Políticos no paredão

      Mesmo um programa como o Big Brother pode nos dar algumas idéias. Se os reality shows fazem tanto sucesso de público exibindo cenas íntimas …

      Mesmo um programa como o Big Brother pode nos dar algumas idéias. Se os reality shows fazem tanto sucesso de público exibindo cenas íntimas entre desconhecidos malhados, por que não utilizar políticos conhecidíssimos e malhados, embora no outro sentido? Imaginem a participação popular na hora de escolher quem vai para o paredão: Quércia ou Maluf? ACM ou Jader? As combinações são infinitas. Trata-se de elenco inesgotável e afeito a disputas do gênero. Alguns, inclusive, já mandaram vários inimigos para o paredão. Literalmente.
      No programa a contenda não pode ser resolvida a bala, mas o líder da semana teria a chance de se livrar de inimigos mediante mera comunicação ao Pedro Bial. Vendeta em rede nacional. O sonho de todo coronel da era globalizada. E como a tevê permite licenças poéticas, haveria até o anjo, cujo poder de barganha se assemelharia ao de um relator de CPI.
      O cenário, é claro, seria o próprio Congresso. Em vez de edredons, gabinetes. Cenas picantes são fundamentais, mas isso não seria problema para homens acostumados a fazer com o país o que o Dhomini supostamente fazia com a Sabrina.
      O Sílvio Santos já levou ao ar um Show do Milhão só com políticos. Inteligente e bem-humorado, o apresentador certamente sabia que abundariam as gafes e o programa seria um sucesso. Tamanha ausência de neurônios só foi igualada pelo especial que Sílvio fez com os cantores pseudosertanejos. Em ambos ao casos, audiência garantida, pois o público adora ver famosos ou nem tanto se dando mal.
      Um Big Brother com políticos lograria êxito ainda maior. A possível recusa dos patrocinadores em ter sua imagem associada ao elenco seria recompensada pelo próprio. Eles pagariam para aparecer. Ou quem sabe até promoveriam uma votação de emergência destinando verba para o programa. Só fico imaginando a cara do Pedro Bial.
* Eliziário Goulart Rocha é jornalista e escritor, autor dos romances Silêncio no Bordel de Tia Chininha e Dona Deusa e seus arredores escandalosos e da ficção juvenil Elyakan e a Desordem dos Sete Mundos.

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 Eliziário Goulart Rocha é jornalista e escritor, autor dos romances Silêncio no Bordel de Tia Chininha, Dona Deusa e seus Arredores Escandalosos e da ficção juvenil Eliakan e a Desordem dos Sete Mundos.

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