A política das relações e das diferentes opiniões

Por Grazi Araujo

Mesmo sendo uma pessoa cheia de opinião para quase tudo, nunca fui muito radical, se é que posso dizer assim. Não precisa ser sempre oito ou 80, dá para fazer uma média disso. Sei lá, acho que é também uma questão de manter bons relacionamentos, muito mais importante do que discutir o sexo dos anjos. Acho que estou dando muito giro e não me posicionando. Mas não, eu não fico em cima do muro. Só não saio colocando nas redes em quem vou ou não votar. Tenho minhas preferências que os amigos mais próximos sabem e o que não faz com que deixamos de conviver em harmonia, caso tenhamos escolhas distintas. Tudo tende a ser grenalizado, que coisa mais doida.

Neste ano, especialmente, me parece que há um fanatismo e uma rejeição meio fora do comum. É um #elenao para cá, um #elesim para lá. Ou os que defendem o candidato de fachada, só porque tem um outro que governa de dentro de uma sala com poucos metros (ah, e nem roubou tanto assim, dizem alguns). Tenho, ainda, os amigos que não se posicionam porque têm até preguiça de responder o que vai vir de comentários, outros que pensam mais parecido com aqueles que votam em candidatos do centro, mesmo que diferentes. Esses não costumam ser tão extremistas. Onde está escrito que precisamos mesmo nos posicionar publicamente, já que o voto ainda é secreto?

No meio de tanta diversidade de opiniões expostas nas redes sociais, tenho ouvido falar que está rolando muito unfollow. Teve quem tenha discutido nas redes e cortado relações, de verdade. Discussão real, daquele lance de decepção: "Ah, me enganei com fulano. Ele sempre foi legal, mas vai votar no candidato aquele. Não quero manter relações com gente assim." Ou, então, quem fale de feminismo, (des)armamento, preconceito e blá blá blá. É tanta coisa que, por vezes, acaba até chamando mais a atenção para o que não se quer. O discurso público pelo politicamente correto não significa - infelizmente - que as pessoas cumpram e pensem aquilo à risca, não sejamos hipócritas.

Galera, não é catequese. É visão, vivências, oportunidades, chances e até decepções. A gente está confiando algo para pessoas que nunca vimos na vida e até para os que vimos algumas vezes, mas né, cada um na sua. É um tiro no escuro, difícil admitir isso. Política sempre foi de extremos, talvez por isso que ainda estejamos tão distantes de sermos melhores como sociedade. Precisamos de mais espaços para torcida mista na política para que possamos (con)viver com mais harmonia.

Autor
Grazielle Corrêa de Araujo é formada em Jornalismo, pela Unisinos, tem MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político, na Estácio de Sá, pós-graduação em Marketing de Serviços, pela ESPM, e MBA em Propaganda, Marketing e Comunicação Integrada, pela Cândido Mendes. Atualmente orienta a comunicação da bancada municipal do Novo na Câmara dos Vereadores, assessorando os vereadores Felipe Camozzato e Mari Pimentel, além de atuar na redação da Casa. Também responde pela Comunicação Social da Sociedade de Cardiologia do RS (Socergs) e da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). Nos últimos dois anos, esteve à frente da Comunicação Social na Casa Civil do Rio Grande do Sul. Tem o site www.graziaraujo.com

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