Presente de Grego

Era uma vez um dia em que eu quis dar à minha filha uma calça de presente. A tragédia foi que, talvez por sermos …

Era uma vez um dia em que eu quis dar à minha filha uma calça de presente. A tragédia foi que, talvez por sermos pouco criativas, isso aconteceu no dia 12 de outubro. Obviamente, para ficar ainda mais primária a nossa tentativa de confraternização, testei minha paciência ao limite. E venci. No outro dia, porém, estava com febre por tudo aquilo que havia segurado (ler esta palavra entredentes) naquele lugarzinho pequeno, com centenas de pessoas ao redor, caixas sorridentes, todos correndo. Ainda bem, não houve nenhum incidente. Era como estar dentro de vídeos tridimensionais, holográficos, reais, onde em cada um rodava um roteiro diferente. Com o casal novinho às minhas costas, a menininha escolhia tamborilando uma dúzia de mochilinhas. Escolhia uma. Não vamos levar, filha, segurou firme o pai até a menina desandar a chorar. Eram apitos nos corredores e o chorinho estridente da neném. A família da frente dizia que encontraram uma aliança de uma das irmãs no lixo seco e que agora iam vasculhar tudo de novo para encontrar um anel. O espantoso é que ninguém ao menos achou estranha aquela situação, no mínimo, insólita. Mas eu me controlei. Os apitos dos aporrinhadores contratados - tenho certeza - foram a causa definitiva da minha febre. Um lance de marketing, sabe? Sabe-se lá o que não havia em outras lojas. Quem pensa acontecimentos performáticos e recreacionistas como aqueles? Esta seria uma grande oportunidade para nós consumidores aproveitarmos um momento agradável entre nossos familiares. Nota-se, porém que são poucos os eventos criativos nos setores do comércio em datas assim tão importantes. Por tudo isso, não estou escrevendo sobre a Bienal neste espaço. Para azar ou sorte dos interleitores.

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