A necessidade de estar por dentro de tudo

Por Cris De Luca

Sabe aquela história que todo mundo comenta que hoje a gente sofre da síndrome de não dar conta de tudo que está acontecendo de novo no mundo, que parece que a gente está sempre atrasado se não leu determinado autor, se não participar de tais e tais eventos e por aí vai? Quem não fica aflito de ver as redes sociais atoladas de colegas de mercado participando de cursos, palestras e eventos e não fica pensando o que será que falaram por lá, o que será que eu perdi? Confesso que aconteceu isso comigo no último final de semana.

No ano passado, quando aconteceu o Black Sheep, uma grande amiga minha casou no mesmo dia. Até minha inscrição eu tinha feito, mas prioridades. E, mesmo que muitas vezes tenha colocado a minha formação e networking na frente de outras áreas da minha vida, não tinha como fazer isso dessa vez. E não é este ano aconteceu quase a mesma coisa! Meus pais vão viajar agora no mês de setembro e este era o único final de semana no qual conseguiríamos reunir eu e meus irmãos ao mesmo tempo em Santa Catarina. Claro que sentada no sofá da sala no sábado, fiquei bem louca vendo a timeline do Facebook com deus e a virgem por lá mostrando o que estava rolando. Era check in em cima de check in e me deu até um princípio de taquicardia. Aí olhei pra trás no fuzuê que estava e pensei: mas aqui tem comida de mãe e vinho do pai.

Nós vivemos ansiosos. Não pelo o que temos e queremos aprender e viver, mas pelo que não conseguimos fazer. Queremos abraçar o mundo, mas ao mesmo tempo não conseguimos lidar com o esgotamento que isso provoca fisicamente e mentalmente. Quantas vezes a gente surta ou pifa por causa disso. Ou entra num processo depressivo por não dar conta de tudo e toca remédio para dentro para acalmar, para focar, para ter mais energia e por aí vai.

Tenho decidido cuidar melhor da minha saúde, a mental, principalmente, e me permitir deixar de fazer um curso que eu sei que vai ser maravilhoso para curtir uma festa com os amigos, deixar de ir num festival com muito conteúdo incrível para passar o final de semana na casa dos meus pais com os meus irmãos. Ir até Criciúma para poder dar um abraço em uma amiga de infância no aniversário dela, mesmo com um monte de coisa para fazer. Lembrar que tem um TCC pela frente e que por mais que eu queira fazer outras mil e uma coisas, a prioridade é terminar a faculdade de uma vez.

Às vezes, a gente vai fazendo as coisas em looping sem parar para escutar o que o nosso corpo está dizendo. Não, você não precisa dar conta de tudo. Não, você não precisa ser forte e foda o tempo todo. Não, ninguém pode te recriminar e te olhar torto por escolher ficar em casa enrolada nas cobertas em vez de ir para o meio de mil pessoas tentar fazer networking. Pare e aprenda a se escutar. É um exercício diário. Não é fácil, mas é o mais saudável. E sem saúde, mesmo que tu queiras, não vais conseguir dar conta do que é necessário e prioritário. Estou em fase de aprendizado ainda. O esgotamento já tomou conta de mim algumas vezes e pifei bonito, ou melhor, feio. Sabe aquela máxima que se a gente não para, o corpo dá um jeito de parar a gente. Não tem verdade maior. Se cuidem e se divirtam pelo caminho! É isso que vale nessa vida!

 

Autor
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Marketing e mestre em Comunicação - e futura relações-públicas. Possui experiência em assessoria de imprensa, comunicação corporativa, produção de conteúdo e relacionamento. Apaixonada por Marketing de Influência, também integra a diretoria da ABRP RS/SC e é professora visitante na Unisinos e no Senac RS.

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