações é essencial para a análise preditiva. ?Nosso ponto de partida são dados públicos, aquilo que as pessoas falam?, contou. Isso é feito por meio do monitoramento de jornais, revistas, TV e rádio, bem como das redes sociais e de alguns grupos fechados, desde que haja permissão. O foco é criar clusters (aglomerados) de comportamento e mapear intenções. ?Toda informação tem uma intencionalidade, ainda que não explícita?, acrescentou.
Além disso, a base para o desenvolvimento do trabalho é textual, o que requer a transcrição de áudios e vídeos. Os dados obtidos são enriquecidos com metadados: ?Fazemos uma rotulação. Ela vai depender do jornalista que produziu o conteúdo, da fonte, do horário, do tema, das marcas ou das entidades envolvidas?. Desse modo, a partir de um bloco de texto começam a ser feitas anotações que, por sua vez, também recebem anotações. ?É infinito. Quebramos tudo em pedaços para criar novas conexões?, mencionou.
A criação destes cenários alimenta a equipe corporativa com insights que orientarão decisões estratégicas. Além disso, com o auxílio dos Large Language Models (LLMs) ? sistemas de Inteligência Artificial ?, as informações são analisadas de forma mais profunda, aumentando a assertividade. ?Você consegue enxergar aquilo que antes não via, ver conexões onde, no primeiro momento, pareciam não existir. Mas será que essa conexão é real? Será que ela é percebida? Ou será que inconsciente? Isso também não sabemos?, ponderou.
Do insight à vantagem
Molnar salientou que, apesar do trabalho da Boxnet ser voltado à Comunicação Corporativa, vários dos resultados obtidos por meio das análises de dados preditivas podem ser bem aproveitados em estratégias de Marketing. ?Surgem alguns insights que indicam determinadas tendências. Às vezes são só ruídos ou sinais, mas que podem trazer vantagens?, explicou.
Inclusive, o setor de Saúde é um dos que mais se beneficiam da Comunicação Preditiva por lidar com dados complexos sobre comportamento, estética, longevidade e uso de medicamentos. Por ser um assunto que está sempre em alta, há uma maior riqueza de informações e de relevância. ?Hoje se fala muito do Ozempic e do Mounjaro. Então podemos imaginar: 'Será que todo mundo um dia vai ter o Índice de Massa Corporal (IMC) dentro do padrão?'?, exemplificou.
Papel da IA nas análises preditivas
A IA generativa tem se mostrado uma aliada estratégica na Comunicação Preditiva. Segundo Molnar, agentes inteligentes automatizam processos, garantindo consistência, escala e velocidade na produção de cenários. Contudo, a capacidade de validar essas informações ainda é humana. ?A produção é muito rápida. Antes tínhamos dificuldade em produzir, hoje temos dificuldade em ler o volume de conteúdo que a Inteligência Artificial fez?, apontou.
Isso afeta a composição das equipes que trabalham com análises preditivas. ?Antes, contratávamos pessoas de média qualificação para produzir e uma pessoa para supervisionar. Era uma cadeia com muitas hierarquias até chegar na mão do líder ou da pessoa mais experiente?, detalhou. Contudo, essa camada intermediária está desaparecendo: ?O que precisamos agora é de pessoas capazes de analisar se a IA está coerente?.
Em um ambiente corporativo cada vez mais dinâmico, a Comunicação Preditiva mostra-se essencial para transformar informações em ações estratégicas. Embora a tecnologia, especialmente a Inteligência Artificial, amplie a escala e a velocidade da análise, a interpretação humana continua sendo crucial para validar cenários e extrair insights relevantes. Assim, empresas que investem nessa combinação de dados, tecnologia e expertise têm mais chances de antecipar tendências, melhorar a interação com o público e gerar resultados consistentes.
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