Que tudo se realize no ano que vai nascer

Por Márcia Martins

Esta é, definitivamente (sou muita fã desta palavra por considerá-la muito forte), a última coluna deste ano no portal. Recebi da equipe do site Coletiva.net a informação de que entraremos em recesso e só retomaremos as atividades no dia 3 de janeiro do próximo ano. Portanto, é chegado o momento de enumerar aqueles desejos de final de ano, de elencar as promessas possíveis e impossíveis para o novo período, de encontrar ânimo para enfrentar os 365 dias que se apresentarão e apostar todas as fichas nos melhores cenários para 2019. De imediato, gostaria que todos e todas tivessem sempre o básico e essencial para uma vida saudável: amor, paz, saúde, harmonia, dinheiro para comprar o necessário e coragem de recomeçar e acreditar todos os dias e noites.

Mas seria extremamente confortante se em 2019 não faltasse o alimento na mesa de todos e que as refeições pudessem ser momentos de diálogos entre os componentes das famílias. Sem a concorrência dos celulares que, na maior parte das vezes, roubam os poucos segundos e minutos de convivência dos parentes. Que no ano que vai nascer, as pessoas desenvolvam mais a compreensão em todas as relações sejam elas particulares, familiares e profissionais. Que incentivem a harmonia e entendam que, em algumas situações, um pequeno recuo é a melhor estratégia para vencer uma etapa. E que o respeito volte a ser exercido, não só pela sobrevivência do amor fraterno, mas, principalmente, para pautar todos os tipos de relações e trocas.

Nos 365 dias do próximo ano, que sobre mais tempo para os encontros com os amigos e amigas de todas as etapas das nossas vidas e que as desculpas sejam verdadeiras e os únicos motivos para cancelar tais compromissos. Que os finais de semana do novo ano sejam mais extensos a fim de acomodar todas as tarefas de lazer que os dias agitados da semana nos impedem de levar adiante. Que os dias tenham mais horas livres para as caminhadas nos parques, para as aulas de Pilates (que o dinheiro me permita retomar), para os cochilos depois do almoço (ah, eu gosto sim), para as reuniões de diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors), do qual faço parte, e onde exerço uma das atividades que mais gosto: a militância sindical.

Que tudo se realize no ano que vai nascer. E no rabisco dos novos dias e noites que irão compor o desenho de 2019, abunde a tolerância, a paciência, a empatia, a solidariedade, a tranquilidade em todas as situações, até naqueles embates mais tensos, e a coragem sempre para empreender e aceitar desafios mais audaciosos. Que tudo de bom, mas tudo mesmo, se realize no ano que vai nascer. E que a esperança vença o medo, que o amor seja sempre mais forte, que o ódio desapareça e que o cansaço não encontre guarida nos corpos e mentes exaustos ao final de um dia intenso e exaustivo de trabalho. E que o trabalho seja sempre fonte inesgotável de prazer, de dedicação, de entrega e de boa remuneração.

Como eu não poderia deixar de falar em política, desejo, do fundo do meu coração, e juro que estou sendo sincera, que as pessoas não se arrependam da escolha infeliz que fizeram ao votar no novo presidente do País. Que os eleitos para governar os estados consigam colocar ordem nas administrações e, especialmente, aqui nos Rio Grande do Sul, o escolhido reveja decisões equivocadas do governador não reeleito, principalmente o triste fim imposto à TVE, FM Cultura e demais fundações. E que as mulheres deixem de ser agredidas, violentadas, espancadas e mortas pelo simples fato de serem mulheres. E que os direitos humanos passem a ser preocupação de todos os políticos e não apenas a plataforma de poucos deputados e poucas deputadas.

Meu lado gremista deseja que o Imortal Tricolor ganhe mais títulos, que eu possa ir a mais jogos na Arena e que as mosqueteiras estejam sempre unidas (eu, Lessa, Carla e Liane). Que eu possa ir a mais shows com a Tia Lili, que as Seconetes promovam mais encontros e que eu tenha mais compromissos com meus amigos da Zero Hora (Lúcia e Marçal) e com os queridões do Sindicato (aqui cito o Jorge, companheiro de longas jornadas, e o Milton, amigo que a vida me presenteou). Ah, quero mais tempo com meu mano, mana, cunhada, sobrinhos, sobrinha e afilhado. E, evidente, todo o sucesso para a minha filha Gabriela, meu maior tesouro, minha melhor realização, e a parte de mim que seguirá meu caminho, certamente mais iluminado e mais realizado, aprimorando alguns passos em falso que trilhei.

Que em 2019, a saudade da minha mãe Mirthô não me derrube tanto, não me faça tão frágil, não me deixe tão entristecida e sirva de incentivo para eu tentar sempre me transformar em um ser melhor. Que as lembranças do mano Dedé sirvam de abrigo, amparo, carinho e ternura pelos doces momentos que compartilhamos. E, se isto for possível (acho que é), que a saudade do Dalai não me machuque tanto e que o Quincas Fernando Martins, cão da raça vira-latas de pouco mais de um ano que adotamos, deixe de achar atrativas as minhas canelas e seja mais receptivo aos carinhos. Tim-tim. Muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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