As capas voadoras

Geralmente, as pessoas vão ao cinema para desaparecer. Deixar de viver a própria vida e buscar uma saída. Como em videoclipe, as capas voam …

Geralmente, as pessoas vão ao cinema para desaparecer. Deixar de viver a própria vida e buscar uma saída. Como em videoclipe, as capas voam sobre mim quando em uma livraria. E, em livrarias, cada ritmo de percepção quem faz é o leitor em seu estilo pessoal. Como já não existem muitas pessoas calmas (se alguma vez existiram), em geral, o ritmo de perceber capas de livro pode ser alucinante. As escuras são as mais corajosas. As vermelhas, têm mais sangue, e as iluminadas com iluminuras bordam, marulhadas pelas letras. Quem suporta a carga de percepção em uma livraria?
Retorna a Feira do Livro em Porto Alegre e, se o melhor é esperar a festa, estamos no auge do evento. Faço um desafio ao interleitor: procure, nesta feira, saber quem fez as capas dos livros, pois elas são obras independentes. Obviamente, teremos antes o conteúdo, porém as capas antecipam jograis. São jograis murais.
Desta vez, espero maior aconchego no ambiente da Feira, mais adequado ao leitor, que, somente assim, terá alguma chance de administrar com mais tranqüilidade seus ritmos de percepção.
Alguém já disse: se isto fosse escrito por um jornalista, eu não levaria a sério, mas se por estudioso, ou escritor, devo sempre dar ouvidos. Assim sendo, darei olhos às capas, às orelhas e aos miolos dos livros. E, na Praça, fica sempre melhor.

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