"O nome dela é?"

Por Cris De Luca

Se você não sabe completar essa frase, faça um favor a si mesmo: não tente encontrar essa música porque por um bom tempo ela não vai sair da tua cabeça. O hit do momento, com direito a matéria no Fantástico deste domingo, está por todos os lados, não tem jeito de escapar. Se tu vais passando os stories, tem pelo menos duas pessoas que tu segues que vão estar falando sobre ele, as crianças não param de cantar, tem gente no Twitter que já mudou o nome para Jenifer do Tinder e por aí vai.

Todos os anos, principalmente, no Verão, no Carnaval, surgem esses refrões pegajosos que não há Cristo que tire dos nossos ouvidos. Mas será que existe uma fórmula mágica para que uma música viralize, ou é algo aleatório? O certo é que nunca mais as pessoas irão esquecer a Jenifer. E, pelo menos para mim, é lógico que grande parte do "sucesso" disso vem em função das redes sociais digitais. Não tem como pensar diferente.

Música, vídeos, gifs e memes. Por que uns emplacam e outros não? Ou melhor, por que uns engajam milhares de pessoas e outros não? Não sei para vocês, mas para mim é muito claro que algo só viraliza se as pessoas identificam a importância do compartilhamento, seja para disseminar a informação ou apenas para se divertir. E como as organizações e marcas podem usar isso a seu favor? Não, não estou falando de usar a Jenifer na comunicação do negócio. Se bem que se fizer sentido e todos os direitos autorais forem pagos, não vejo problema nenhum nisso. Vide o uso que a Coca-Cola fez. Mas como criar seus próprios conteúdos para gerar um engajamento tão absurdo que chegue a viralizar?

Lembro que uma das instituições de ensino superior com a qual trabalhei tinha uma disciplina que tinha como objetivo ensinar o povo a fazer vídeos virais. Sempre fiquei intrigada com ela porque queria entender como funcionava (não tive essa oportunidade na época). Pelo jeito, existe, sim, uma fórmula, mas acho que não deve ser tão mágica assim porque nunca chegou até mim, de forma orgânica, um vídeo produzido por eles. Fora que, na minha concepção de viral, o conteúdo tem que alcançar milhões de pessoas e, de preferência, até sair do ambiente digital.

Mas aí tem aquele dilema, algumas organizações e empresas não entregam nem o feijão com o arroz no conteúdo e estão querendo "lacrar" na Internet? Sim, por mais incrível que pareça. Muitas vezes, as comunidades das marcas não têm suas necessidades básicas atendidas, mas, enquanto isso, a equipe de comunicação e marketing, a agência e afins, estão tentando criar algo surreal porque acham que assim vão ficar mais conhecidos e vender mais, sendo que nem sempre uma coisa leva a outra. Conteúdo tem que ser original e autêntico. É assim que ele engaja. E é assim que ele pode chegar a viralizar.

Até porque, vamos combinar, só existe uma "O nome dela é Jenifer" no meio de centenas de outras músicas. Não podemos pensar em viver com um único hit. Parece uma coisa muito básica para se dizer, né? Pois é, mas cada vez mais estou vendo as empresas e marcas, principalmente as pequenas, pensando no curto prazo e deixando o médio e o longo prazo de lado. Uma Ivete Sangalo ou uma Anitta não são construídas do dia para a noite. Tem muita música que flopa no meio de tantas outras medianas e alguns sucessos. O importante é saber como surfar a onda quando ela crescer e entender que o relacionamento com a comunidade e com os demais públicos é que vão dar sustentação para quando a maré estiver baixa.

Autor
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Marketing e mestre em Comunicação - e futura relações-públicas. Possui experiência em assessoria de imprensa, comunicação corporativa, produção de conteúdo e relacionamento. Apaixonada por Marketing de Influência, também integra a diretoria da ABRP RS/SC e é professora visitante na Unisinos e no Senac RS.

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